Post by aquaphorrecords on Apr 23, 2020 21:31:34 GMT -3
O programa noturno da Globo, Conversa com Bial, Pedro Bial debate e propõe o diálogo sobre assuntos contemporâneos, do Brasil e do mundo, com seus convidados. A convidada da vez é a cantora árabe Norma Claire, que está no Brasil pela primeira vez, se apresentando no festival Rock in Rio pela primeira vez. No programa de hoje, Bial e Norma irão conversar sobre foco, paciência e dedicação para alcançar o estrelato. Eles também falam sobre outros grandes artistas da indústria, esses que Norma pretende alcançar um dia.
Pedro Bial: Boa noite pessoal. Hoje estaremos recebendo uma convidada diferente do que somos acostumados. Ela canta, ela se expressa, ela não tem vergonha de dizer sua verdadeira essência. Uma salva de palmas pra Norma Claire!
Norma Claire: Boa noite pessoal, boa noite Bial. É um prazer estar aqui. Engraçado que pela minha passagem no Brasil, só estou participando de programas cultos como esse. Acho que o público me vê assim, com uma imagem, digamos que mais adulta, né?
Bial: É admirável quando um artista tem esse tipo de presença. Você vê, você pensa Norma Claire, e já impõe um respeito. É de se estufar o peito, o que não é muito normal para artistas novatos nessa indústria musical. Como você acha que conquistou isso?
Norma: É até um pouco irônico, porque eu não estou começando diferente do resto. O gênero que canto é tão jovial, tão atual e comum, que quando comecei, eu esperava ter a imagem de genérica ao invés desse respeito. Mas eu vejo isso como uma evolução na sociedade. Será que se eu chegasse lá em 2000, com 37 anos, um hijab, seria tão bem aceita quanto sou agora em 2020? São questionamentos que valem a pena. Eu não acho que conquistei essa posição e respeito. Eu acho que foi um presente, um dos melhores que eu já pude ter.
Bial: Bem, nós conhecemos outros artistas que assim como você, alcançaram um nível alto. Talvez não tão diferentes feito você, mas conquistaram, e é isso que pretendemos falar hoje. Nós separamos uma lista feita pela Billboard, do ano passado, antes de você debutar, sobre alguns artistas. Hoje vamos falar sobre eles e nos perguntar como eles alcançaram o posto que chegaram. A gente começa com os artistas mais aclamados do ano, e no topo da lista temos a Kierah. E então?
Norma: Canso de falar o quanto gosto de Kierah, o quanto a admiro. Ela é alguém incrível. E veja bem, ela conquistou um posto de sucesso sem precisar estar no topo das paradas, e nem sempre estar na boca do povo. Mas sua qualidade, sua aclamação, é necessário o suficiente para deixa-lo no topo de uma das listas que pra mim, é uma das mais importantes que pode existir no mundo artístico. Confesso que concordo e muito com o prêmio de Album of The Year para o álbum The Muse. Tem produções incríveis, letras emocionantes, tudo que um álbum realmente deve ser. É como um exemplo, né? Você pensa: uau, quero um álbum assim. Acho que foi assim que ela alcançou seu posto.
Bial: É raro ver pessoas com um bom gosto, né? Aqui no Brasil, principalmente, a música que o público consome não tem metade da qualidade que o povo dessa lista carrega. O que você acha?
Norma: Acho que aclamação e sucesso raramente são coisas que conseguem andar lado a lado. E isso é compreensível. Sempre vai haver aquele som mais comercial, para dominar as paradas, estar no fone de ouvido do pessoal. E sempre vai haver aquele som mais caprichado, profundo, que tem mais intuito de agradar do que realmente fazer sucesso. É normal. Agora, quem consegue os dois, pra mim é digno de aplausos. Por isso não poupo elogios a Plastique Condessa, Agatha Melina, Williams e Reiko. Ainda não sei se um dia posso me juntar ao seleto grupo delas, né? Meu primeiro álbum ainda nem saiu.
Bial: O próximo é Kevin Whack...
Norma: Ótima pessoa. Muito gentil, sociável. Ele sempre estava comigo e com Lazuli, e pelo ocorrido com ela, acabamos perdendo um pouco do contato. Mas muito me surpreende ele estar em segundo lugar. Não sou fã de suas partes líricas, mas eu parabenizo e muito suas produções. Fluídas, boas de ouvir e detalhadas. A espera de seu álbum valeu a pena, tanto a pena que chegou a esse nível, não? Fico ansiosa por uma música dele com Lazuli, os dois juntos. Gosto de ver como ele cresceu, e espero crescer organicamente dessa forma também.
Bial: O que acha que aconteceu com Lazuli?
Norma: Acho que o que ela teve foi azar. Ela cresceu, foi gigante, e ela podia crescer ainda mais. Mas diferente de outros artistas, sua fama teve preços altos pro seu estado psicológico. Seu sequestro, tortura, possivelmente com o presidente do Brasil envolvido, foi algo traumatizante. Quem viveu aquela aflição, ao vivo, sabe como deu pena. Isso fez muita gente se questionar se ser famoso valia a pena, inclusive comigo. Eu não comecei a minha carreira naquela época por medo, muito medo por sinal. Valia mesmo a pena eu me submeter a situações tão assustadoras assim? Acho que todos os artistas tem esses medos, seus próprios medos. Nós não somos esses artistas, esses heróis, que a indústria tenta moldar. Nós sofremos também. As vezes, queria ser esse exemplo de perfeição que propagam. Acho que não teria toda essa pressão.
Bial: Em falar em pressão... os próximos da lista são o Shadows of the Night.
Norma: Outros que não tem o mesmo valor que deveriam! Oh, porque o pessoal não ouve essa galera tão talentosa? Acho que pressão é a palavra perfeita que casa com eles. A música deles tem um pesar, tipo os da Agatha Melina, mas é diferente. Não é um pesar que dá nó no estômago. É um pesar que você ouve e pensa “Ai meu deus, isso é muito eu. Eu sinto isso e eu sou isso.” Entende?
Bial: Vamos cortar a programação pra um anúncio urgente do presidente Jair Bolsonaro junto com o ministério da saúde sobre a situação do covid-19.
Bolsonaro aparece com uma máscara no olho já que o lerdão não sabe colocar uma simples máscara, ao lado de dois cientistas. Ele lê um roteiro meio amassado e fala:
Bolsonaro: As recomendações de prevenção à COVID-19 são as seguintes:
Lave com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienize com álcool em gel 70%.
Ao tossir ou espirrar, cubra nariz e boca com lenço ou com o braço, e não com as mãos.
Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
Ao tocar, lave sempre as mãos como já indicado.
Mantenha uma distância mínima de cerca de 2 metros de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
Evite abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico, mas sempre com um sorriso no rosto.
Higienize com frequência o celular e os brinquedos das crianças.
Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
• Mantenha os ambientes limpos e bem ventilados.
Evite circulação desnecessária nas ruas, estádios, teatros, shoppings, shows, cinemas e igrejas. Se puder, fique em casa.
Se estiver doente, evite contato físico com outras pessoas, principalmente idosos e doentes crônicos, e fique em casa até melhorar.
Durma bem e tenha uma alimentação saudável.
Utilize máscaras caseiras ou artesanais feitas de tecido em situações de saída de sua residência.
Um abraço e fora PT! Deus tá com a gente galera. Não acredite em Fake News ok? Beijos galera!
Nisso, o Conversa com Bial já retorna com Norma Claire performande Believer, seu novo single. Enquanto ela canta, Pedro Bial segura o CD do Make me Believe, e distribui pro resto da plateia. Pedro Bial ainda põe no telão a data e horário que Norma irá se apresentar. A câmera foca em Norma cantando o refrão da música e os créditos sobem, encerrando o programa.