Post by butterflyeffectrecords on Feb 13, 2020 20:18:21 GMT -3
"As banshees são seres mitológicos bem conhecidos, uma espécie de fada da escuridão. Como isso se aplica a você?"
"Bom, os irlandeses acreditavam que as banshees eram fadas que estabeleciam uma conexão com uma família e portanto eram capazes de prever a morte de pessoas dessa família, não importa a distância ou o momento, e seu lamento, seus gritos e choros eram bem altos para que a familía que ela servia pudesse escutá-la e então saber que algum de seus parentes estava morto. Eu obviamente não antecipo a morte de ninguém mas acho que essa personagem que eu criei, Banshee, é ligada à sua própria família. Não a um bando de irlandeses, mas às pessoas que são como ela: as mulheres, a comunidade LGBTQ+, grupos que já foram tratados como algo negativo e acabaram sendo alvo de agressão e até morte, e como eu sou uma cantora, acho que é uma boa metáfora, entende? Assim como as banshees, eu também quero que minha voz seja escutada e que essas pessoas encontrem segurança nela independentemente da distância. Além disso, a escuridão me serve bem. Eu não quero ser como as fadas coloridas da música pop mainstream [risos]."
"Uau, isso é muito criativo e bem pensado! Mas por que o rock? Por que não o pop mainstream, que é geralmente o caminho mais fácil para o estrelato?"
"Em primeiro lugar, o rock sempre esteve presente na minha vida. Meu pai era segurança do Viper Room então desde que eu era criança, ele chegava de manhã depois de uma noite de trabalho com fotos de astros de hollywood e artistas rock e, bom, quem não se apaixona por eles? Sobre o pop, eu não tenho nada contra as divas mainstream mas acho que muitos dos temas que eu planejo discutir na minha música exigem uma abordagem mais rebelde, sabe? eu não consigo achar coerente falar sobre assédio sexual ou dependência química enquanto uma melodia alegre toca no fundo em um vídeo colorido ou sexualmente apelativo, não faz sentido pra mim. Uma vez, uma pessoa que eu admiro muito me disse que muitas vezes o caminho mais fácil não é o certo."
"Certo. E já que tocou no assunto dos vídeos, uma característica bem marcante em você é a sua imagem. O conceito visual que você escolheu trilhar não só na sua arte mas também nas suas vestimentas. O que a moda significa para você?"
"Eu gosto de pensar na moda como algo mais do que comercial, como uma expressão artística e, bem, pra mim, um dos maiores ícones da música que até hoje influenciam a moda é David Bowie. Ele sabia incorporar muito bem o feminino e o masculino em si mesmo e brincar com padrões e estereótipos de gênero e acho que é isso que eu faço também, ou pelo menos o que eu tento fazer. Quero ser imprevisível. Quero que numa manhã de domingo, todo mundo esteja se perguntando que vestido vou usar numa premiação e à noite me vejam chegar de calças. Uma das coisas que eu mais gosto nas banshees é que elas são capazes de se transfigurar. Elas podem aparecer sob uma forma intimidadora ou amigável, usando e sendo cores frias ou quentes e é isso que eu quero ser. Se David era o camaleão do rock, eu quero ser a banshee do rock."
"Você disse que incorpora o masculino e o feminino. Na sua opinião, isso tem alguma relação com a sua sexualidade?"
"De jeito nenhum. Eu gosto de incluir o masculino na minha estética justamente porque eu acho esse tipo de pensamento idiota e antiquado, homens e mulheres não têm que se vestir de acordo com o quem eles têm no meio das pernas ou com o que eles se identificam. Minha sexualidade só é definida por minha atração sexual, nada além disso. Meu estilo não-binário não é nada além de uma brincadeira que eu gosto de fazer na cabeça de quem ainda tem padrões de gêneros enraizados. É parte da minha arte mas também é uma diversão pra mim.
"Muito bem. Obrigado por atende ao nosso chamado, nos dizer algumas palavras e nos dar esse ensaio fotográfico magnífico! E não se esqueçam, o novo single de Banshee, Everybody's Fool, está disponível em todas as plataformas digitais."
"É isso aí, obrigado por me receberem!"