Post by andrewschaefer on Apr 2, 2020 15:48:04 GMT -3
Na divulgação do seu lead single de seu novo álbum de estúdio, Regret, a cantora e compositora romena Agatha Melina foi ao programa de rádio Earth & Sky nos Estados Unidos. Este é um programa que compartilha informações sobre ciência e a natureza. A grande convidada do dia foi a própria Agatha que falou um monte sobre o seu single, relacionando-o ativamente com a temática do episódio e do programa em si. Ela aproveitou também para divulgar Ambitions, parceria com a artista Brie que entrou para a mixtape Dark Diamond Music Vol. 1 gravada com Klaus Henderson.
“O que a gente sabe da realidade? Do universo? É muito fácil e eu vou responder: não sabemos absolutamente nada. Quer saber como eu sei disso? Bem, primeiro é preciso que você entenda uma coisa: nós interpretamos a realidade com os nossos sentidos. Sabe tudo o que você vê? Você está me vendo nesse exato momento na sua televisão, você está vendo as coisas ao seu redor, as cores. Isso são apenas fótons refletidos. Todos os objetos ao nosso redor têm a capacidade de absorver fótons, os quais são possuem determinados comprimento de onda. Entretanto, alguns comprimentos de onda não são absorvíveis pelo objeto, e tudo o que ele faz é refleti-lo de volta. Esses fótons chegam aos nossos olhos, onde temos os fotorreceptores que recebem essa luz e a interpreta como cores. E isso é facilmente comprovável. Fótons vêm da luz, se você apaga todas as luzes, a luz do Sol, a luz do seu quarto, literalmente todas as luzes. O que você vai enxergar? Nada, apesar de os objetos continuarem ali, você não vai enxergar nada porque eles não vão estar recebendo fóton nenhum e consequentemente não vão estar refletindo nenhum, então não vamos interpretar nada. Conseguem compreender como nossos sentidos são falhos e nem um pouco confiáveis?”
“E quanto ao que você ouve? Ondas mecânicas. Todo som é nada mais, nada menos do que ondas mecânicas que se propagam pelo ar e chegam aos nossos ouvidos, sendo interpretados como o que são. A prova de que os sons são tão falhos quanto a visão é de que simplesmente não se propagam no vácuo. O som precisa ter um meio para se propagar por se tratar de uma onda mecânica, e no vácuo ele não consegue. Já tiramos a luz, agora vamos tirar a atmosfera. Sem cores, sem sons. Sem visão, sem audição. O que te resta?”
“O olfato, o paladar e o tato, é claro. Mas todos estes sentidos também não são confiáveis, são todas interpretações de seu cérebro. As partículas odoríferas que chegam ao seu nariz são as mesmas que chegam ao nariz de todos, mas o que te garante que o seu cérebro não as interpreta de uma maneira diferente do que o das outras pessoas? O mesmo com o paladar, em que nossas papilas gustativas podem ter uma interpretação completamente deturpada dos sabores se compararmos a outras pessoas, e até mesmo o tato que parece tão certinho, não temos como ter certeza. Nunca saberemos se todos vemos, ouvimos, cheiramos, saboreamos e sentimos pelo toque as mesmas coisas ou se há uma coisa diferente para cada um. A realidade é uma ilusão e o quanto antes aceitarmos isso, menos crises existenciais teremos, é quase um fato. É uma ilusão porque não temos como saber a verdade, o que é realmente, todo o parâmetro que possuímos são os nossos sentidos que como eu já disse, não são confiáveis. Da mesma forma que existem ilusões de ótica que facilmente conseguem ludibriar nossa visão, existem ilusões para a audição e para todos os sentidos, fazendo com que não seja a melhor das ideias dizer que eles representam a verdade absoluta sobre o universo em que vivemos. Mas afinal de contas, depois de eu ter deixado vocês com essa pulga atrás da orelha e essa crise existencial, vocês querem uma explicação. Afinal, o que é a realidade, Agatha? O que é o universo em que vivemos?”
“Uma das teorias que eu mais gosto sobre o universo é a de que estamos vivendo em uma realidade simulada. Pode parecer muito viajado a princípio, mas é bastante plausível. Nós, neste mundo, conseguimos avançar tanto com a computação, criamos máquinas super rápidas com capacidades de armazenamento enormes. E estamos avançando cada vez mais nesse campo. Agora com a evolução dos computadores quânticos em que os processadores estão ficando tão pequenos que deixam de interagir com as leis da física convencional e passam a atuar no campo da física quântica, então não fazemos ideia de como será quando estas máquinas realmente estiverem na ativa. Já existem alguns computadores quânticos no mundo, mas nenhum ainda teve todo o seu potencial aproveitado. O que mais me instiga nessa área é que talvez possamos compreender melhor o experimental mental do Gato de Schrödinger. Para vocês visualizarem do que estou falando, é como se tivéssemos um gato em uma caixa e não sabemos se ele está morto, tampouco se ele está vivo. Só vamos descobrir ao abrir a caixa. Sem ter a caixa aberta, o gato está em um estado de “morto-ou-vivo”, ou como chamamos na física, um estado de superposição em que um evento sobrepõe outro e não temos como saber qual acontece até realmente observarmos. Esse experimental mental moldou toda a física e mecânica quântica como a conhecemos hoje, então eu acho que foi uma das contribuições mais importantes para a humanidade. Enfim, com um sistema tão complexo quanto esse, as coisas parecem estar além da nossa compreensão, principalmente porque é provado teoricamente que partículas em sobreposição só realizam algum evento quando vemos mais de perto, e isso é muito estranho. É como se o universo, a física quântica, as partículas subatômicas soubessem quando estamos as vendo ou não e não deixassem que víssemos com nossos olhos o estado de superposição. Quando as observamos, elas rapidamente tomam uma decisão, assim por se dizer, e o que vemos acaba sendo um dos eventos possíveis, e não o estado de superposição em si. Espera-se que os computadores quânticos funcionem da mesma forma. Os computadores atuais funcionam com uma base numérica de 0 ou 1, estima-se através de estudos computacionais de base científica, que os computadores quânticos possam ter até cinco estados. Para uma melhor explicação: quando falamos de sistema binário, queremos dizer que é 0 ou 1, é dessa forma que os computadores trabalham. 0 quer dizer desligado e 1 ligado. O que seriam os cinco estados, então? O que há além de ligado e desligado? É o que os computadores quânticos tendem a revolucionar e o que devemos descobrir em breve, assim espero.”
“Mas o que tudo isso tem a ver com realidade simulada, Agatha? É muito simples: se nós em nossa pequenez e simplicidade humana já conseguimos chegar a níveis de explorar a física quântica com processadores computacionais e atingir estados de lógica que nem ao menos compreendemos ainda, imagine o que uma civilização mais avançada poderia fazer. Nem falo de extraterrestres, mas uma raça como nós mesmo. O estado de superposição seria muito eficiente para algumas questões e evitaria uma série de códigos de programação desnecessários. Se tivéssemos o artifício da superposição com facilidade, poderíamos criar estas situações em que um evento sobreporia o outro e nunca saberíamos o que realmente tinha acontecido até abrirmos a tal caixa. Com um exemplo mais prático: você abre a geladeira da sua casa procurando por leite. Normalmente, se você comprou estará lá, se não, não estará. O estado de superposição nos ajudaria com estas duas alternativas. Você só vai descobrir se há ou não leite caso abra a geladeira. E, sim, este foi um exemplo terrível, eu não entendo muito bem disso, mas enfim, com esta capacidade computacional, criar uma realidade simulada como o mundo em que vivemos por exemplo, se tornaria muito mais fácil e muito menos complexo, o que torna essa possibilidade bastante plausível e coerente se você for parar para pensar.”
“O que as pessoas usam como prova contra a teoria da realidade simulada é a existência de números irracionais. Números irracionais são aqueles que tem infinitas casas decimais, ou seja, é impossível chegarmos ao seu final. Como isso prova que a teoria este errada? Bem, é muito simples: alguns números irracionais estão presentes na natureza, como o próprio número pi, que encurtamos para 3,14, mas na verdade ele tem infinitos números após a vírgula. Também existe aquele caso de um triângulo retângulo com ambos catetos com medida de um centímetro. A medida da hipotenusa seria a raiz quadrada de dois, que é um número irracional, e para que essas medidas fossem possíveis, seria necessário obviamente um armazenamento computacional infinito por consequência porque por mais que um número depois da vírgula ocupe pouco espaço de memória, infinitos números ocupam um espaço infinito e como ainda mais obviamente não existe um espaço de armazenamento infinito, é simplesmente impossível de que tudo o que nós vivemos, de que a área de um círculo, de que um triângulo retângulo com catetos de um centímetros sejam parte de uma realidade simulada meramente criada por cientistas em computadores.”
“Mas é aí que eu gostaria de introduzir a minha refutação: e se estivermos caminhando para descobrir o contrário? Que existe armazenamento infinito? Que o espaço de memória de um computador não é limitado? Os computadores quânticos estão chegando para revolucionar e existe tantas coisas sobre eles que não sabemos que é praticamente idiotice descartar qualquer possibilidade teórica do que eles podem fazer. A própria física quântica que é estudada há mais de um século ainda é um enorme mistério para todos cientistas, quem dirá computadores quânticos que só começaram a ter relevância da década passada para cá. Talvez a civilização que criou a humanidade, esta simulação, seja tão avançada que já conseguiu dominar a computação quântica e conseguiu ter espaço infinito. Talvez não exatamente espaço infinito, mas conseguiu algum jeito de representar números irracionais sem corromper o resto desse programa. É, não temos como saber, é inimaginável o que podemos fazer com essa nova tecnologia quântica na qual estamos entrando agora. Um dia pode ser que nós mesmos estejamos construindo a nossa realidade simulada, e aí?”
“Então as pessoas pensam: ah, mas se tudo é uma realidade simulada, então eu posso jogar tudo pra cima porque no final não vai ter nenhum significado mesmo. Mas não é bem assim. Tem significado sim, talvez não para os criadores da realidade simulada, mas para nós, aqui dentro, tem e muito. Eu disse que pode não ter significado para as pessoas lá fora, mas eu acredito que tenha porque ninguém se empenharia em construir todo um mundo virtual a troco de nada e as nossas ações aqui dentro devem ser muito vigiadas lá fora. Então não dá pra simplesmente chutar o pau da barraca, fazer tudo o que quiser e achar que está bem porque não vai estar.”
“É por pensamentos assim que o mundo está como está hoje, para falar a verdade. As pessoas esquecem que as coisas que fazemos aqui têm impacto aqui cedo ou tarde, já que este é o mundo em que vivemos, não importa se é uma realidade simulada ou não, é por isso que é tão importante que haja uma conscientização geral das pessoas para que compreendam a gravidade dos problemas que estamos enfrentando. Principalmente com o tão temido corona vírus que já virou uma pandemia e está cada dia pior, é um horror. Eu vim aqui pedir para que as pessoas enxergassem essa crise pela qual estamos passando e ficassem em casa, quero que as pessoas vejam o quão perigoso esse vírus e se preservem, não saiam sem necessidade e sempre lave bem aos mãos quando chegar em casa, isso é muito importante para evitar a disseminação dessa verdadeira praga.”
“E se o corona vírus faz parte da tal realidade simulada e os programadores colocaram ele aqui justamente para limpar os seres humanos burros, você ainda vai chutar o balde ou vai ser inteligente e se prevenir? Por favor, precisamos combater esse vírus, mas não podemos fazer nada se ele continuar se espalhando por aí através das pessoas que simplesmente não obedecem às ordens da Organização Mundial de Saúde. Está sendo um perigo para todo mundo, não só para os idosos ou para as pessoas que sofrem de alguma doença respiratório ou autoimune, é um perigo a todos os seres humanos pois caso vocês não saibam, a letalidade para todo mundo existe. Pode ser menor, mas ainda existe. Recentemente uma menina morreu na Inglaterra vítima do corona vírus, não dá mais para fingir que não é uma gripezinha de nada pois é um problema realmente sério.”
“É também disso que eu venho falar na minha música Regret. Um dia vai ser tão tarde que vamos olhar para trás, ver todas as besteiras que cometemos e perceber que estamos arrependidos de não ter feito tudo diferente pois não vai haver mais tempo para lamentações, será mesmo o fim da humanidade, ou a morte da natureza, como eu canto no single. É triste, mas a realidade está cada vez mais próxima de acontecer. É necessário que nós evoluamos agora e criemos responsabilidade pelo nosso lar, afinal de contas, é aqui que nós vivemos e ninguém gosta de viver com a casa suja e bagunçada. Precisamos já dar um jeito em tudo isso pois assim não pode continuar!”
Ao final de sua enorme fala, a rádio toca as músicas Regret, novo single de Agatha Melina e Ambitions, parceria da cantora com a cantora Brie para a mixtape que gravou com o produtor musical Klaus Henderson, Dark Diamond Music Vol. 1. Em seguida, a artista conta que a sua nova música, carro-chefe de seu segundo álbum de estúdio, já está disponível no Spotify e em todas as plataformas de streaming, bem como a mixtape Dark Diamond Music Vol. 1, que contém a faixa Ambitions.