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Post by aquaphorrecords on Jan 31, 2020 16:16:34 GMT -3
Título: Error Artista: Elliot Data de Lançamento: 31 de Janeiro de 2020 Duração: 8 minutos e 15 segundos Gênero: Rap Diretor: Elliot, Spike Lee, Norma Claire, Sofia Coppola
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Post by aquaphorrecords on Jan 31, 2020 16:18:57 GMT -3
1903. A primeira vez que um homem branco observou um homem negro, não como um um “animal” agressivo ou força braçal desprovida de inteligência. Desta vez percebe-se o talento, a criatividade, a MÚSICA! O mundo branco nunca havia sentido algo como o “negro”. Um negro, um violão e um canivete. Nasce na luta pela vida, nasce forte, nasce pungente. Pela real necessidade de existir!
O que é ser “Error"? É ser o inverso do que os "outros" pensam. É ser contra corrente, ser a própria força, a sua própria raiz. É saber que nunca fomos uma reprodução automática da imagem submissa que foi criada por eles. Foda-se a imagem que vocês criaram. Não sou legível. Não sou entendível. Sou meu próprio deus. Sou meu próprio santo. Meu próprio poeta.
Me olhe como uma tela preta, de um único pintor. Só eu posso fazer minha arte. Só eu posso me descrever.
Vocês não têm esse direito. Não sou obrigado a ser o que vocês esperam! Somos muito mais! Se você não se enquadra ao que esperam… Você é um “Error”.
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Post by aquaphorrecords on Jan 31, 2020 16:35:10 GMT -3
“Meu nome é Elliot, tenho 10 anos, moro no Alemão. Eu jogo bola, sei soltar pipa, é... sei desenhar.”
E o que você quer ser quando crescer?
“Eu? Queria cantar”
Depois de sua introdução, o filme enfim começa, com o fim de Black Cash. O mesmo Elliot, que corria por um beco escuro e parecia ser sem saída. Não há instrumental, ouve-se apenas seus passos velozes, uma respiração extremamente cansada e ofegante, e um leve som de polícia no fundo.
Um solo de baixo é tocado, com samples de músicas antigas e blues. Durante o solo, o rapaz corre por uma intensa fumaça, e os créditos do filme vão aparecendo sobre a tela. Uma produção Aquaphor Films
Oh, yeah Woo! Everything, everything Everything's gonna be alright this morning Oh, yeah Everything's gonna be alright
Ao sair da fumaça, Elliot se encontra em um amarelo campo de trigo, onde ele caminha lentamente até um idoso negro e barbudo. Enquanto anda, Elliot narra:
Eu sou o primeiro movimento a formar pretos ricos O primeiro movimento que tornou pretos livres Anel no dedo em cada um dos cinco Vento na minha cara, eu me sinto vivo A partir de agora considero tudo error O samba é error, o rock é error, o jazz é error O funk é error, o soul é error, eu sou Elliot do Error Tudo que quando era preto era do demônio E depois virou branco e foi aceito, eu vou chamar de error É isso, entenda Jesus é error
Então Elliot chega ao encontro do idoso e o abraça. Após a narração, dá-se a entender que o idoso é ninguém menos que Jesus.
A cena corta para esse mesmo idoso, dessa vez em uma sala escura e com diversos metais expostos. Ele está sombreado, e traja um terno sério.
“A prata é um metal com poder de reflexão muito elevado. Do latim, significa brilhante. Nossa pele é de prata, ela reflete isso."
“Um brilho tão intenso que eu me pergunto. Porque o ouro é tão querido e a prata é subvalorizada?”
“Alguns hão de responder que é porque a prata é encontrada com mais facilidade. Reflita! O Brasil tem uma população de negros maior que de brancos. Temos menos valor por ser maioria? A ironia da maioria virar minoria. A prata é um metal puro. Eu realmente não entendo essa necessidade pela procura do ouro.”
A música retorna e um instrumental intenso domina a cena. O rapaz, da cena anterior, reaparece novamente em meio a toda fumaça. Nisso, ouvimos o instrumental de “Wakanda”, e uma estátua de prata começa a surgir pela tela.
Então, pessoas negras aparecem, e elas encaram a câmera com seriedade. Enquanto aparecem, Elliot canta: “Nós vive pela prata tatata tatata Nós mata pela prata tatata tatata Protegemos a prata tatata tatata Nós negros somos prata tatata tatata
Nós vive pela prata tatata tatata Nós mata pela prata tatata tatata Nós protege a prata tatata tatata Nós negros somos prata tatata tatata”
Finalmente, o instrumental ficou menos pesado e a letra de Wakanda começa a ser tocada, por cima da outra cena principal, em que Elliot corre pelas ruas. A forma que se intercala as cenas e instrumentais é inteligente. Ele parece ainda mais cansado, e corre desesperado.“Eu amo o céu com a cor mais quente Eu tenho a cor do meu povo, a cor da minha gente” A cena muda para uma igreja, onde Elliot anda pela igreja vazia e aclama uma imagem de Jesus negro. Há um jogo de câmeras espetacular, onde mostra-se a cena dele andando pela igreja por diversos ângulos. Com isso, Elliot continua a cantar.
“Jovem Basquiat, meu mundo é diferente Eu sou um dos poucos que não esconde o que sente Choro sempre que eu lembro da gente Lágrimas são só gotas, o corpo é enchente Exagerado, eu tenho pressa do urgente Eu não aceito sua prisão, minha loucura me entende”
Elliot para de correr e agora anda calmamente. Ele tem um sorriso bobo no rosto e seus olhos correm por cada canto, como se tivesse explorando um novo lugar. Ele chega até um jantar de família, e todos parecem extremamente felizes, o chamando. Ele também sorri e vai até eles. E então, aparecem novamente flashs de negros, mas dessa vez eles sorriem. Um deles é Elliot, extremamente feliz.
“Baby, nem todo poeta é sensível Eu sou o maior inimigo do impossível Minha paixão é cativeiro, eu me cativo O mundo é lento ou eu que sou hiperativo, oh?”
Então, se passam flashbacks, que acontecem antes da cena em que Elliot corre pelas ruas. Ele aparece dentro de uma casa humilde, se despedindo seus familiares e cumprimentando a todos. Ele também parece bastante animado e um pouco apressado. Esses familiares são os mesmos da cena anterior.
“Me escuta quem cê acha que é ladrão e puta Vai me dizer que isso não, não te lembra Cristo?”
Agora voltamos pra cena em que Elliot corre, agora na ordem cronológica. Os sons de sirene de polícia são ainda mais intensos, e a letra pesada se destaca.
“Me escuta quem cê acha que é ladrão e prostituta Vai me dizer que isso não te lembra Cristo? Vai me dizer que isso não te lembra Cristo?”
Então, a tela fica com iluminação menos azulada e mais alegre. Elliot aparece correndo em meio a uma comunidade, e as pessoas o olham.
E então acontece uma cena incrível, em que a música retorna em versos extremamente pesados em contraste com as cenas alegres, de crianças brincando na rua e se divertindo. Enquanto Elliot corre, um senhor até joga água de mangueira nele, fazendo-o o rir. Ele cumprimenta todos na comunidade, sorridente.
“Eles querem um preto com arma pra cima Num clipe na favela gritando: Cocaína Querem que nossa pele seja a pele do crime Que Pantera Negra só seja um filme”
Então, aparecem cenas do Elliot de 10 anos, que está no meio de vários livros e estuda extremamente focado. No fundo da biblioteca em que está estudando, há uma faixa escrita “Menos prisões, mais escolas”. Nisso, vêm mais versos com uma crítica incrível.
“Eu sou a porra do Mississipi em chama Eles têm medo pra caralho de um próximo Obama”
Então voltamos a cena de Elliot correndo, ainda na comunidade. A letra da música termina quando Elliot passa correndo sobre uma toalha com estampa de Jesus, pendurada sobre um varal da comunidade. Isso deixa uma mensagem forte.
“Racista filha da puta, aqui ninguém te ama Jerusalém que se foda, eu tô à procura de Wakanda, ah”
Então, em um jogo de câmeras, a iluminação volta a ficar azulada e Elliot vai parar em um apartamento, também humilde, onde tem alguns de seus amigos. Eles fazem um batuque semelhante a da religião umbanda, e se divertem. Todos estão na varanda deste apartamento, tendo uma linda visão da periferia. Alguns fumam, e Elliot também faz isso. Ele fuma e se diverte.
Então, Elliot aparece sem camisa em meio a um campo. A iluminação fica ainda mais azulada, e ele aparece soprando a fumaça do cigarro fumado na cena anterior.
Ele aparece correndo pelo campo, ele pula e sorri bastante, ainda com o cigarro em mãos. Ele também rodopia, se sentindo livre e integrado naquele lugar. Mas então, começa a chover e tudo fica mais escuro. Isso não estraga a felicidade de Elliot, que parece ter encontrado algo incrível. Ele parece impressionado e sorri.
É então revelado a nós essa tal coisa, que pode trazer diversos significados e faz referência ao filme Uma Odisséia no Espaço. No filme, o protagonista representa cada progresso da humanidade, enquanto esta cena faz alusão a autodescoberta de Elliot.
A câmera chega bem perto do rosto de Elliot, e a chuva molha seu rosto. Cada gota de água é brevemente focada, e a poesia de seu corpo sendo encharcado é bonita. Então, o clima nublado começa a desaparecer e uma imagem ensolarada e linda surge, iluminando Elliot.
Elliot vai se iluminando e se amando, até que ele encontra uma felicidade incrível. Ele passa a mão pelo corpo, dando a entender que se ama e se aceita como negro e que isso é incrível.
Então, voltamos a cena em que Elliot corre pelas ruas. Ele está entusiasmado e parecendo menos cansado. Os sons de polícia também param.
Elliot enfim chega ao lugar que precisava, e traz uma reviravolta impressionante. O clipe dá a impressão que Elliot está fugindo da polícia, pelas sirenes e seu desespero. Mas no fim, ele estava apenas atrasado pra aula de música. A ilusão de que um negro correndo é bandido é justamente o choque do filme, sendo que ele só queria ir pra sua aula.
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Post by aquaphorrecords on Jan 31, 2020 18:40:26 GMT -3
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