Post by andrewschaefer on Apr 2, 2020 17:31:17 GMT -3
Para auxiliar na divulgação do single Regret, o qual lançou recentemente, a cantora e compositora Agatha Melina foi ao programa de televisão estadunidense The Ellen DeGeneres Show, no qual concedeu uma entrevista à apresentadora Ellen DeGeneres, falando sobre diversos assuntos como o lançamento da música, o Grammy que aconteceu nesse final de semana e algumas intrigas que marcaram o evento. Também foi promovido a faixa Ambitions em parceria com a cantora Brie, que está na mixtape Dark Diamond Music Vol. 1 na qual Agatha trabalhou na parte lírica, e com o produtor musical Klaus Henderson que ficou com a parte sonora.
Ellen: Nossa convidada de hoje é ninguém menos que ela que acabou de lançar um novo single e já está dando o que falar há muito tempo por aí. Isso mesmo, recebam com uma salva calorosa de aplausos, a cantora Agatha Melina! Seja bem-vinda, Agatha, tudo bem?
Agatha: Oi, Ellen, é um prazer estar aqui.
Ellen: Já faz tanto tempo que você não vem aqui, como andam as coisas? Aconteceu bastante na sua vida e na sua carreira desde o nosso último encontro, não é? Conta pra gente.
Agatha: Sim, aconteceu muito mesmo. Eu não sei se mencionei da última vez que estive aqui que eu queria romper com a minha gravadora.
Ellen: Acho que falou, sim. Acredito que tenha falado.
Agatha: Pois é, isso aconteceu logo após o final da Chaos Tour, que foi a minha primeira turnê. Eu rompi de vez, resolvi pedir demissão pois já estava afetando a minha saúde mental e preferi me prevenir.
Ellen: Eu lembro que você tinha comentado sobre querer ir a outros lugares mas acabou preferindo deixar uma turnê mundial para mais tarde.
Agatha: Sim, eu achei melhor ir nos outros continentes quando eu estivesse mais saudável, mais sã, e mais de bem comigo mesma, sabe? Eu quero muito que os meus fãs de todos os lugares do mundo assistam a um show meu, mas preciso estar no meu melhor momento para isso ou estarei arruinando o momento deles e no fim das contas, ainda mais o meu também. Preferi deixar que a Chaos Tour ocorresse somente na América do Norte e Europa e mais pra frente, eu farei a minha turnê por todos os outros continentes.
Ellen: Quais foram os episódios que te levaram a tomar essa decisão?
Agatha: Primeiro que eu sou geminiana, então eu tenho um espírito livre, eu sou um ser livre, e muitas vezes a gravadora tentava tomar decisões que iam contra o que eu queria. Na maioria das vezes eu batia o pé no chão, falava que não ia fazer, teimava e eles acabavam por ceder, mas muitas outras vezes não. Isso acabou ficando desgastante e eu estava muito cansada. O ápice foi quando simplesmente estragaram todo o plano de divulgação que eu tinha pro Chaos, quando me forçaram a lançar Volcanic como quarto single já no final de dezembro simplesmente por ter hitado. Também houve uma pressão dos fãs, mas o que me deixou frustrada mesmo foi a própria pressão da gravadora, queriam porque queriam que eu lançasse e não tive escolha por questões contratuais. No meu plano original, eu lançaria Emptiness como single e por fim Black Candles. Eu já tinha um plano de roteiro para os clipes e um protótipo de capa para os singles, mas eles decidiram simplesmente bagunçar tudo o que eu tinha planejado visando lucro. Isso me deixou bastante aborrecida. Eu já estava com turnê marcada logo para o próximo mês, então abracei aquele como o melhor momento para fazer este rompimento. Originalmente foi anunciado que eu estaria passando por todos os continentes, mas essa informação foi alterada assim que eu revelei sobre a quebra de contrato, passando apenas por América do Norte e Europa.
Ellen: E teve algum outro motivo em especial?
Agatha: Até que sim... Se eu fosse continuar a turnê, não poderia ser por agora, já que com essa pandemia do corona vírus, está sendo proibido na maioria dos países shows, concertos e aglomerações com uma certa quantidade de pessoas. Eu simplesmente estava impossibilitada de seguir de qualquer forma, então foi até bom ter parado por ali mesmo. Eu fiquei desesperada porque logo no dia seguinte em que me apresentei na Itália, o surto lá começou a ficar realmente desesperador, isso no final de fevereiro.
Ellen: Eu me lembro. Mas você fez o exame?
Agatha: Felizmente fiz, sim, Ellen, e não deu nada, ou melhor, deu negativo para o corona. Fiquei aliviada, mas ao mesmo tempo me senti culpada por ter feito um show em meio à pandemia. Muitas pessoas podem ter sido infectadas depois daquele dia, entende?
Ellen: Mas a culpa não foi sua, as autoridades ainda não tinham proibido concertos. Se não estou enganada, somente o carnaval de Veneza foi encerrado na semana passada, mas estas aglomerações ainda não haviam sido impedidas, então não tinha como você saber que o risco era tão grande, não precisa se culpar por isso.
Agatha: Pois é, mas ainda assim, eu poderia ter evitado... Ai, sei lá!
Ellen: Vamos falar de outra coisa para aumentar esse astral. Como está sendo com a sua própria gravadora, a Dark Diamond Music, que você abriu recentemente com o produtor Klaus Henderson?
Agatha: Estou colhendo ótimos frutos, Ellen. Fiquei feliz que as pessoas gostaram que nos deram um debut na quinta posição da Hot 20 com mais de trezentas e setenta mil cópias vendidas! Foi muito bom pra mim, eu espero que possamos continuar dessa maneira. Fora que o próprio single oficial do projeto, Dark Diamond, teve a sua estreia no top 20 da Hot 50, mais especificamente na décima nona posição. Ainda teve a faixa com a Williams que conseguiu ter um bom debut, obrigada, Williams, por participar desse projeto.
Ellen: Você acha que ainda há alguma possibilidade de outra faixa entrar nas paradas? Mesmo sendo esta a terceira semana desde o lançamento da mixtape. Acha que é possível?
Agatha: Não vou mentir, acho que sim. Ultimamente eu tenho visto muitas pessoas usando Ambitions, a música com a Brie, em vídeos do Tik Tok. Eu sempre recebo essas coisas quando usam minhas músicas. O Klaus também anda recebendo bastante, haha. Mas enfim, eu acho que se alguma faixa for estourar, com certeza será Ambitions e eu estou ansiosa para lançar este clipe porque foi muito divertido de gravar, a Brie é uma alma muito doce.
Ellen: Eu concordo. A música também foi muito bem elogiada pelos críticos pela sua letra que era cheia de poder. Como foi o processo criativo pra escrevê-la? Você teve ajuda?
Agatha: Na verdade, foi um pouco complicado. Eu escrevi versos para a Rose e para a Brie, mas a Rose acabou cancelando a parceria em cima da hora e tivemos que readaptar toda a música rapidamente para conseguir incluí-la na mixtape e lança-la a tempo, foi um horror. Eu escrevi versos baseados na carreira da Rose e baseados na carreira da Brie, então imagina o trabalhão que deu pra reescrever tudo tirando as partes da Rose. Tinha um verso ótimo tipo “I reborn like a black widow” e eu tive que descartar, uma pena... Mas alguns eu simplesmente não consegui deixar fora da música e simplesmente readaptei para que a Brie cantasse. Ela não se importou de regravar algumas partes e gravar as novas e felizmente deu tudo certo e a música acabou ficando melhor do que esperávamos, espero que seja um sucesso, haha.
Ellen: Mas a Rose deu alguma justificativa sobre o porquê ter desistido do nada dessa parceria? Muito estranho tudo isso...
Agatha: Eu também achei. Na verdade, ela nunca pareceu estar realmente afim de fazer isso, e quando chegou a hora de mandar os seus versos, ela simplesmente aproveitou a oportunidade para abandonar o barco que já estava velejando. Eu e o Klaus ainda tivemos que correr às pressas para editar aquela arte da tracklist e tirar o nome da Rose.
Ellen: Que absurdo, gente! Estou mesmo chocada!
Agatha: Pra você ver como as coisas são...
Ellen: Nós temos um outro tópico que gostaríamos de discutir com você neste momento, que é o Grammy deste ano.
Agatha: Haha, nem gosto de comentar.
Ellen: Eu sei, mas não vamos fazer nenhuma pergunta que vai te deixar constrangida. Se não se importa em responder, como você se sentiu após ser injustiçada daquela maneira? Todos os maiores portais de música apontavam você como uma das maiores vencedoras da noite e de repente a surpresa... O que você achou disso tudo?
Agatha: Ah, Ellen, eu me senti mal, vou te contar a verdade. Eu fiquei muito feliz por ter sido uma das mais indicadas, pelo reconhecimento, mas depois eu fiquei me perguntando se eu não estava naquelas categorias simplesmente para encher linguiça porque aparentemente eu não fui reconhecida em nada. Eu confesso e já disse em outras em entrevistas que acreditava que iria ganhar Song Of The Year, mas não aconteceu. Unholy foi a música que eu mais escrevi com alma e na minha opinião uma das melhores que já escrevi em toda a minha carreira, então eu tinha mesmo apostado as minhas fichas em sua vitória, que infelizmente não aconteceu. Mas eu nem ficaria triste por perder em uma categoria principal, visto que são apenas três e somente três artistas podem vencê-las, mas eu não venci nenhuma, achei isso muito chato mesmo, mas fazer o que? Fiquei feliz por algumas pessoas que venceram em algumas categorias e é isto, bola pra frente. Eu também não ganhei nenhum KMAs, e apenas um VMAs, eu acho que estou destinada a ser boicotada nas premiações, mas estou aprendendo a lidar com isso e não me importar, visto que estou fazendo minha arte porque gosto e não porque quero reconhecimento de velhos brancos e ricos que acham que sabem o que é música, haha. Realmente estou ficando em paz após estar aprendendo a não me importar com isso, está sendo melhor para mim e para a minha sanidade mental num geral, eu acredito. Fiquei irritada? Fiquei. Fiquei triste? Fiquei. Mas tudo isso serviu para meu crescimento pessoal. Em por falar em ficar irritada, eu vou até revelar aqui que eu fiquei mesmo muito brava, haha, tipo eu estava arrancando os meus cabelos depois da premiação. Algumas pessoas até vieram falar comigo, como o Kevin Whack, eu agradeço de coração por ele ter tirado uma parte do seu tempo pra conversar comigo, ele foi um anjo, haha, trocadilho. A Brie e a Rose também ficaram muito ao meu lado. Na verdade, eu acho que nunca disse isso, mas tenho um grupo no WhatsApp com a Nina, a Rose, a Brie e a Williams e nós estávamos contabilizando em tempo real quantos Grammy cada uma tinha levado. Eu e a Nina estávamos desesperadas quando chegaram as categorias principais e ainda estávamos de mãos vazias, mas ela conseguiu pegar o ROTY e eu não consegui pegar nada. Elas me ajudaram bastante a superar isso e a me dar forças para continuar fazendo a minha arte aqui porque eu admito que pensei muito em desistir, fiquei chateada. Inclusive estava pensando em chamar a Reiko para uma parceria chamada Empty Hands para lançar como zoeira mesmo por termos sido boicotadas, ainda não sei. Reiko, se estiver assistindo isso, me responda! Precisamos fazer essa piada, eu sei que você adora boas piadas assim como eu, haha! Aliás, quando vamos assistir animes de novo? Eu tenho um monte de animes para comentar com você. E tenho uns filmes ótimos também que eu adoraria recomendar. Ellen, dá pra gente fazer uma entrevista depois só com recomendações de filmes? Seria muito bom.
Ellen: Eu também adoraria falar de animes e filmes com você, mas precisamos dar prosseguimento à entrevista. Após você fazer esse desabafo sobre seus sentimentos, acredita que é um bom momento para você se pronunciar sobre os ganhadores do Grammy? Seria bom você expor a sua opinião sobre os vencedores, se eram a sua torcida ou não...
Agatha: Nesse caso, tudo bem. Por onde começamos?
Ellen: A vencedora de Best Music Video foi a Plastique Condessa com Am I Pretty Enough. Foi uma vitória justa na sua opinião?
Agatha: Essa categoria acredito que foi bem difícil de se decidir pois todos eram vídeos muito bons, então não tem como eu dizer que a Plastique não mereceu porque mereceu e muito. Toda a mensagem que ela se propôs a retratar no clipe foi incrível e ela fez isso com exímia maestria. Com certeza era um dos favoritos dos críticos na noite e não podia receber menos, né? Parabéns, Plastique, pelo Grammy.
Ellen: A Plastique também venceu a segunda categoria, ao lado da Lilith, na parceria Straight Men, onde elas foram indicadas e ganharam Best Remixed Recording. Você gostou dessa vitória?
Agatha: Não dá pra negar os impactos que Straight Men causou, ainda mais que conseguiu a primeira posição nas paradas mundiais. É uma música de poder e eu gosto disso, uma música que veio para incomodar e pelo visto incomodou bastante, mas acabou sendo muito positivo pois conseguiu um Grammy. Eu lembro que não havia gostado muito da versão original, mas aí anunciaram um remix com a Plastique e eu fiquei muito confusa porque até onde eu sabia, a Plastique e a Lilith eram brigadas, mas tudo bem. Quando o remix saiu eu tive certeza de que a música ia hitar, metade dos streams eu que dei. A Plastique trouxe um novo horizonte à canção que ficou bem melhor. Desculpa, Lilith, sua versão solo também é incrível, mas o trabalho que vocês duas fizeram conjuntamente na faixa em geral ficou infinitamente, incomparavelmente melhor, haha. Nem tenho como negar.
Ellen: E sobre a Vienna Lorenzi que ganhou Best Producer?
Agatha: Eu obviamente gostaria que tivesse sido o Klaus a ganhar essa categoria para dar mais visibilidade para a Dark Dimond Music, haha, mas não dá para invalidar o trablho magnífico que a Vienna anda fazendo desde o ano passado e agora mais recentemente com Stylish, acredito que ela está conseguindo se sair muito bem nessa indústria e ainda vai conquistar muito no futuro. Haviam outros indicados como o Apollyon, que naquele álbum mais recente conseguiu fazer todo mundo voltar os olhos para ele e aclamá-lo, mas já estava um pouco tarde. A Vienna veio se empenhando já há um bom tempo e merece o reconhecimento que acabou levando. Parabéns para a Rose e para a Nina Chain que também foram indicadas, gostei de ver as mulheres dominando uma categoria de uma área que geralmente é machista.
Ellen: O Apollyon pode ter perdido a categoria de melhor produtor, mas venceu na de melhor encarte com o Aphantasia.
Agatha: Não sei se posso opinar pois sofro de uma condição chamada micofobia que basicamente é o medo irracional de cogumelos, então eu me senti extremamente angustiada ao ver o encarte daquele álbum, mas se consideraram bom o suficiente para estar nessa posição de ganhador do Grammy, meus parabéns. Eu não sou a favor de premiarmos cogumelos, mas ok. Vamos para a próxima antes que eu comece a ficar ansiosa.
Ellen: Você gostaria de comentar sobre as categorias latinas?
Agatha: Não é exatamente o meu universo, mas eu conheço algumas músicas. Por que não? Pode mandar.
Ellen: Best Latin Pop Album teve como vencedora a Ozzy com “Nós”. Qual a sua opinião sobre isso?
Agatha: Eu acho que foi merecido porque é um EP muito bom. A Ozzy tem muito talento e potencial, eu vejo isso nela. Ela tá um pouco sumida por agora, mas tenho certeza de que vai fazer muito barulho quando fizer o seu comeback. Fico feliz que ela tenha saído vencedora dessa categoria. A Lily Olsen também daria uma ótima ganhadora, mas competindo com a Ozzy não tem pra ninguém, o Nós é incrível, muito bem pensado, muito bem escrito e muito bem produzido. Não é a toa que tem a mão da Kierah, aclamada em tudo o que toca, adoro ela.
Ellen: Best Latin Pop Solo Performance! A vencedora foi Ozzy novamente com o single “Você”. O que acha?
Agatha: Eu disse que a Ozzy era incrível! Ela varreu as categorias latinas mesmo, hein? Rainha. Como eu disse, a Ozzy é brilhante e ela ainda vai ser muito mais reconhecida do que está sendo, só precisa do single certo que vai fazê-la despontar para todo o mundo, não só para a América Latina. Digo, não sei se ela está feliz em estar trabalhando naquele espaço latino, talvez esteja, mas isso não vai mudar o fato de que cedo ou tarde o mundo vai estar com seu nome na boca, haha. Você é uma música incrível e uma das minhas preferidas do EP depois da faixa-título Nós e eu acho que mereceu ganhar essa categoria. 7 Mares não é a minha preferida da Lily, bem como Fuzuê não é a minha preferida da Lazuli. A Brinna e a Vitória tinham chances porque as músicas são muito boas, mas felizmente a Ozzy veio aí para levar o que é dela de direito, esses prêmios. Rainha!
Ellen: A última categoria latina é Best Latin Pop Duo/Group Performance e as vencedoras foram Lazuli e Plastique Condessa com Mulheres de Areia.
Agatha: Poxa, e eu que estava torcendo para a Lily e para a Sophie nessa, Outro é uma música maravilhosa. Mas ok, eu amo Mulheres de Areia também, Lazuli e Plastique arrasaram, apesar de não ser a minha preferida das indicadas, mereceu muito ter vencido porque elas simplesmente serviram e muito, serviram vocais, serviram talento, as garotas arrasaram demais, amo vocês, Lazuli e Plastique, beijos!
Ellen: Acabando as categorias latinas, vamos para as categorias com gêneros mais específicos e não nacionalidades, ok? Bem, a primeira... Em Best Dance/Electronic Performance, a Pandora Boxley com Dance Liar acabou levando a melhor, o que você achou?
Agatha: Eu confesso que estava torcendo para outras músicas e que tinha outas preferidas nessa categoria, mas vou ter que admitir que a Pandora mereceu e dependendo do ponto de vista analisado, ela foi mesmo muito bem. Afinal de contas, Dance Liar foi Best New Track com uma nota 9, o que é bastante alto, significando que as pessoas gostam da música. Pode ser uma opinião minha que não era a melhor no meio, mas sem sombra de dúvidas era a de muita gente, então fico feliz por ela, pelos fãs e é isso.
Ellen: E a vitória dos Shadows Of The Night em Best Rock Performance com o hino Paradise Deathhhhh? Você gostou?
Agatha: É mais do que óbvio, aquela música é perfeita, é impossível não gostar! Foi muito merecido, eu não conseguia imaginar um outro vencedor para esta categoria porque eles realmente arrasaram e fizeram valer a pena a canção. Parabéns Shadows e parabéns Electra!
Ellen: E a Onika foi a grande vencedora em Best Rap/Hip-Hop Song com a sua música Fendi Tingz, o que achou?
Agatha: Amei! Ela era mesmo a minha favorita, eu adorei a música que ela lançou. Apesar de algumas outras como a da Ciara e a da Wylla serem muito boas, Fendi Tingz com certeza foi a que mais mereceu. Queria tanto o comeback da Onika, será que um dia ainda vou estar viva para vê-la cantar de novo? Haha, a Onika é tipo aquelas cantoras com só uma música na discografia inteira mas que nós já nos consideramos fãs por tão boa que é a música. Inexplicável, mas muito bom.
Ellen: E para a categoria de Best Urban Solo Performance? A vencedora foi a Kiana com o single Cry An Ocean.
Agatha: Não poderia falar mais nada, a não ser que foi justíssimo. A Kiana conseguiu fazer um trabalho conceitual que teve pouca visualização, mas que ainda foi assim foi reconhecido pela bancada do Grammy. Ela também foi muito aclamada durante o lançamento dos seus EPs, apesar de eu revelar aqui que prefiro muito mais o Queen Of Moon. Cry An Ocean é uma obra de arte e fico muito feliz que ela tenha conseguido.
Ellen: Chegamos nas categorias de pop. Best Pop Solo Performance a vencedora foi a Rose com While I Sleep. Qual a sua opinião?
Agatha: Não é a minha música favorita da Rose, então eu não sei se posso opinar muito bem nessa categoria. A minha torcida estava indo para a minha amiga Reiko, que assim como eu, foi uma das maiores injustiçadas dessa premiação e saiu de mãos vazias. A Yves também tinha fortes chances de ganhar essa categoria, mas acabou perdendo... Me pergunto o que aconteceu para que fôssemos ignoradas na reta final pela bancada do Grammy, mas tudo bem, me contento com o que fui indicada.
Ellen: Em Best Pop Duo/Group Performance, os vencedores foram Kierah e Stefan Lancaster com a música In Your Heart. Você acha que eles mereceram ou você estava torcendo para outra pessoa?
Agatha: Não, super mereceram. Eu não conseguiria pensar em outra música que se encaixasse melhor na proposta da categoria e essa música é além de uma das minhas preferidas do ano passado, uma das minhas preferidas da vida mesmo, haha, sem exagero. Eu gosto do jeito de escrita melodramática da Kierah e do jeito um pouco esperançoso e sentimentalista do Stefan de retratar as coisas. Os dois juntos na música foi demais, além das vozes se complementarem e o instrumental ter sido um ótimo ajudante. Eles sem sombra de dúvidas arrasaram e mais do que mereceram serem os ganhadores desta categoria, Ellen, eu acho.
Ellen: E Best Pop Vocal Album? A Williams foi a vencedora com Aphrodite.
Agatha: Sim, eu achei que a Kierah ganharia essa categoria com o The Muse e que a Williams ficaria com o Album Of The Year, mas as coisas inverteram, haha. Eu gostei bastante da escolha da bancada, a Williams também era uma candidata que merecia e eu fico feliz por ela. É uma pena que Nina, Lilith e Rose não levaram, mas eu acredito que os álbuns delas são maravilhosos e que já é uma vitória por terem sido indicadas nessa categoria que é um pouco menor que as maiores da noite.
Ellen: E em por falar das benditas maiores da noite, vamos começar com elas. Em Best New Artist a vencedora foi a Banshee.
Agatha: Espero que a maldição do Best New Artist se afaste dela pois adoro o trabalho dela. Apesar de acompanhar o trabalho de muitos outros como a Harley Nox que eu amaria que tivesse vencido, inclusive ela vai lançar álbum em breve e eu espero que todos estejam lá para ver. Também tem a Glinda que eu amo o estilo, a Sherry com aquela música maravilhosa. Tantos talentos, mas em meio a eles, eu acredito que a Banshee tenha sido a que tenha mais se destacado mesmo e a que tenha atingido o maior pico de todos, fazendo com que ela mereça e muito a posição que ocupou de vencedora da categoria Best New Artist, rainha.
Ellen: A ganhadora doe Record Of The Year foi a Nina Chain com You’re In The Mood. Você gostou dessa decisão?
Agatha: Não é a minha música favorita dali, eu confesso, mas eu acho que achei justo, sim. Ela que produziu a música se não estou enganada, ela ou a Rose, então foi bem legal terem reconhecido o trabalho dela. Se ela tivesse pré-indicado Dancing With Your Ghost, eu com certeza não hesitaria em falar que foi justo, mas You’re In The Mood realmente não é a minha preferida dela e nem das indicadas na categoria, então sou suspeita a falar qualquer outra coisa aqui. Vamos para o próximo.
Ellen: Song Of The Year. A vencedora foi ninguém menos que Williams com Proud Of The Nation. E aí?
Agatha: A categoria que toca na ferida, né? Haha. Eu amo Proud Of The Nation, é sem dúvidas uma das melhores músicas da Williams e eu acho que ela fez muito por merecer o reconhecimento que obteve ao vencer essa categoria que é uma das principais. Eu fico muito feliz por ela, de verdade, mas nada me impede de algum dia aleatório no futuro invadir a casa dela, dopar os seguranças, dar carne com sonífero para o cachorro, burlar todos os sistemas de segurança, chegar ao quarto dela e pegar aquele troféu sorrateiramente enquanto ele dorme. Tô brincando, eu não vou fazer isso, mas se eu fosse a Williams começaria a dormir com um olho aberto, sim, hahaha.
Ellen: Bem... Por fim, a tão prestigiada Album Of The Year. A Kierah foi a vencedora com o The Muse. O que você achou?
Agatha: Eu nem preciso dizer muito. O The Muse foi o meu álbum preferido do ano passado e eu amei muito ver a Kierah vencendo. Eu vi algumas pessoas se mobilizando com tags no Twitter dizendo que o Chaos merecia ter levado o AOTY, mas eu infelizmente vou ter que discordar aqui. Eu queria ter vencido algo, sim, mas não acho que o Chaos seria a melhor escolha para o AOTY, nem eu gosto muito daquele álbum, então eu não apoiaria que fosse a vencedora da vez. Todos os que estavam ali, entretanto, mereceram bastante, mas a Kierah foi simplesmente genial e eu a parabenizo bastante por ter conseguido ganhar, não minimizem o trabalho dela, por favor! O The Muse é um álbum maravilhoso, recomendo muito!
Ellen: Então com todas as categorias comentadas, o que você acha de nos contar um pouco mais sobre a sua performance no Grammy? O que foi aquilo, garota? Foi muito comentada!
Agatha: Fico feliz que as pessoas tenham visto a minha apresentação, haha. Bem, como todos sabem, eu gosto de trabalhar com essa parte da simbologia, então todas as minhas performances vão ter muito disso. Isso não foi tão perceptível em Dark Diamond porque é algo mais eletrônico, mais descontraído, apesar da mensagem que a música traz. Nós resolvemos fazer algo bem bonito visualmente e que remetesse ao clipe, por isso utilizamos as máscaras como artifícios e algumas cenas refizemos ao vivo no palco. A plataforma gigante de diamante foi uma ideia maravilhosa ao meu ver que super agitou os nossos espectadores e que deu mesmo um clima de rave, iluminou tudo, foi muito legal. Acho que foi por esta razão que as pessoas gostaram tanto da performance. Mas como aqui trabalhamos com dualidade, enquanto uma música foi super alto astral a outra não foi nem um pouco isso. Eu quis mesmo provocar um clima sombrio no palco, foi a minha intenção e eu acho que consegui fazer isso de uma maneira muito boa. Os dançarinos com as máscaras medievais de médicos da praga também foram uma ideia muito boa que eu tive e que amei colocar em prática. Super combina com o conceito do single que vem criticando todas as nossas atitudes destrutivas em relação ao meio ambiente que acaba acionando o mecanismo de defesa do Planeta Terra, o que justificaria a pandemia pela qual estamos passando agora. Eu também termino a minha performance com a minha própria máscara e e me retiro do palco com os dançarinos logo em seguida. Pra dizer a verdade, essa performance teve muitas similaridades com o clipe que eu já gravei e que está em fase final de edição para ser lançado na semana que vem, garanto que está muito bom, não é porque eu que dirigi, mas está mesmo incrível, haha, espero que vocês gostem quando sair.
Ellen: Você também apareceu na performance da Banshee, onde ela cantou Torn, a parceria com você. Como foi ter subido no palco ao lado dela?
Agatha: Amei muito, aquela garota tem muita energia e eu acho que a gente se saiu super bem. A minha parte preferida sem sombra de dúvidas é a que usamos as guitarras e então as arremessamos no chão como verdadeiras estrelas do rock psicodélico, aquilo pra mim foi tudo, sempre tive vontade de fazer isso. A própria música tem um tom agressivo de raiva pelo que a letra relata e a performance também teve muito disso, então considero esse momento da guitarra o ápice da apresentação. A Banshee foi muito criativa, parabéns pra ela por ter pensado em algo tão bom assim.
Ellen: E além dessas performances que você participou, houve várias outras naquela noite, de quais você gostou?
Agatha: Eu gostei muito da Harley Nox e da Pandora Boxley. Os looks que elas usaram e todo o conceito da música incorporado à performance fez algo mágico e você assistia àquilo e sabia do que era, sabia o que estava sendo feito. O álbum da Harley vai ser lançado dia 12 de Abril e se continuar com esses conceitos que eu estou vendo, tenho certeza de que estará muito bom, as pessoas precisam conhece-la agora!
Ellen: E quanto a grande surpresa da noite?
Agatha: Ah, eu sei do que você está falando. A Williams grávida, meu Deus! Eu fiquei de queixo caído! Eu não sabia que ela tinha o desejo de ser mãe, mas agora que sei e que isso já está acontecendo, eu fico muito feliz por ela. Parabéns, Williams, eu sei que é o sonho e que agora vai ser realizado, então eu fico mesmo muito feliz por você. Que você e a sua cria possam viver momentos incríveis, desejo tudo de bom!
Ellen: Eu também desejo muita felicidade à Williams!
Agatha: Continuando a comentar sobre as performances que eu gostei, merece destaque a performance da Vienna Lorenzi com a Lola W, que foi super criativa. Eu me diverti tanto assistindo, vocês não têm noção! Elas não só foram criativas, como conseguiram ser muito engraçadas e cativante, foi uma das melhores apresentações da noite e com certeza merece ser vista e falada aqui. A cena dos quadros foi genial. Parabéns às duas pelo que fizeram, eu amei muito, de verdade.
Ellen: Mais alguma em especial, Agatha?
Agatha: Hum... Acho que a da Plastique Condessa, Ellen. Nós acabamos tendo ideias um pouco parecidas, eu consegui encontrar essa similaridade em nossas performances, como a máscara que ambas usamos no final. Eu ia usar uma de gás também, mas optei por ser uma de médico da praga. Além de todo o preto e penumbra que retratamos em nossas apresentações. Longe de mim estar acusando-a de algo, haha, apenas estou comentando. Gostei muito da performance dela também, foi uma das melhores da noite.
Ellen: Vamos, diga mais, o que você acha? Preciso que você fale bastante coisa para que a nossa entrevista fique bem grande, haha.
Agatha: Entendo, Ellen, entendo... Bem, eu gostei de todas as performances no geral. Da Nina, da Rose, da Brie, da Lilith, da Norma... Eu acho que a do Apollyon também foi muito bem feita, mesmo no Red Carpet com um espaço limitado ele conseguiu alcançar mais e fazer um verdadeiro show, foi muito criativo da parte dele, eu amei. Acho que só isso, Ellen, não tenho muito o que comentar, não, haha, acabou sobre o assunto.
Ellen: Nesse caso, eu gostaria de pedir que você explicasse mais sobre o conceito do single que você lançou agora, Regret, tem como? Não precisa aprofundar muito se não quiser, mas uma pincelada básica já deve bastar para situar as pessoas no contexto que você quis trazer para a música, na realidade que você explorou. Por favor, Agatha.
Agatha: É, a realidade que eu explorei é na verdade muito próxima já da nossa realidade, ou melhor, é a nossa própria realidade. É aquele tipo de música que você ouve pela primeira vez, acha que está entendendo, mas no final percebe que não entendeu nada, então tem que voltar e ouvir de novo com uma outra compreensão sobre o tema para poder entender a maior parte das entrelinhas. E ainda assim, após a segunda vez, você sente que tem mais que dá para ser cavado ali e não quer parar de ouvir até descobrir tudo e acaba gostando da música e se interessando por ser complexa e conceituada, ao mesmo tempo que tão melódica, inteligente e agradável.
Ellen: Essa é uma descrição verdadeira precisa e eu posso testemunhar pois me senti exatamente assim quando ouvi pela primeira vez, senti a vontade de ouvir várias outras vezes pra entender.
Agatha: Eu começo falando de uma morte, vou relatando o enterro e em tudo dou a entender de que é a morte da minha mãe, mas como todos sabem, minha mãe tá viva e muito saudável, então não poderia ser sobre ela. Muitos amigos vieram me mandando mensagem dizendo que enquanto ouviam a música, estavam completamente confusos e devastados, sem saber se a minha mãe havia morrido de repente, mas que então chegaram naquela partezinha do bridge em que eu digo uma coisa de diferente e tudo parece mudar. Bem, isso foi proposital. Eu queria causar esse choque e comoção mesmo para que as pessoas percebessem que a morte da natureza é como a morte de uma pessoa mesmo, até pior. A natureza é nossa mãe, como muitos dizem mãe-natureza, então tê-la morta é como ficar órfão mesmo. A música traz um ponto de vista do futuro em que nós já destruímos tanto o meio ambiente que tudo o que nos resta é arrependimento. Olhamos para trás e lamentamos por tudo o que fizemos, por termos ignorado o problema mesmo quando ele estava gritando na nossa cara que é grave, mas infelizmente não há mais nada o que fazer. É uma música para abrir os olhos das pessoas. Eu não quero que o futuro que eu canto em Regret aconteça, mas do jeito que as coisas estão caminhando, vai. E a Terra reage, não pense que não, pois ela reage. Seja por desastres naturais como terremotos, furacões, tsunamis, vulcões, ou por desastres biológicos como estamos vivenciando o vírus agora. A Terra reage, sim. Nós é que não reagimos aos seus gritos desesperados de angústia, às suas lágrimas de sangue e continuamos fazendo o que sabemos fazer melhor como humanos. Continuamos poluindo os rios, continuamos poluindo nossa atmosfera, nosso solo, nós continuamos destruindo a camada de ozônio, queimando florestas, matando animais a sangue frio. Nós fazemos tudo isso e são poucas as pessoas que abrem os olhos e veem o quão isso está destruindo a tudo e a todos, são poucos os que têm coragem de reagir agora para não precisar reagir no futuro e eu sou uma delas. Estou entrando nessa onda como um apelo, estou pedindo as pessoas um pouco mais de consciência, ou vamos acabar nos arrependendo da mesma forma ou pior no futuro, eu falo muitíssimo sério.
Ellen: Isso é muito profundo, Agatha, e o pior é que você está certa. No clipe que você disse que já gravou, teremos mais disso?
Agatha: No clipe já ficou bem claro toda essa mensagem, as pessoas terão uma melhor compreensão se ouvirem a música e estiverem assistindo ao clipe, eu juro. Eu adoraria lançar os dois juntos, mas infelizmente eu não podia pois simplesmente não havia sido editado por completo ainda e eu sou o tipo de pessoa que gosta que tudo seja lançado na medida de perfeição, malditos geminianos, então eu não poderia fazer isso por agora, mas acredite, é bem mais fácil e mais mastigado ouvir a música pela primeira vez enquanto se assiste ao clipe, espero que algumas pessoas tenham essa experiência, espero mesmo. Ai, cansei de falar, tô com sede.
Ellen: Bem, acho que agora podemos comentar sobre o que você estava querendo. Quer falar sobre os seus filmes e animes? O que você anda assistindo? O que nos recomenda?
Agatha: Provavelmente todo mundo já viu, mas eu vou falar mesmo assim porque esse filme é perfeito. O Poço é um filme espanhol que está dando o que falar por agora, e eu tenho um preconceito com essas obras que acabam ganhando conhecimento muito rápido, mas tenho que admitir que é um filme incrível. Eu comecei a ver bastante cética de que seria bom, mas me impressionou. É genial e muito bem pensado. A interpretação inicial que eu tive foi obviamente a de que aquilo seria uma crítica ao sistema capitalista, já que as pessoas dos andares mais elevados obviamente ficavam com mais comida do que as que estavam nos andares mais baixos. Mas não para por aí, também tem uma crítica ao socialismo quando os personagens principais tentam fazer uma distribuição igualitária de comida, mas percebem que precisam usar da violência para convencer todos a dividirem, o que acaba resultando em uma falha do sistema. O pior é que essa é apenas a camada superficial do filme, tem muitas entrelinhas que eu demoraria horas aqui se quisesse falar de todas, é muito complexo, mas ao mesmo tempo muito simples.
Ellen: Pode demorar o tempo que quiser.
Agatha: Haha, ok. Pelo o que entendi, havia comida suficiente para todos ali, já que perguntam o prato favorito da pessoa e todos os dias preparam esse prato. Pela minha concepção, se todos comessem os seus pratos favoritos todo dia, haveria comida o suficiente para todos. Eu acho que eles estavam tentando fazer um experimento social, na verdade já é bem claro, já que uma das personagens revela isso quando diz que o objetivo é gerar solidariedade espontânea. Sobre a tal panna cotta, eu acho que ninguém a pediu como comida favorita e que esperavam que a panna cotta chegasse intacta lá em cima para provar que todos deixaram comida para todos, é a minha lógica. O que acontece é que acabam enviando a criança no final. Eu tenho minhas dúvidas de que a criança realmente exista, já que todo o filme é cheio de referências ao livro de Dom Quixote e este personagem era conhecido pelas suas alucinações, confundindo moinhos de vento com monstros. Nada me impede de pensar que o Goreng, o personagem principal, estava tendo alucinações com a garota e que ela não existia de verdade. Seguindo essa minha teoria, a panna cotta chegou lá em cima de qualquer jeito, mas ainda assim, não foi gerada a solidariedade espontânea, já que o Goreng e o Baharat precisaram matar metade do Poço para conseguir esse objetivo, então as pessoas foram forçadas a deixar a panna cotta subir, não fizeram isso por livre vontade, o que mais uma vez conta ponto como uma falha desse sistema. É um filme muito bom para se refletir e passar horas pensando e com certeza já é um dos meus preferidos desse ano. Eu também estou numa maratona de todos os filmes dos Estúdios Ghibli, que muitos consideram como a Disney japonesa. A Netflix liberou em seu catálogo todos os filmes dos Estúdios Ghibli recentemente, menos o Túmulo dos Vagalumes, uma pena. Eu assisti A Viagem de Chihiro, que para mim foi um dos melhores filmes que já vi na minha vida inteira. O roteiro é bem escrito e a animação é muito bem feita. Não é a toa que é a única animação estrangeira a ter ganhado um Oscar, isto é, a única animação cuja origem não é nos Estados Unidos, mas sim no Japão. O seu diretor é o Hayao Miyazaki e ele é um gênio, estou estudando muito sobre as suas obras nos últimos tempos e estou percebendo isso. A Viagem de Chihiro ao mesmo tempo que é um filme infantil trata de assuntos adultos de uma maneira muito suave e passa uma lição de moral excepcional de amadurecimento através da nossa personagem principal, a Chihiro. Ela começa sendo uma menina chata e birrenta e acaba sendo responsável, inteligente e preocupada, além das críticas ao sistema capitalista que também são bem presentes nessa obra. O ambiente é uma casa de banhos para demônios e mostra a ganância cada vez maior das pessoas e isso é algo que eu gosto, é inclusive um dos temas do meu segundo álbum de estúdio, então eu com certeza vou tomar A Viagem de Chihiro como inspiração para o processo criativo, filme fantástico. Eu também assisti ao filme Meu Amigo Totoro que fez parte da infância de muita gente, mas infelizmente não fez parte da minha, eu vi esse filme pela primeira vez há uns dias. Não gostei tanto quanto A Viagem de Chihiro, provavelmente porque o filme tem essa pegada mais infantil e como eu não vi quando era criança, perdeu boa parte da mágica para mim, mas continua sendo um filme incrível e eu com certeza recomendo. Apesar de ser infantil, consegue tratar alguns temas bastante adultos como a doença da mãe de maneira maravilhosa e natural. É bom para que as crianças compreendam a naturalidade da doença e da morte que são coisas recorrentes em nossas vidas e precisamos nos acostumar desde cedo. Fora que os personagens são super carismáticos, principalmente o Totoro, que é o espírito da floresta que está lá acompanhando as duas irmãs. A minha cena preferida sem sombra de dúvidas é aquela em que está chovendo e as duas precisam esperar o pai que está voltando da faculdade, mas o ônibus acaba atrasando e elas ficam sozinhas no escuro, no meio de toda aquela tempestade e aí o Totoro aparece para confortar elas, para lhes proporcionar segurança e distração naquele momento de aflição até o pai chegar. É realmente uma cena muito linda e que derreteu meu coração. Meu Amigo Totoro por completo é um filme muito tocante e eu amei assistir, recomendo demais para todo mundo. Eu ainda não vi mais nenhum outro filme dos Estúdios Ghibli, o meu próximo é Princesa Mononuke e assim que eu assistir, vou tentar dar feedback de alguma forma pois eu amo falar sobre isso.
Ellen: Já que você está falando de filmes, eu também vou falar. Eu assisti uma obra indiana esses dias chamada Jogo na Escuridão. Um amigo havia me dito que o filme não era muito bom, então comecei a ver com um pé atrás, mas eu me impressionei porque eu realmente gostei. O filme conta a história de uma desenvolvedora de jogos ou designer de jogos, não consegui acompanhar isso muito bem. Ela tem medo do escuro, não pode ficar sozinha no escuro porque começa a lembrar de traumas do seu passado, esse tipo de coisa, porque ela foi sequestrada e estuprada pelo que eu me lembro. Enfim, essas lembranças vêm sempre no período próximo ao Ano Novo porque foi quando tudo aconteceu e o filme se passa um ano após esses acontecimentos e ela tem que fazer terapia, mas acaba se jogando do prédio da terapia, é muito pesada essa cena. Bem, ela sobrevive, mas fica com as pernas quebradas, o que a força a andar de cadeira de rodas pelo resto do filme. O que eu acho interessante é que a partir desse ponto, as coisas caminham de um jeito que parece que vão melhorar para ela. O filme até abandona mais as cores escuras para dar lugar a cores claras e a luz do Sol. Nisso, ela descobre que uma tatuagem que tinha havia sido feito com cinzas mortais de uma pessoa. Essa tatuagem estava lhe gerando uma dor desde o início do filme e ela não sabia o motivo. Tudo começa a ficar mais sombrio quando assassinos invadem a sua casa e matam a sua acompanhante, a Kalamma, que vivia com ela. Ela pensa que é somente um cara, que acaba entrando na casa e a matando-a, decepando a sua cabeça, mas as coisas não acontecem como seria intuitivo. Ela acaba voltando a momentos antes de tudo aquilo acontecer e é nesse momento do filme em que temos uma visão de que na verdade a garota tinha três vidas, que a tatuagem representava isso, como mesmo num jogo de videogame. Ela tinha três chances de sobreviver àquele momento. A segunda vez também não acontece como o planejado, a Kalamma morre, mas ela foge da casa com um policial, entretanto o carro do policial pega fogo no motor e explode. É aí que ela descobre que são três assassinos, não apenas um, pois os vê pelo retrovisor pouco antes dessa morte. Sua terceira e última chance é bem sucedida, ela se prepara bastante, acaba enfrentando o seu medo do escuro e mata todos os três assassinos. O filme acaba exatamente nos minutos do ano novo, em que vemos a protagonista toda suja de sangue, com as pernas engessadas, encostada na parede, muito cansada e podemos ouvir os fogos no fundo. A cena é muito macabra, mas acaba conectando bem todo o filme e eu gosto disso. A ideia pode parecer bastante absurda na primeira vez, mas quando você acaba o filme e pensa nisso, é muito boa, eles sempre jogaram pistas na nossa casa. A mãe da menina cujas cinzas estavam na tatuagem da garota, disse que a filha dela tinha escrito algo: “Você tem duas vidas: a segunda começa quando você descobre que só tem uma.”, além de um poster no quarto dele com os dizeres “E se a vida for um videogame e deja vus forem checkpoints?”, tudo isso são pistas de que aquilo ia acontecer, já que quando ela voltava para momentos antes de morrer, ela se lembrava de tudo, como um deja vu, explicitando ainda mais esses checkpoints. O filme é cheio de referências do tipo e é preciso assisti-lo mais vezes para entender todas, por isso eu gostei. Esse meu amigo gosta de terror, e o filme é realmente fraco nesse quesito, mas eu gosto da história e do roteiro olhando não como um filme de terror, mas como um filme simplesmente para entretenimento, de suspense e mistério.
Agatha: Esse filme é perfeito, com certeza eu vou querer assistir, já vou adicionar na minha lista na Netflix.
Ellen: Adicione, Agatha, você não vai se arrepender.
Agatha: Arrepender? Já deu stream em Regret hoje?
Ellen: Hahahaha, com certeza dei e muito!
Agatha: Amo, todos vocês de casa já sabem o que fazer durante a quarentena, né? Ouvir Regret e assistir os filmes que eu e a Ellen recomendamos aqui, vocês precisam fazer isso, haha!
Ellen: Bem, Agatha, agora eu gostaria de te chamar pra participar de um jogo, pode ser? Um jogo bem simples e fácil.
Agatha: Ok, por mim tudo bem. Manda aí. O que você tem em mente?
Ellen: Eu vou te dizer a parte de uma letra de uma música aleatória e você vai ter que adivinhar, ok? Parece difícil?
Agatha: Não, na verdade parece bem fácil, mas eu sinto que não vai ser nem um pouco porque você vai pegar as piores músicas existentes para me fazer errar, não é, Ellen? Eu te conheço.
Ellen: Sim, basicamente isso mesmo, haha.
Agatha: Ok, acho que podemos começar.
Ellen: A primeira é: “Um final ruim está vindo; Não é um momento colorido; Cinza em todo lugar; As coisas malditas estão vindo”. Qual é a música?
Agatha: Eu tenho certeza de que é a nova dos Shadows Of The Night, Colorful. Acertei? Acho que é esse o nome...
Ellen: Certa resposta! Essa foi fácil porque eu queria que você entendesse como funciona a nossa brincadeira. Entendeu direitinho ou quer mais uma rodada-teste? Alguma dúvida?
Agatha: Não, não, tudo certo. Pode continuar.
Ellen: A próxima é: “Agora eu tenho que correr; Correr, correr, correr; Correr sobre o Sol”. Que música é essa?
Agatha: Hum, realmente tá difícil. Pelo que você disse, o nome provavelmente é Run, só preciso pensar em alguém que tenha uma música com esse nome, deixa eu ver... É Run do HY!PER?
Ellen: Certa resposta! Tá afiada, hein, garota? Vamos para o próximo: “Mas aquela questão ainda assombra o meu coração; Onde minha jornada começa?; É, é real, a hora está chegando; De deixar essa estradinha”. Você consegue me dizer que música é essa, Agatha?
Agatha: Consigo, eu acho. É Journey do Stefan Lancaster? Está fácil!
Ellen: Acertou novamente! Bem, já que você está reclamando que está fácil, vamos dificultar um pouco as coisas...
Agatha: Não, por favor! Tá ótimo do jeito que tá!
Ellen; Haha! Vamos lá: “Eu só brilho no escuro; Correndo pelo mundo; Não fique com medo se eu for longe demais”. Eu não cantei a parte do refrão que diz a letra da música justamente para dificultar.
Agatha: Ok, esse realmente eu não faço a menor ideia. Tá muito difícil, mas eu não vou desistir! Já que Dark no final do primeiro verso, rima com Far no final do terceiro verso, eu tenho que admitir que há uma rima com World do final do segundo verso para ver uma boa harmonização da música e a única rima para World é Girl, então se eu for muito sortuda, o nome da música é alguma coisa Girl... Deixa eu ver, The Girl You Want da Reiko não é... Nem Stupid Girls da Lilith, haha, eu saberia, conheço a letra. Uma música com Girl... Deixa eu pensar, por favor! Não quero desistir!
Ellen: Vamos, Agatha, nem é tão difícil.
Agatha: Espera, é Neon Girl da SUPERNOVA?
Ellen: Acertou! Viu que tava fácil?
Agatha: Nossa, não sei como esqueci. Os versos estavam dando na cara, haha. Só brilho no escuro, claro, tinha que ser Neon Girl. Até foi vencedora da Best New Track pela Pitchfork, eu sempre acompanho e acabei me esquecendo dessa música especificamente.
Ellen: Acontece, Agatha. Não é sempre que dá pra lembrar, já houve muitas Best New Tracks, só você tem seis. Então é natural que você esqueça de alguma, mas felizmente você lembrou.
Agatha: Desculpa pela gafe, meninas. Vamos para o próximo?
Ellen: Sim. “O jeito que ela me diz que eu sou dela e ela é minha; Mão aberta ou punho fechado seria legal; O sangue é raro e doce como vinho de cereja.” Que música é essa, você conhece?
Agatha: É fácil, até. Eu ouvi essa música recentemente e adorei, até comentei com a Nessie, que é a cantora dessa música, a Nessie Mallory, comentei com ela que adorei a música e se tinha entendido certo o conceito, sobre abuso doméstico. É uma música muito forte, eu amei. A resposta correta é Cherry Wine, como eu já disse, da Nessie Mallory.
Ellen: E ponto outra vez! Como você sabe tanto sobre músicas?
Agatha: Ah, eu acompanho bastante os lançamentos, sempre estou por dentro de tudo o que sai de novo por aí, eu gosto muito de estar nesse mundinho da música em que toda coisa nova que sai eu tenho que ouvir e formar a minha opinião, acho que já ouvi todas as músicas do final do ano passado pra cá, sou quase uma psicopata da música.
Ellen: Eu só tenho mais uma música aqui e essa é um pouco difícil. Não sei se você vai acertar, mas espero que sim porque você está se saindo muito bem. Ela é assim: “Eu acho que tive que me sentir sozinho para perceber que eu estava feliz; Mas agora eu não consigo voltar para a superfície”. Composição digna do Chaos, hein? Eu pessoalmente amo essa música, mas e você? Você sabe qual é essa música, Agatha?
Agatha: Vou ser bem sincera: não. Se eu tivesse algum apoio da melodia eu com certeza saberia, mas só com a letra solta assim, eu não sei se consigo lembrar. Ai, Ellen, muito difícil.
Ellen: Não é difícil, não. Vai querer desistir ou quer insistir? Talvez você lembre como aconteceu com Neon Girl.
Agatha: Você pode ao menos me dar uma dica? Por favor.
Ellen: Tudo bem, única. Eu falei o nome da música nesses versos, haha. Ficou muito mais fácil agora, você consegue.
Agatha: Alone? Happy? Go Back? Surface? Alguma dessas? Go Back não é pois é um nome muito feio e acho que as pessoas não colocariam isso no nome de uma música. E acho que Happy não se encaixaria no conceito da música, o que me deixa em dúvida entre Alone e Surface. Por Alone eu só consigo lembrar da música da Rose, mas também tem cara de ser algo que a Lilith cantaria. Eu não tenho certeza se é de alguma delas... Surface eu não consigo lembrar de nenhuma música com esse nome... Ai, Ellen, dá outra dica, só mais uma, ajuda aí, vai!
Ellen: Não posso, Agatha. Está muito na cara, estou me coçando, coçando a minha língua para não falar agora, haha.
Agatha: Eu lembro de Alone da Rose, eu acho que não é. Uma música com Surface... Tem aquela do Apollyon, não? Mas eu não me lembro da letra. É Surface do Apollyon? É essa?
Ellen: Resposta correta! A música é essa mesma. Sabia que você conseguiria adivinhar, você mesma disse que acompanhou todos os lançamentos, só você poderia saber disso, você que é a nerd expert em músicas e lançamentos aqui, Agatha, haha, meus mais sinceros parabéns.
Agatha: Eu lembrei do Apollyon de repente porque no meio das minhas reflexões sobre uma música com Alone, eu comecei a pensar no Grammy que eu perdi todas as categorias novamente e aí lembrei dele e acabei lembrando magicamente dessa música, acho que nem entrou nos charts. Você pegou pesado nessa, hein? Que maldade. Nunca ia acertar em circunstâncias normais. Tem mais alguma?
Ellen: Infelizmente essa foi a nossa última música, Agatha. A produção não preparou mais nada, mas ainda há tempo para conversarmos se você quiser. Assunto é o que não falta entre a gente, né? Vamos lá: me diz sobre o que você quer falar agora.
Agatha: Você que é a entrevistadora, me pergunta você.
Ellen: Grossa, tá. Eu fiquei sabendo que você participou daquele reality show BBC que é a sigla para Big Brother Celebrities se não estou errada, e além disso você ficou só um episódio se não me engano. Então conta aí como foi esse período lá, o que aconteceu?
Agatha: Ah, o BBC, é verdade. Eu entrei no segundo episódio e só fiquei durante ele. Eu estava fazendo mais uma participação especial ali, entende? Me chamaram pra aumentar a audiência do programa e eu aceitei. Também não poderia perder a chance de dar uma esfriada na cabeça e ficar com aquelas pessoas super good vibes.
Ellen: Com quem você mais se relacionou na casa?
Agatha: A Banshee estava lá, então eu tive bastante contato com ela. Foi a minha amiga lá dentro, haha. Rendemos bons momentos juntas e eu adorei conhecer mais ela e todos os outros também.
Ellen: E o que você achou de ter ido pro paredão mesmo na sua única participação? Ficou chateada? Como foi?
Agatha: Olha, Ellen, vou ser sincerona aqui. Não fiquei chateada, não. Eu era muito grande para aquele programa, as pessoas me viram como uma ameaça e quiserem me tirar, simplesmente isso. Compreensível dentro de um reality show, não guardo mágoa de ninguém, só do Elliot por existir porque eu detesto aquele homem e é isso aí, paz e amor.
Ellen: E das pessoas novas? Você teve a chance de conhecer alguém? Como foi essa experiência social lá dentro?
Agatha: Poxa, Ellen, como eu disse, não conversei com muita gente, mas pude conhecer a Vitória, a Wylla, a Celeste, a Liebe, a Lola, a Sophie, a Miyu, a Mirella... Todas elas foram legais. Com exceção da Vitória, claro, com quem eu tive alguns desentendimentos, mas não levei nada pra fora da casa, inclusive a Vitória nem existe mais, então não tem porque guardar ressentimentos, rancor, nem nada. Entrei como diversão, fiquei lá sabendo disso e saí com a cabeça erguida porque vencer nunca foi meu objetivo.
Ellen: Fico muito feliz de ver que você se divertiu, é o principal afinal de contas. Por fim, uma última pergunta que eu acho muito importante: o que você achou da vencedora? Que foi a Sophie.
Agatha: Pra mim tanto faz, eu não conhecia muito ela, então não me importava. Minha torcida ia pra Lola porque eu já conhecia ela da minha antiga gravadora, mas pelo que eu sei, ela ficou em segundo lugar e essa já é uma ótima colocação. Parabéns, Lola, pela sua conquista.
Ellen: Agatha, eu amei ter você aqui no programa hoje, sabe? Tudo o que você nos contou foi muito verdadeiro, muito sincero, muito tocante e muito profundo, principalmente na parte da entrevista que você comentou sobre o conceito de Regret que realmente nos deu um sacode para a realidade. Obrigada por ter aceitado o nosso convite para participar do programa, você é um amor de pessoa e esperamos que apareça aqui mais vezes, sério, você tá sumida.
Agatha: Depois de que me mudei para Londres está mais difícil vir a América, mas eu prometo que vou tentar, Ellen, por você.
Ellen: Que fofa, obrigada. Bem, para encerrar a nossa entrevista, você poderia cantar um pouco para gente, que tal?
Agatha: Então eu vou cantar duas músicas, ok?
Ellen: Como você preferir, nos entretenha!
Agatha: Pode deixar, vamos nessa!
Agatha se levanta e canta a música Regret, que é o lead single do seu novo álbum de estúdio ainda sem nome ou data de lançamento confirmados. Durante a apresentação, a cantora entoou os seus versos com bastante melancolia e peso, fazendo poucos movimentos a partir do momento em que a guitarra começava no instrumental. Ela aproveitou para cantar a música Ambitions, que está na mixtape Dark Diamond Music Vol. 1 com Klaus Henderson. Apesar dos vocais serem originalmente da artista Brie, a própria Agatha cantou a música, de forma bem mais animada do que Regret. Toda a parte lírica foi feita por Agatha, além de a música também estar creditada em seu nome graças ao duo que formou com Klaus. Ela cantou os versos com bastante animação, considerando o agito da música e terminou a sua apresentação sendo bastante aplaudida por todas as pessoas na plateia que até gritavam o seu nome. Para encerrar essa apresentação, a cantora ainda aproveitou para lembrar que Regret estava disponível como single em todas as plataformas digitais de streaming como o Spotify e o Deezer e que Ambitions estava disponível como faixa por enquanto na tal mixtape Dark Diamond Music Vol. 1, a qual ela disse ser inteiramente boa e recomendou que as pessoas fossem ouvir e dessem muitos streams. Com isso, ela se despediu de todos e deixou o palco agradecendo pelos aplausos e pela oportunidade.
Ellen: Nossa convidada de hoje é ninguém menos que ela que acabou de lançar um novo single e já está dando o que falar há muito tempo por aí. Isso mesmo, recebam com uma salva calorosa de aplausos, a cantora Agatha Melina! Seja bem-vinda, Agatha, tudo bem?
Agatha: Oi, Ellen, é um prazer estar aqui.
Ellen: Já faz tanto tempo que você não vem aqui, como andam as coisas? Aconteceu bastante na sua vida e na sua carreira desde o nosso último encontro, não é? Conta pra gente.
Agatha: Sim, aconteceu muito mesmo. Eu não sei se mencionei da última vez que estive aqui que eu queria romper com a minha gravadora.
Ellen: Acho que falou, sim. Acredito que tenha falado.
Agatha: Pois é, isso aconteceu logo após o final da Chaos Tour, que foi a minha primeira turnê. Eu rompi de vez, resolvi pedir demissão pois já estava afetando a minha saúde mental e preferi me prevenir.
Ellen: Eu lembro que você tinha comentado sobre querer ir a outros lugares mas acabou preferindo deixar uma turnê mundial para mais tarde.
Agatha: Sim, eu achei melhor ir nos outros continentes quando eu estivesse mais saudável, mais sã, e mais de bem comigo mesma, sabe? Eu quero muito que os meus fãs de todos os lugares do mundo assistam a um show meu, mas preciso estar no meu melhor momento para isso ou estarei arruinando o momento deles e no fim das contas, ainda mais o meu também. Preferi deixar que a Chaos Tour ocorresse somente na América do Norte e Europa e mais pra frente, eu farei a minha turnê por todos os outros continentes.
Ellen: Quais foram os episódios que te levaram a tomar essa decisão?
Agatha: Primeiro que eu sou geminiana, então eu tenho um espírito livre, eu sou um ser livre, e muitas vezes a gravadora tentava tomar decisões que iam contra o que eu queria. Na maioria das vezes eu batia o pé no chão, falava que não ia fazer, teimava e eles acabavam por ceder, mas muitas outras vezes não. Isso acabou ficando desgastante e eu estava muito cansada. O ápice foi quando simplesmente estragaram todo o plano de divulgação que eu tinha pro Chaos, quando me forçaram a lançar Volcanic como quarto single já no final de dezembro simplesmente por ter hitado. Também houve uma pressão dos fãs, mas o que me deixou frustrada mesmo foi a própria pressão da gravadora, queriam porque queriam que eu lançasse e não tive escolha por questões contratuais. No meu plano original, eu lançaria Emptiness como single e por fim Black Candles. Eu já tinha um plano de roteiro para os clipes e um protótipo de capa para os singles, mas eles decidiram simplesmente bagunçar tudo o que eu tinha planejado visando lucro. Isso me deixou bastante aborrecida. Eu já estava com turnê marcada logo para o próximo mês, então abracei aquele como o melhor momento para fazer este rompimento. Originalmente foi anunciado que eu estaria passando por todos os continentes, mas essa informação foi alterada assim que eu revelei sobre a quebra de contrato, passando apenas por América do Norte e Europa.
Ellen: E teve algum outro motivo em especial?
Agatha: Até que sim... Se eu fosse continuar a turnê, não poderia ser por agora, já que com essa pandemia do corona vírus, está sendo proibido na maioria dos países shows, concertos e aglomerações com uma certa quantidade de pessoas. Eu simplesmente estava impossibilitada de seguir de qualquer forma, então foi até bom ter parado por ali mesmo. Eu fiquei desesperada porque logo no dia seguinte em que me apresentei na Itália, o surto lá começou a ficar realmente desesperador, isso no final de fevereiro.
Ellen: Eu me lembro. Mas você fez o exame?
Agatha: Felizmente fiz, sim, Ellen, e não deu nada, ou melhor, deu negativo para o corona. Fiquei aliviada, mas ao mesmo tempo me senti culpada por ter feito um show em meio à pandemia. Muitas pessoas podem ter sido infectadas depois daquele dia, entende?
Ellen: Mas a culpa não foi sua, as autoridades ainda não tinham proibido concertos. Se não estou enganada, somente o carnaval de Veneza foi encerrado na semana passada, mas estas aglomerações ainda não haviam sido impedidas, então não tinha como você saber que o risco era tão grande, não precisa se culpar por isso.
Agatha: Pois é, mas ainda assim, eu poderia ter evitado... Ai, sei lá!
Ellen: Vamos falar de outra coisa para aumentar esse astral. Como está sendo com a sua própria gravadora, a Dark Diamond Music, que você abriu recentemente com o produtor Klaus Henderson?
Agatha: Estou colhendo ótimos frutos, Ellen. Fiquei feliz que as pessoas gostaram que nos deram um debut na quinta posição da Hot 20 com mais de trezentas e setenta mil cópias vendidas! Foi muito bom pra mim, eu espero que possamos continuar dessa maneira. Fora que o próprio single oficial do projeto, Dark Diamond, teve a sua estreia no top 20 da Hot 50, mais especificamente na décima nona posição. Ainda teve a faixa com a Williams que conseguiu ter um bom debut, obrigada, Williams, por participar desse projeto.
Ellen: Você acha que ainda há alguma possibilidade de outra faixa entrar nas paradas? Mesmo sendo esta a terceira semana desde o lançamento da mixtape. Acha que é possível?
Agatha: Não vou mentir, acho que sim. Ultimamente eu tenho visto muitas pessoas usando Ambitions, a música com a Brie, em vídeos do Tik Tok. Eu sempre recebo essas coisas quando usam minhas músicas. O Klaus também anda recebendo bastante, haha. Mas enfim, eu acho que se alguma faixa for estourar, com certeza será Ambitions e eu estou ansiosa para lançar este clipe porque foi muito divertido de gravar, a Brie é uma alma muito doce.
Ellen: Eu concordo. A música também foi muito bem elogiada pelos críticos pela sua letra que era cheia de poder. Como foi o processo criativo pra escrevê-la? Você teve ajuda?
Agatha: Na verdade, foi um pouco complicado. Eu escrevi versos para a Rose e para a Brie, mas a Rose acabou cancelando a parceria em cima da hora e tivemos que readaptar toda a música rapidamente para conseguir incluí-la na mixtape e lança-la a tempo, foi um horror. Eu escrevi versos baseados na carreira da Rose e baseados na carreira da Brie, então imagina o trabalhão que deu pra reescrever tudo tirando as partes da Rose. Tinha um verso ótimo tipo “I reborn like a black widow” e eu tive que descartar, uma pena... Mas alguns eu simplesmente não consegui deixar fora da música e simplesmente readaptei para que a Brie cantasse. Ela não se importou de regravar algumas partes e gravar as novas e felizmente deu tudo certo e a música acabou ficando melhor do que esperávamos, espero que seja um sucesso, haha.
Ellen: Mas a Rose deu alguma justificativa sobre o porquê ter desistido do nada dessa parceria? Muito estranho tudo isso...
Agatha: Eu também achei. Na verdade, ela nunca pareceu estar realmente afim de fazer isso, e quando chegou a hora de mandar os seus versos, ela simplesmente aproveitou a oportunidade para abandonar o barco que já estava velejando. Eu e o Klaus ainda tivemos que correr às pressas para editar aquela arte da tracklist e tirar o nome da Rose.
Ellen: Que absurdo, gente! Estou mesmo chocada!
Agatha: Pra você ver como as coisas são...
Ellen: Nós temos um outro tópico que gostaríamos de discutir com você neste momento, que é o Grammy deste ano.
Agatha: Haha, nem gosto de comentar.
Ellen: Eu sei, mas não vamos fazer nenhuma pergunta que vai te deixar constrangida. Se não se importa em responder, como você se sentiu após ser injustiçada daquela maneira? Todos os maiores portais de música apontavam você como uma das maiores vencedoras da noite e de repente a surpresa... O que você achou disso tudo?
Agatha: Ah, Ellen, eu me senti mal, vou te contar a verdade. Eu fiquei muito feliz por ter sido uma das mais indicadas, pelo reconhecimento, mas depois eu fiquei me perguntando se eu não estava naquelas categorias simplesmente para encher linguiça porque aparentemente eu não fui reconhecida em nada. Eu confesso e já disse em outras em entrevistas que acreditava que iria ganhar Song Of The Year, mas não aconteceu. Unholy foi a música que eu mais escrevi com alma e na minha opinião uma das melhores que já escrevi em toda a minha carreira, então eu tinha mesmo apostado as minhas fichas em sua vitória, que infelizmente não aconteceu. Mas eu nem ficaria triste por perder em uma categoria principal, visto que são apenas três e somente três artistas podem vencê-las, mas eu não venci nenhuma, achei isso muito chato mesmo, mas fazer o que? Fiquei feliz por algumas pessoas que venceram em algumas categorias e é isto, bola pra frente. Eu também não ganhei nenhum KMAs, e apenas um VMAs, eu acho que estou destinada a ser boicotada nas premiações, mas estou aprendendo a lidar com isso e não me importar, visto que estou fazendo minha arte porque gosto e não porque quero reconhecimento de velhos brancos e ricos que acham que sabem o que é música, haha. Realmente estou ficando em paz após estar aprendendo a não me importar com isso, está sendo melhor para mim e para a minha sanidade mental num geral, eu acredito. Fiquei irritada? Fiquei. Fiquei triste? Fiquei. Mas tudo isso serviu para meu crescimento pessoal. Em por falar em ficar irritada, eu vou até revelar aqui que eu fiquei mesmo muito brava, haha, tipo eu estava arrancando os meus cabelos depois da premiação. Algumas pessoas até vieram falar comigo, como o Kevin Whack, eu agradeço de coração por ele ter tirado uma parte do seu tempo pra conversar comigo, ele foi um anjo, haha, trocadilho. A Brie e a Rose também ficaram muito ao meu lado. Na verdade, eu acho que nunca disse isso, mas tenho um grupo no WhatsApp com a Nina, a Rose, a Brie e a Williams e nós estávamos contabilizando em tempo real quantos Grammy cada uma tinha levado. Eu e a Nina estávamos desesperadas quando chegaram as categorias principais e ainda estávamos de mãos vazias, mas ela conseguiu pegar o ROTY e eu não consegui pegar nada. Elas me ajudaram bastante a superar isso e a me dar forças para continuar fazendo a minha arte aqui porque eu admito que pensei muito em desistir, fiquei chateada. Inclusive estava pensando em chamar a Reiko para uma parceria chamada Empty Hands para lançar como zoeira mesmo por termos sido boicotadas, ainda não sei. Reiko, se estiver assistindo isso, me responda! Precisamos fazer essa piada, eu sei que você adora boas piadas assim como eu, haha! Aliás, quando vamos assistir animes de novo? Eu tenho um monte de animes para comentar com você. E tenho uns filmes ótimos também que eu adoraria recomendar. Ellen, dá pra gente fazer uma entrevista depois só com recomendações de filmes? Seria muito bom.
Ellen: Eu também adoraria falar de animes e filmes com você, mas precisamos dar prosseguimento à entrevista. Após você fazer esse desabafo sobre seus sentimentos, acredita que é um bom momento para você se pronunciar sobre os ganhadores do Grammy? Seria bom você expor a sua opinião sobre os vencedores, se eram a sua torcida ou não...
Agatha: Nesse caso, tudo bem. Por onde começamos?
Ellen: A vencedora de Best Music Video foi a Plastique Condessa com Am I Pretty Enough. Foi uma vitória justa na sua opinião?
Agatha: Essa categoria acredito que foi bem difícil de se decidir pois todos eram vídeos muito bons, então não tem como eu dizer que a Plastique não mereceu porque mereceu e muito. Toda a mensagem que ela se propôs a retratar no clipe foi incrível e ela fez isso com exímia maestria. Com certeza era um dos favoritos dos críticos na noite e não podia receber menos, né? Parabéns, Plastique, pelo Grammy.
Ellen: A Plastique também venceu a segunda categoria, ao lado da Lilith, na parceria Straight Men, onde elas foram indicadas e ganharam Best Remixed Recording. Você gostou dessa vitória?
Agatha: Não dá pra negar os impactos que Straight Men causou, ainda mais que conseguiu a primeira posição nas paradas mundiais. É uma música de poder e eu gosto disso, uma música que veio para incomodar e pelo visto incomodou bastante, mas acabou sendo muito positivo pois conseguiu um Grammy. Eu lembro que não havia gostado muito da versão original, mas aí anunciaram um remix com a Plastique e eu fiquei muito confusa porque até onde eu sabia, a Plastique e a Lilith eram brigadas, mas tudo bem. Quando o remix saiu eu tive certeza de que a música ia hitar, metade dos streams eu que dei. A Plastique trouxe um novo horizonte à canção que ficou bem melhor. Desculpa, Lilith, sua versão solo também é incrível, mas o trabalho que vocês duas fizeram conjuntamente na faixa em geral ficou infinitamente, incomparavelmente melhor, haha. Nem tenho como negar.
Ellen: E sobre a Vienna Lorenzi que ganhou Best Producer?
Agatha: Eu obviamente gostaria que tivesse sido o Klaus a ganhar essa categoria para dar mais visibilidade para a Dark Dimond Music, haha, mas não dá para invalidar o trablho magnífico que a Vienna anda fazendo desde o ano passado e agora mais recentemente com Stylish, acredito que ela está conseguindo se sair muito bem nessa indústria e ainda vai conquistar muito no futuro. Haviam outros indicados como o Apollyon, que naquele álbum mais recente conseguiu fazer todo mundo voltar os olhos para ele e aclamá-lo, mas já estava um pouco tarde. A Vienna veio se empenhando já há um bom tempo e merece o reconhecimento que acabou levando. Parabéns para a Rose e para a Nina Chain que também foram indicadas, gostei de ver as mulheres dominando uma categoria de uma área que geralmente é machista.
Ellen: O Apollyon pode ter perdido a categoria de melhor produtor, mas venceu na de melhor encarte com o Aphantasia.
Agatha: Não sei se posso opinar pois sofro de uma condição chamada micofobia que basicamente é o medo irracional de cogumelos, então eu me senti extremamente angustiada ao ver o encarte daquele álbum, mas se consideraram bom o suficiente para estar nessa posição de ganhador do Grammy, meus parabéns. Eu não sou a favor de premiarmos cogumelos, mas ok. Vamos para a próxima antes que eu comece a ficar ansiosa.
Ellen: Você gostaria de comentar sobre as categorias latinas?
Agatha: Não é exatamente o meu universo, mas eu conheço algumas músicas. Por que não? Pode mandar.
Ellen: Best Latin Pop Album teve como vencedora a Ozzy com “Nós”. Qual a sua opinião sobre isso?
Agatha: Eu acho que foi merecido porque é um EP muito bom. A Ozzy tem muito talento e potencial, eu vejo isso nela. Ela tá um pouco sumida por agora, mas tenho certeza de que vai fazer muito barulho quando fizer o seu comeback. Fico feliz que ela tenha saído vencedora dessa categoria. A Lily Olsen também daria uma ótima ganhadora, mas competindo com a Ozzy não tem pra ninguém, o Nós é incrível, muito bem pensado, muito bem escrito e muito bem produzido. Não é a toa que tem a mão da Kierah, aclamada em tudo o que toca, adoro ela.
Ellen: Best Latin Pop Solo Performance! A vencedora foi Ozzy novamente com o single “Você”. O que acha?
Agatha: Eu disse que a Ozzy era incrível! Ela varreu as categorias latinas mesmo, hein? Rainha. Como eu disse, a Ozzy é brilhante e ela ainda vai ser muito mais reconhecida do que está sendo, só precisa do single certo que vai fazê-la despontar para todo o mundo, não só para a América Latina. Digo, não sei se ela está feliz em estar trabalhando naquele espaço latino, talvez esteja, mas isso não vai mudar o fato de que cedo ou tarde o mundo vai estar com seu nome na boca, haha. Você é uma música incrível e uma das minhas preferidas do EP depois da faixa-título Nós e eu acho que mereceu ganhar essa categoria. 7 Mares não é a minha preferida da Lily, bem como Fuzuê não é a minha preferida da Lazuli. A Brinna e a Vitória tinham chances porque as músicas são muito boas, mas felizmente a Ozzy veio aí para levar o que é dela de direito, esses prêmios. Rainha!
Ellen: A última categoria latina é Best Latin Pop Duo/Group Performance e as vencedoras foram Lazuli e Plastique Condessa com Mulheres de Areia.
Agatha: Poxa, e eu que estava torcendo para a Lily e para a Sophie nessa, Outro é uma música maravilhosa. Mas ok, eu amo Mulheres de Areia também, Lazuli e Plastique arrasaram, apesar de não ser a minha preferida das indicadas, mereceu muito ter vencido porque elas simplesmente serviram e muito, serviram vocais, serviram talento, as garotas arrasaram demais, amo vocês, Lazuli e Plastique, beijos!
Ellen: Acabando as categorias latinas, vamos para as categorias com gêneros mais específicos e não nacionalidades, ok? Bem, a primeira... Em Best Dance/Electronic Performance, a Pandora Boxley com Dance Liar acabou levando a melhor, o que você achou?
Agatha: Eu confesso que estava torcendo para outras músicas e que tinha outas preferidas nessa categoria, mas vou ter que admitir que a Pandora mereceu e dependendo do ponto de vista analisado, ela foi mesmo muito bem. Afinal de contas, Dance Liar foi Best New Track com uma nota 9, o que é bastante alto, significando que as pessoas gostam da música. Pode ser uma opinião minha que não era a melhor no meio, mas sem sombra de dúvidas era a de muita gente, então fico feliz por ela, pelos fãs e é isso.
Ellen: E a vitória dos Shadows Of The Night em Best Rock Performance com o hino Paradise Deathhhhh? Você gostou?
Agatha: É mais do que óbvio, aquela música é perfeita, é impossível não gostar! Foi muito merecido, eu não conseguia imaginar um outro vencedor para esta categoria porque eles realmente arrasaram e fizeram valer a pena a canção. Parabéns Shadows e parabéns Electra!
Ellen: E a Onika foi a grande vencedora em Best Rap/Hip-Hop Song com a sua música Fendi Tingz, o que achou?
Agatha: Amei! Ela era mesmo a minha favorita, eu adorei a música que ela lançou. Apesar de algumas outras como a da Ciara e a da Wylla serem muito boas, Fendi Tingz com certeza foi a que mais mereceu. Queria tanto o comeback da Onika, será que um dia ainda vou estar viva para vê-la cantar de novo? Haha, a Onika é tipo aquelas cantoras com só uma música na discografia inteira mas que nós já nos consideramos fãs por tão boa que é a música. Inexplicável, mas muito bom.
Ellen: E para a categoria de Best Urban Solo Performance? A vencedora foi a Kiana com o single Cry An Ocean.
Agatha: Não poderia falar mais nada, a não ser que foi justíssimo. A Kiana conseguiu fazer um trabalho conceitual que teve pouca visualização, mas que ainda foi assim foi reconhecido pela bancada do Grammy. Ela também foi muito aclamada durante o lançamento dos seus EPs, apesar de eu revelar aqui que prefiro muito mais o Queen Of Moon. Cry An Ocean é uma obra de arte e fico muito feliz que ela tenha conseguido.
Ellen: Chegamos nas categorias de pop. Best Pop Solo Performance a vencedora foi a Rose com While I Sleep. Qual a sua opinião?
Agatha: Não é a minha música favorita da Rose, então eu não sei se posso opinar muito bem nessa categoria. A minha torcida estava indo para a minha amiga Reiko, que assim como eu, foi uma das maiores injustiçadas dessa premiação e saiu de mãos vazias. A Yves também tinha fortes chances de ganhar essa categoria, mas acabou perdendo... Me pergunto o que aconteceu para que fôssemos ignoradas na reta final pela bancada do Grammy, mas tudo bem, me contento com o que fui indicada.
Ellen: Em Best Pop Duo/Group Performance, os vencedores foram Kierah e Stefan Lancaster com a música In Your Heart. Você acha que eles mereceram ou você estava torcendo para outra pessoa?
Agatha: Não, super mereceram. Eu não conseguiria pensar em outra música que se encaixasse melhor na proposta da categoria e essa música é além de uma das minhas preferidas do ano passado, uma das minhas preferidas da vida mesmo, haha, sem exagero. Eu gosto do jeito de escrita melodramática da Kierah e do jeito um pouco esperançoso e sentimentalista do Stefan de retratar as coisas. Os dois juntos na música foi demais, além das vozes se complementarem e o instrumental ter sido um ótimo ajudante. Eles sem sombra de dúvidas arrasaram e mais do que mereceram serem os ganhadores desta categoria, Ellen, eu acho.
Ellen: E Best Pop Vocal Album? A Williams foi a vencedora com Aphrodite.
Agatha: Sim, eu achei que a Kierah ganharia essa categoria com o The Muse e que a Williams ficaria com o Album Of The Year, mas as coisas inverteram, haha. Eu gostei bastante da escolha da bancada, a Williams também era uma candidata que merecia e eu fico feliz por ela. É uma pena que Nina, Lilith e Rose não levaram, mas eu acredito que os álbuns delas são maravilhosos e que já é uma vitória por terem sido indicadas nessa categoria que é um pouco menor que as maiores da noite.
Ellen: E em por falar das benditas maiores da noite, vamos começar com elas. Em Best New Artist a vencedora foi a Banshee.
Agatha: Espero que a maldição do Best New Artist se afaste dela pois adoro o trabalho dela. Apesar de acompanhar o trabalho de muitos outros como a Harley Nox que eu amaria que tivesse vencido, inclusive ela vai lançar álbum em breve e eu espero que todos estejam lá para ver. Também tem a Glinda que eu amo o estilo, a Sherry com aquela música maravilhosa. Tantos talentos, mas em meio a eles, eu acredito que a Banshee tenha sido a que tenha mais se destacado mesmo e a que tenha atingido o maior pico de todos, fazendo com que ela mereça e muito a posição que ocupou de vencedora da categoria Best New Artist, rainha.
Ellen: A ganhadora doe Record Of The Year foi a Nina Chain com You’re In The Mood. Você gostou dessa decisão?
Agatha: Não é a minha música favorita dali, eu confesso, mas eu acho que achei justo, sim. Ela que produziu a música se não estou enganada, ela ou a Rose, então foi bem legal terem reconhecido o trabalho dela. Se ela tivesse pré-indicado Dancing With Your Ghost, eu com certeza não hesitaria em falar que foi justo, mas You’re In The Mood realmente não é a minha preferida dela e nem das indicadas na categoria, então sou suspeita a falar qualquer outra coisa aqui. Vamos para o próximo.
Ellen: Song Of The Year. A vencedora foi ninguém menos que Williams com Proud Of The Nation. E aí?
Agatha: A categoria que toca na ferida, né? Haha. Eu amo Proud Of The Nation, é sem dúvidas uma das melhores músicas da Williams e eu acho que ela fez muito por merecer o reconhecimento que obteve ao vencer essa categoria que é uma das principais. Eu fico muito feliz por ela, de verdade, mas nada me impede de algum dia aleatório no futuro invadir a casa dela, dopar os seguranças, dar carne com sonífero para o cachorro, burlar todos os sistemas de segurança, chegar ao quarto dela e pegar aquele troféu sorrateiramente enquanto ele dorme. Tô brincando, eu não vou fazer isso, mas se eu fosse a Williams começaria a dormir com um olho aberto, sim, hahaha.
Ellen: Bem... Por fim, a tão prestigiada Album Of The Year. A Kierah foi a vencedora com o The Muse. O que você achou?
Agatha: Eu nem preciso dizer muito. O The Muse foi o meu álbum preferido do ano passado e eu amei muito ver a Kierah vencendo. Eu vi algumas pessoas se mobilizando com tags no Twitter dizendo que o Chaos merecia ter levado o AOTY, mas eu infelizmente vou ter que discordar aqui. Eu queria ter vencido algo, sim, mas não acho que o Chaos seria a melhor escolha para o AOTY, nem eu gosto muito daquele álbum, então eu não apoiaria que fosse a vencedora da vez. Todos os que estavam ali, entretanto, mereceram bastante, mas a Kierah foi simplesmente genial e eu a parabenizo bastante por ter conseguido ganhar, não minimizem o trabalho dela, por favor! O The Muse é um álbum maravilhoso, recomendo muito!
Ellen: Então com todas as categorias comentadas, o que você acha de nos contar um pouco mais sobre a sua performance no Grammy? O que foi aquilo, garota? Foi muito comentada!
Agatha: Fico feliz que as pessoas tenham visto a minha apresentação, haha. Bem, como todos sabem, eu gosto de trabalhar com essa parte da simbologia, então todas as minhas performances vão ter muito disso. Isso não foi tão perceptível em Dark Diamond porque é algo mais eletrônico, mais descontraído, apesar da mensagem que a música traz. Nós resolvemos fazer algo bem bonito visualmente e que remetesse ao clipe, por isso utilizamos as máscaras como artifícios e algumas cenas refizemos ao vivo no palco. A plataforma gigante de diamante foi uma ideia maravilhosa ao meu ver que super agitou os nossos espectadores e que deu mesmo um clima de rave, iluminou tudo, foi muito legal. Acho que foi por esta razão que as pessoas gostaram tanto da performance. Mas como aqui trabalhamos com dualidade, enquanto uma música foi super alto astral a outra não foi nem um pouco isso. Eu quis mesmo provocar um clima sombrio no palco, foi a minha intenção e eu acho que consegui fazer isso de uma maneira muito boa. Os dançarinos com as máscaras medievais de médicos da praga também foram uma ideia muito boa que eu tive e que amei colocar em prática. Super combina com o conceito do single que vem criticando todas as nossas atitudes destrutivas em relação ao meio ambiente que acaba acionando o mecanismo de defesa do Planeta Terra, o que justificaria a pandemia pela qual estamos passando agora. Eu também termino a minha performance com a minha própria máscara e e me retiro do palco com os dançarinos logo em seguida. Pra dizer a verdade, essa performance teve muitas similaridades com o clipe que eu já gravei e que está em fase final de edição para ser lançado na semana que vem, garanto que está muito bom, não é porque eu que dirigi, mas está mesmo incrível, haha, espero que vocês gostem quando sair.
Ellen: Você também apareceu na performance da Banshee, onde ela cantou Torn, a parceria com você. Como foi ter subido no palco ao lado dela?
Agatha: Amei muito, aquela garota tem muita energia e eu acho que a gente se saiu super bem. A minha parte preferida sem sombra de dúvidas é a que usamos as guitarras e então as arremessamos no chão como verdadeiras estrelas do rock psicodélico, aquilo pra mim foi tudo, sempre tive vontade de fazer isso. A própria música tem um tom agressivo de raiva pelo que a letra relata e a performance também teve muito disso, então considero esse momento da guitarra o ápice da apresentação. A Banshee foi muito criativa, parabéns pra ela por ter pensado em algo tão bom assim.
Ellen: E além dessas performances que você participou, houve várias outras naquela noite, de quais você gostou?
Agatha: Eu gostei muito da Harley Nox e da Pandora Boxley. Os looks que elas usaram e todo o conceito da música incorporado à performance fez algo mágico e você assistia àquilo e sabia do que era, sabia o que estava sendo feito. O álbum da Harley vai ser lançado dia 12 de Abril e se continuar com esses conceitos que eu estou vendo, tenho certeza de que estará muito bom, as pessoas precisam conhece-la agora!
Ellen: E quanto a grande surpresa da noite?
Agatha: Ah, eu sei do que você está falando. A Williams grávida, meu Deus! Eu fiquei de queixo caído! Eu não sabia que ela tinha o desejo de ser mãe, mas agora que sei e que isso já está acontecendo, eu fico muito feliz por ela. Parabéns, Williams, eu sei que é o sonho e que agora vai ser realizado, então eu fico mesmo muito feliz por você. Que você e a sua cria possam viver momentos incríveis, desejo tudo de bom!
Ellen: Eu também desejo muita felicidade à Williams!
Agatha: Continuando a comentar sobre as performances que eu gostei, merece destaque a performance da Vienna Lorenzi com a Lola W, que foi super criativa. Eu me diverti tanto assistindo, vocês não têm noção! Elas não só foram criativas, como conseguiram ser muito engraçadas e cativante, foi uma das melhores apresentações da noite e com certeza merece ser vista e falada aqui. A cena dos quadros foi genial. Parabéns às duas pelo que fizeram, eu amei muito, de verdade.
Ellen: Mais alguma em especial, Agatha?
Agatha: Hum... Acho que a da Plastique Condessa, Ellen. Nós acabamos tendo ideias um pouco parecidas, eu consegui encontrar essa similaridade em nossas performances, como a máscara que ambas usamos no final. Eu ia usar uma de gás também, mas optei por ser uma de médico da praga. Além de todo o preto e penumbra que retratamos em nossas apresentações. Longe de mim estar acusando-a de algo, haha, apenas estou comentando. Gostei muito da performance dela também, foi uma das melhores da noite.
Ellen: Vamos, diga mais, o que você acha? Preciso que você fale bastante coisa para que a nossa entrevista fique bem grande, haha.
Agatha: Entendo, Ellen, entendo... Bem, eu gostei de todas as performances no geral. Da Nina, da Rose, da Brie, da Lilith, da Norma... Eu acho que a do Apollyon também foi muito bem feita, mesmo no Red Carpet com um espaço limitado ele conseguiu alcançar mais e fazer um verdadeiro show, foi muito criativo da parte dele, eu amei. Acho que só isso, Ellen, não tenho muito o que comentar, não, haha, acabou sobre o assunto.
Ellen: Nesse caso, eu gostaria de pedir que você explicasse mais sobre o conceito do single que você lançou agora, Regret, tem como? Não precisa aprofundar muito se não quiser, mas uma pincelada básica já deve bastar para situar as pessoas no contexto que você quis trazer para a música, na realidade que você explorou. Por favor, Agatha.
Agatha: É, a realidade que eu explorei é na verdade muito próxima já da nossa realidade, ou melhor, é a nossa própria realidade. É aquele tipo de música que você ouve pela primeira vez, acha que está entendendo, mas no final percebe que não entendeu nada, então tem que voltar e ouvir de novo com uma outra compreensão sobre o tema para poder entender a maior parte das entrelinhas. E ainda assim, após a segunda vez, você sente que tem mais que dá para ser cavado ali e não quer parar de ouvir até descobrir tudo e acaba gostando da música e se interessando por ser complexa e conceituada, ao mesmo tempo que tão melódica, inteligente e agradável.
Ellen: Essa é uma descrição verdadeira precisa e eu posso testemunhar pois me senti exatamente assim quando ouvi pela primeira vez, senti a vontade de ouvir várias outras vezes pra entender.
Agatha: Eu começo falando de uma morte, vou relatando o enterro e em tudo dou a entender de que é a morte da minha mãe, mas como todos sabem, minha mãe tá viva e muito saudável, então não poderia ser sobre ela. Muitos amigos vieram me mandando mensagem dizendo que enquanto ouviam a música, estavam completamente confusos e devastados, sem saber se a minha mãe havia morrido de repente, mas que então chegaram naquela partezinha do bridge em que eu digo uma coisa de diferente e tudo parece mudar. Bem, isso foi proposital. Eu queria causar esse choque e comoção mesmo para que as pessoas percebessem que a morte da natureza é como a morte de uma pessoa mesmo, até pior. A natureza é nossa mãe, como muitos dizem mãe-natureza, então tê-la morta é como ficar órfão mesmo. A música traz um ponto de vista do futuro em que nós já destruímos tanto o meio ambiente que tudo o que nos resta é arrependimento. Olhamos para trás e lamentamos por tudo o que fizemos, por termos ignorado o problema mesmo quando ele estava gritando na nossa cara que é grave, mas infelizmente não há mais nada o que fazer. É uma música para abrir os olhos das pessoas. Eu não quero que o futuro que eu canto em Regret aconteça, mas do jeito que as coisas estão caminhando, vai. E a Terra reage, não pense que não, pois ela reage. Seja por desastres naturais como terremotos, furacões, tsunamis, vulcões, ou por desastres biológicos como estamos vivenciando o vírus agora. A Terra reage, sim. Nós é que não reagimos aos seus gritos desesperados de angústia, às suas lágrimas de sangue e continuamos fazendo o que sabemos fazer melhor como humanos. Continuamos poluindo os rios, continuamos poluindo nossa atmosfera, nosso solo, nós continuamos destruindo a camada de ozônio, queimando florestas, matando animais a sangue frio. Nós fazemos tudo isso e são poucas as pessoas que abrem os olhos e veem o quão isso está destruindo a tudo e a todos, são poucos os que têm coragem de reagir agora para não precisar reagir no futuro e eu sou uma delas. Estou entrando nessa onda como um apelo, estou pedindo as pessoas um pouco mais de consciência, ou vamos acabar nos arrependendo da mesma forma ou pior no futuro, eu falo muitíssimo sério.
Ellen: Isso é muito profundo, Agatha, e o pior é que você está certa. No clipe que você disse que já gravou, teremos mais disso?
Agatha: No clipe já ficou bem claro toda essa mensagem, as pessoas terão uma melhor compreensão se ouvirem a música e estiverem assistindo ao clipe, eu juro. Eu adoraria lançar os dois juntos, mas infelizmente eu não podia pois simplesmente não havia sido editado por completo ainda e eu sou o tipo de pessoa que gosta que tudo seja lançado na medida de perfeição, malditos geminianos, então eu não poderia fazer isso por agora, mas acredite, é bem mais fácil e mais mastigado ouvir a música pela primeira vez enquanto se assiste ao clipe, espero que algumas pessoas tenham essa experiência, espero mesmo. Ai, cansei de falar, tô com sede.
Ellen: Bem, acho que agora podemos comentar sobre o que você estava querendo. Quer falar sobre os seus filmes e animes? O que você anda assistindo? O que nos recomenda?
Agatha: Provavelmente todo mundo já viu, mas eu vou falar mesmo assim porque esse filme é perfeito. O Poço é um filme espanhol que está dando o que falar por agora, e eu tenho um preconceito com essas obras que acabam ganhando conhecimento muito rápido, mas tenho que admitir que é um filme incrível. Eu comecei a ver bastante cética de que seria bom, mas me impressionou. É genial e muito bem pensado. A interpretação inicial que eu tive foi obviamente a de que aquilo seria uma crítica ao sistema capitalista, já que as pessoas dos andares mais elevados obviamente ficavam com mais comida do que as que estavam nos andares mais baixos. Mas não para por aí, também tem uma crítica ao socialismo quando os personagens principais tentam fazer uma distribuição igualitária de comida, mas percebem que precisam usar da violência para convencer todos a dividirem, o que acaba resultando em uma falha do sistema. O pior é que essa é apenas a camada superficial do filme, tem muitas entrelinhas que eu demoraria horas aqui se quisesse falar de todas, é muito complexo, mas ao mesmo tempo muito simples.
Ellen: Pode demorar o tempo que quiser.
Agatha: Haha, ok. Pelo o que entendi, havia comida suficiente para todos ali, já que perguntam o prato favorito da pessoa e todos os dias preparam esse prato. Pela minha concepção, se todos comessem os seus pratos favoritos todo dia, haveria comida o suficiente para todos. Eu acho que eles estavam tentando fazer um experimento social, na verdade já é bem claro, já que uma das personagens revela isso quando diz que o objetivo é gerar solidariedade espontânea. Sobre a tal panna cotta, eu acho que ninguém a pediu como comida favorita e que esperavam que a panna cotta chegasse intacta lá em cima para provar que todos deixaram comida para todos, é a minha lógica. O que acontece é que acabam enviando a criança no final. Eu tenho minhas dúvidas de que a criança realmente exista, já que todo o filme é cheio de referências ao livro de Dom Quixote e este personagem era conhecido pelas suas alucinações, confundindo moinhos de vento com monstros. Nada me impede de pensar que o Goreng, o personagem principal, estava tendo alucinações com a garota e que ela não existia de verdade. Seguindo essa minha teoria, a panna cotta chegou lá em cima de qualquer jeito, mas ainda assim, não foi gerada a solidariedade espontânea, já que o Goreng e o Baharat precisaram matar metade do Poço para conseguir esse objetivo, então as pessoas foram forçadas a deixar a panna cotta subir, não fizeram isso por livre vontade, o que mais uma vez conta ponto como uma falha desse sistema. É um filme muito bom para se refletir e passar horas pensando e com certeza já é um dos meus preferidos desse ano. Eu também estou numa maratona de todos os filmes dos Estúdios Ghibli, que muitos consideram como a Disney japonesa. A Netflix liberou em seu catálogo todos os filmes dos Estúdios Ghibli recentemente, menos o Túmulo dos Vagalumes, uma pena. Eu assisti A Viagem de Chihiro, que para mim foi um dos melhores filmes que já vi na minha vida inteira. O roteiro é bem escrito e a animação é muito bem feita. Não é a toa que é a única animação estrangeira a ter ganhado um Oscar, isto é, a única animação cuja origem não é nos Estados Unidos, mas sim no Japão. O seu diretor é o Hayao Miyazaki e ele é um gênio, estou estudando muito sobre as suas obras nos últimos tempos e estou percebendo isso. A Viagem de Chihiro ao mesmo tempo que é um filme infantil trata de assuntos adultos de uma maneira muito suave e passa uma lição de moral excepcional de amadurecimento através da nossa personagem principal, a Chihiro. Ela começa sendo uma menina chata e birrenta e acaba sendo responsável, inteligente e preocupada, além das críticas ao sistema capitalista que também são bem presentes nessa obra. O ambiente é uma casa de banhos para demônios e mostra a ganância cada vez maior das pessoas e isso é algo que eu gosto, é inclusive um dos temas do meu segundo álbum de estúdio, então eu com certeza vou tomar A Viagem de Chihiro como inspiração para o processo criativo, filme fantástico. Eu também assisti ao filme Meu Amigo Totoro que fez parte da infância de muita gente, mas infelizmente não fez parte da minha, eu vi esse filme pela primeira vez há uns dias. Não gostei tanto quanto A Viagem de Chihiro, provavelmente porque o filme tem essa pegada mais infantil e como eu não vi quando era criança, perdeu boa parte da mágica para mim, mas continua sendo um filme incrível e eu com certeza recomendo. Apesar de ser infantil, consegue tratar alguns temas bastante adultos como a doença da mãe de maneira maravilhosa e natural. É bom para que as crianças compreendam a naturalidade da doença e da morte que são coisas recorrentes em nossas vidas e precisamos nos acostumar desde cedo. Fora que os personagens são super carismáticos, principalmente o Totoro, que é o espírito da floresta que está lá acompanhando as duas irmãs. A minha cena preferida sem sombra de dúvidas é aquela em que está chovendo e as duas precisam esperar o pai que está voltando da faculdade, mas o ônibus acaba atrasando e elas ficam sozinhas no escuro, no meio de toda aquela tempestade e aí o Totoro aparece para confortar elas, para lhes proporcionar segurança e distração naquele momento de aflição até o pai chegar. É realmente uma cena muito linda e que derreteu meu coração. Meu Amigo Totoro por completo é um filme muito tocante e eu amei assistir, recomendo demais para todo mundo. Eu ainda não vi mais nenhum outro filme dos Estúdios Ghibli, o meu próximo é Princesa Mononuke e assim que eu assistir, vou tentar dar feedback de alguma forma pois eu amo falar sobre isso.
Ellen: Já que você está falando de filmes, eu também vou falar. Eu assisti uma obra indiana esses dias chamada Jogo na Escuridão. Um amigo havia me dito que o filme não era muito bom, então comecei a ver com um pé atrás, mas eu me impressionei porque eu realmente gostei. O filme conta a história de uma desenvolvedora de jogos ou designer de jogos, não consegui acompanhar isso muito bem. Ela tem medo do escuro, não pode ficar sozinha no escuro porque começa a lembrar de traumas do seu passado, esse tipo de coisa, porque ela foi sequestrada e estuprada pelo que eu me lembro. Enfim, essas lembranças vêm sempre no período próximo ao Ano Novo porque foi quando tudo aconteceu e o filme se passa um ano após esses acontecimentos e ela tem que fazer terapia, mas acaba se jogando do prédio da terapia, é muito pesada essa cena. Bem, ela sobrevive, mas fica com as pernas quebradas, o que a força a andar de cadeira de rodas pelo resto do filme. O que eu acho interessante é que a partir desse ponto, as coisas caminham de um jeito que parece que vão melhorar para ela. O filme até abandona mais as cores escuras para dar lugar a cores claras e a luz do Sol. Nisso, ela descobre que uma tatuagem que tinha havia sido feito com cinzas mortais de uma pessoa. Essa tatuagem estava lhe gerando uma dor desde o início do filme e ela não sabia o motivo. Tudo começa a ficar mais sombrio quando assassinos invadem a sua casa e matam a sua acompanhante, a Kalamma, que vivia com ela. Ela pensa que é somente um cara, que acaba entrando na casa e a matando-a, decepando a sua cabeça, mas as coisas não acontecem como seria intuitivo. Ela acaba voltando a momentos antes de tudo aquilo acontecer e é nesse momento do filme em que temos uma visão de que na verdade a garota tinha três vidas, que a tatuagem representava isso, como mesmo num jogo de videogame. Ela tinha três chances de sobreviver àquele momento. A segunda vez também não acontece como o planejado, a Kalamma morre, mas ela foge da casa com um policial, entretanto o carro do policial pega fogo no motor e explode. É aí que ela descobre que são três assassinos, não apenas um, pois os vê pelo retrovisor pouco antes dessa morte. Sua terceira e última chance é bem sucedida, ela se prepara bastante, acaba enfrentando o seu medo do escuro e mata todos os três assassinos. O filme acaba exatamente nos minutos do ano novo, em que vemos a protagonista toda suja de sangue, com as pernas engessadas, encostada na parede, muito cansada e podemos ouvir os fogos no fundo. A cena é muito macabra, mas acaba conectando bem todo o filme e eu gosto disso. A ideia pode parecer bastante absurda na primeira vez, mas quando você acaba o filme e pensa nisso, é muito boa, eles sempre jogaram pistas na nossa casa. A mãe da menina cujas cinzas estavam na tatuagem da garota, disse que a filha dela tinha escrito algo: “Você tem duas vidas: a segunda começa quando você descobre que só tem uma.”, além de um poster no quarto dele com os dizeres “E se a vida for um videogame e deja vus forem checkpoints?”, tudo isso são pistas de que aquilo ia acontecer, já que quando ela voltava para momentos antes de morrer, ela se lembrava de tudo, como um deja vu, explicitando ainda mais esses checkpoints. O filme é cheio de referências do tipo e é preciso assisti-lo mais vezes para entender todas, por isso eu gostei. Esse meu amigo gosta de terror, e o filme é realmente fraco nesse quesito, mas eu gosto da história e do roteiro olhando não como um filme de terror, mas como um filme simplesmente para entretenimento, de suspense e mistério.
Agatha: Esse filme é perfeito, com certeza eu vou querer assistir, já vou adicionar na minha lista na Netflix.
Ellen: Adicione, Agatha, você não vai se arrepender.
Agatha: Arrepender? Já deu stream em Regret hoje?
Ellen: Hahahaha, com certeza dei e muito!
Agatha: Amo, todos vocês de casa já sabem o que fazer durante a quarentena, né? Ouvir Regret e assistir os filmes que eu e a Ellen recomendamos aqui, vocês precisam fazer isso, haha!
Ellen: Bem, Agatha, agora eu gostaria de te chamar pra participar de um jogo, pode ser? Um jogo bem simples e fácil.
Agatha: Ok, por mim tudo bem. Manda aí. O que você tem em mente?
Ellen: Eu vou te dizer a parte de uma letra de uma música aleatória e você vai ter que adivinhar, ok? Parece difícil?
Agatha: Não, na verdade parece bem fácil, mas eu sinto que não vai ser nem um pouco porque você vai pegar as piores músicas existentes para me fazer errar, não é, Ellen? Eu te conheço.
Ellen: Sim, basicamente isso mesmo, haha.
Agatha: Ok, acho que podemos começar.
Ellen: A primeira é: “Um final ruim está vindo; Não é um momento colorido; Cinza em todo lugar; As coisas malditas estão vindo”. Qual é a música?
Agatha: Eu tenho certeza de que é a nova dos Shadows Of The Night, Colorful. Acertei? Acho que é esse o nome...
Ellen: Certa resposta! Essa foi fácil porque eu queria que você entendesse como funciona a nossa brincadeira. Entendeu direitinho ou quer mais uma rodada-teste? Alguma dúvida?
Agatha: Não, não, tudo certo. Pode continuar.
Ellen: A próxima é: “Agora eu tenho que correr; Correr, correr, correr; Correr sobre o Sol”. Que música é essa?
Agatha: Hum, realmente tá difícil. Pelo que você disse, o nome provavelmente é Run, só preciso pensar em alguém que tenha uma música com esse nome, deixa eu ver... É Run do HY!PER?
Ellen: Certa resposta! Tá afiada, hein, garota? Vamos para o próximo: “Mas aquela questão ainda assombra o meu coração; Onde minha jornada começa?; É, é real, a hora está chegando; De deixar essa estradinha”. Você consegue me dizer que música é essa, Agatha?
Agatha: Consigo, eu acho. É Journey do Stefan Lancaster? Está fácil!
Ellen: Acertou novamente! Bem, já que você está reclamando que está fácil, vamos dificultar um pouco as coisas...
Agatha: Não, por favor! Tá ótimo do jeito que tá!
Ellen; Haha! Vamos lá: “Eu só brilho no escuro; Correndo pelo mundo; Não fique com medo se eu for longe demais”. Eu não cantei a parte do refrão que diz a letra da música justamente para dificultar.
Agatha: Ok, esse realmente eu não faço a menor ideia. Tá muito difícil, mas eu não vou desistir! Já que Dark no final do primeiro verso, rima com Far no final do terceiro verso, eu tenho que admitir que há uma rima com World do final do segundo verso para ver uma boa harmonização da música e a única rima para World é Girl, então se eu for muito sortuda, o nome da música é alguma coisa Girl... Deixa eu ver, The Girl You Want da Reiko não é... Nem Stupid Girls da Lilith, haha, eu saberia, conheço a letra. Uma música com Girl... Deixa eu pensar, por favor! Não quero desistir!
Ellen: Vamos, Agatha, nem é tão difícil.
Agatha: Espera, é Neon Girl da SUPERNOVA?
Ellen: Acertou! Viu que tava fácil?
Agatha: Nossa, não sei como esqueci. Os versos estavam dando na cara, haha. Só brilho no escuro, claro, tinha que ser Neon Girl. Até foi vencedora da Best New Track pela Pitchfork, eu sempre acompanho e acabei me esquecendo dessa música especificamente.
Ellen: Acontece, Agatha. Não é sempre que dá pra lembrar, já houve muitas Best New Tracks, só você tem seis. Então é natural que você esqueça de alguma, mas felizmente você lembrou.
Agatha: Desculpa pela gafe, meninas. Vamos para o próximo?
Ellen: Sim. “O jeito que ela me diz que eu sou dela e ela é minha; Mão aberta ou punho fechado seria legal; O sangue é raro e doce como vinho de cereja.” Que música é essa, você conhece?
Agatha: É fácil, até. Eu ouvi essa música recentemente e adorei, até comentei com a Nessie, que é a cantora dessa música, a Nessie Mallory, comentei com ela que adorei a música e se tinha entendido certo o conceito, sobre abuso doméstico. É uma música muito forte, eu amei. A resposta correta é Cherry Wine, como eu já disse, da Nessie Mallory.
Ellen: E ponto outra vez! Como você sabe tanto sobre músicas?
Agatha: Ah, eu acompanho bastante os lançamentos, sempre estou por dentro de tudo o que sai de novo por aí, eu gosto muito de estar nesse mundinho da música em que toda coisa nova que sai eu tenho que ouvir e formar a minha opinião, acho que já ouvi todas as músicas do final do ano passado pra cá, sou quase uma psicopata da música.
Ellen: Eu só tenho mais uma música aqui e essa é um pouco difícil. Não sei se você vai acertar, mas espero que sim porque você está se saindo muito bem. Ela é assim: “Eu acho que tive que me sentir sozinho para perceber que eu estava feliz; Mas agora eu não consigo voltar para a superfície”. Composição digna do Chaos, hein? Eu pessoalmente amo essa música, mas e você? Você sabe qual é essa música, Agatha?
Agatha: Vou ser bem sincera: não. Se eu tivesse algum apoio da melodia eu com certeza saberia, mas só com a letra solta assim, eu não sei se consigo lembrar. Ai, Ellen, muito difícil.
Ellen: Não é difícil, não. Vai querer desistir ou quer insistir? Talvez você lembre como aconteceu com Neon Girl.
Agatha: Você pode ao menos me dar uma dica? Por favor.
Ellen: Tudo bem, única. Eu falei o nome da música nesses versos, haha. Ficou muito mais fácil agora, você consegue.
Agatha: Alone? Happy? Go Back? Surface? Alguma dessas? Go Back não é pois é um nome muito feio e acho que as pessoas não colocariam isso no nome de uma música. E acho que Happy não se encaixaria no conceito da música, o que me deixa em dúvida entre Alone e Surface. Por Alone eu só consigo lembrar da música da Rose, mas também tem cara de ser algo que a Lilith cantaria. Eu não tenho certeza se é de alguma delas... Surface eu não consigo lembrar de nenhuma música com esse nome... Ai, Ellen, dá outra dica, só mais uma, ajuda aí, vai!
Ellen: Não posso, Agatha. Está muito na cara, estou me coçando, coçando a minha língua para não falar agora, haha.
Agatha: Eu lembro de Alone da Rose, eu acho que não é. Uma música com Surface... Tem aquela do Apollyon, não? Mas eu não me lembro da letra. É Surface do Apollyon? É essa?
Ellen: Resposta correta! A música é essa mesma. Sabia que você conseguiria adivinhar, você mesma disse que acompanhou todos os lançamentos, só você poderia saber disso, você que é a nerd expert em músicas e lançamentos aqui, Agatha, haha, meus mais sinceros parabéns.
Agatha: Eu lembrei do Apollyon de repente porque no meio das minhas reflexões sobre uma música com Alone, eu comecei a pensar no Grammy que eu perdi todas as categorias novamente e aí lembrei dele e acabei lembrando magicamente dessa música, acho que nem entrou nos charts. Você pegou pesado nessa, hein? Que maldade. Nunca ia acertar em circunstâncias normais. Tem mais alguma?
Ellen: Infelizmente essa foi a nossa última música, Agatha. A produção não preparou mais nada, mas ainda há tempo para conversarmos se você quiser. Assunto é o que não falta entre a gente, né? Vamos lá: me diz sobre o que você quer falar agora.
Agatha: Você que é a entrevistadora, me pergunta você.
Ellen: Grossa, tá. Eu fiquei sabendo que você participou daquele reality show BBC que é a sigla para Big Brother Celebrities se não estou errada, e além disso você ficou só um episódio se não me engano. Então conta aí como foi esse período lá, o que aconteceu?
Agatha: Ah, o BBC, é verdade. Eu entrei no segundo episódio e só fiquei durante ele. Eu estava fazendo mais uma participação especial ali, entende? Me chamaram pra aumentar a audiência do programa e eu aceitei. Também não poderia perder a chance de dar uma esfriada na cabeça e ficar com aquelas pessoas super good vibes.
Ellen: Com quem você mais se relacionou na casa?
Agatha: A Banshee estava lá, então eu tive bastante contato com ela. Foi a minha amiga lá dentro, haha. Rendemos bons momentos juntas e eu adorei conhecer mais ela e todos os outros também.
Ellen: E o que você achou de ter ido pro paredão mesmo na sua única participação? Ficou chateada? Como foi?
Agatha: Olha, Ellen, vou ser sincerona aqui. Não fiquei chateada, não. Eu era muito grande para aquele programa, as pessoas me viram como uma ameaça e quiserem me tirar, simplesmente isso. Compreensível dentro de um reality show, não guardo mágoa de ninguém, só do Elliot por existir porque eu detesto aquele homem e é isso aí, paz e amor.
Ellen: E das pessoas novas? Você teve a chance de conhecer alguém? Como foi essa experiência social lá dentro?
Agatha: Poxa, Ellen, como eu disse, não conversei com muita gente, mas pude conhecer a Vitória, a Wylla, a Celeste, a Liebe, a Lola, a Sophie, a Miyu, a Mirella... Todas elas foram legais. Com exceção da Vitória, claro, com quem eu tive alguns desentendimentos, mas não levei nada pra fora da casa, inclusive a Vitória nem existe mais, então não tem porque guardar ressentimentos, rancor, nem nada. Entrei como diversão, fiquei lá sabendo disso e saí com a cabeça erguida porque vencer nunca foi meu objetivo.
Ellen: Fico muito feliz de ver que você se divertiu, é o principal afinal de contas. Por fim, uma última pergunta que eu acho muito importante: o que você achou da vencedora? Que foi a Sophie.
Agatha: Pra mim tanto faz, eu não conhecia muito ela, então não me importava. Minha torcida ia pra Lola porque eu já conhecia ela da minha antiga gravadora, mas pelo que eu sei, ela ficou em segundo lugar e essa já é uma ótima colocação. Parabéns, Lola, pela sua conquista.
Ellen: Agatha, eu amei ter você aqui no programa hoje, sabe? Tudo o que você nos contou foi muito verdadeiro, muito sincero, muito tocante e muito profundo, principalmente na parte da entrevista que você comentou sobre o conceito de Regret que realmente nos deu um sacode para a realidade. Obrigada por ter aceitado o nosso convite para participar do programa, você é um amor de pessoa e esperamos que apareça aqui mais vezes, sério, você tá sumida.
Agatha: Depois de que me mudei para Londres está mais difícil vir a América, mas eu prometo que vou tentar, Ellen, por você.
Ellen: Que fofa, obrigada. Bem, para encerrar a nossa entrevista, você poderia cantar um pouco para gente, que tal?
Agatha: Então eu vou cantar duas músicas, ok?
Ellen: Como você preferir, nos entretenha!
Agatha: Pode deixar, vamos nessa!
Agatha se levanta e canta a música Regret, que é o lead single do seu novo álbum de estúdio ainda sem nome ou data de lançamento confirmados. Durante a apresentação, a cantora entoou os seus versos com bastante melancolia e peso, fazendo poucos movimentos a partir do momento em que a guitarra começava no instrumental. Ela aproveitou para cantar a música Ambitions, que está na mixtape Dark Diamond Music Vol. 1 com Klaus Henderson. Apesar dos vocais serem originalmente da artista Brie, a própria Agatha cantou a música, de forma bem mais animada do que Regret. Toda a parte lírica foi feita por Agatha, além de a música também estar creditada em seu nome graças ao duo que formou com Klaus. Ela cantou os versos com bastante animação, considerando o agito da música e terminou a sua apresentação sendo bastante aplaudida por todas as pessoas na plateia que até gritavam o seu nome. Para encerrar essa apresentação, a cantora ainda aproveitou para lembrar que Regret estava disponível como single em todas as plataformas digitais de streaming como o Spotify e o Deezer e que Ambitions estava disponível como faixa por enquanto na tal mixtape Dark Diamond Music Vol. 1, a qual ela disse ser inteiramente boa e recomendou que as pessoas fossem ouvir e dessem muitos streams. Com isso, ela se despediu de todos e deixou o palco agradecendo pelos aplausos e pela oportunidade.