Post by andrewschaefer on Jun 4, 2020 22:31:36 GMT -3
Divulgando o single Blasphemy, o seu segundo álbum de estúdio Violence e a faixa Revolution, a cantora e compositora romena Agatha Melina participou de uma entrevista no programa de televisão norte-americano The Tonight Show starring Jimmy Fallon, onde conversou com o apresentador Jimmy Fallon através de vídeo-chamada para evitar contato graças à pandemia de covid-19, e também porque Agatha estava em Londres e o programa acontece nos Estados Unidos. Na verdade, esta entrevista é uma continuação de uma entrevista que foi feita na semana passada, mas que por problemas técnicos, não pôde ir ao ar no dia em que estava marcado.
Em sua entrevista com Jimmy, Agatha comentou sobre diversos assuntos como a pandemia e os protestos que estão ocorrendo ao redor do mundo contra o racismo e o fascismo. A artista ainda continuou a sua saga em explicar detalhadamente cada uma das músicas do seu segundo álbum estúdio, o Violence, falando sobre as músicas da segunda metade desta vez. Por fim, ela comentou sobre assuntos aleatórios com o apresentador e cantou algumas músicas para marcar a sua participação no programa.
Jimmy: E nós estamos de volta com a magnífica e talentosíssima Agatha Melina! Boa noite, eu sou o Jimmy Fallon e este é mais um The Tonight Show! Espero que vocês estejam bem em casa, protegidos do coronavírus... Mentira! Espero que vocês estejam nas ruas, gritando e protestando contra o racismo e o fascismo porque é exatamente isso que deveriam! Deixem-me apresentar novamente, meu nome é Jimmy Fallon e eu sou antifascista e contra o sistema racista que o nosso governo sustenta! Muito boa noite, vocês estão em mais um episódio de The Tonight Show!
Agatha: Uau, que introdução inspiradora! Boa noite, Jimmy.
Jimmy: Boa noite, Agatha! Como estão as coisas aí em Londres?
Agatha: Bem, recentemente o governo afrouxou as normas de isolamento e as pessoas já estão podendo sair de suas casas mais frequentemente, o vírus aqui já está entrando em uma curva decrescente. Que bom que todos respeitaram a quarentena para que isso acontecesse.
Jimmy: Isso é muito. Sabe o que nosso governo fez? Matou um homem inocente de uma forma brutal!
Agatha: É, eu fiquei sabendo pelas notícias... Um verdadeiro horror. Pelo que vi, o mesmo policial que cometeu esse crime já tinha dezoito advertências. Eu fico preocupada pensando o motivo de uma pessoa com dezoito advertências continuar trabalhando normalmente e fico mais preocupada ainda pensando que pode haver outros milhares de policiais espalhados pelos Estados Unidos ou até mesmo pelo mundo com tantas advertências quanto ou mais e que ainda exercem a sua função normalmente. Como podemos confiar a nossa proteção e segurança a alguém assim? O sistema está quebrado e precisa ser revisto se não quisermos entrar em um colapso.
Jimmy: Eu sinceramente acredito que já está entrando e uma das principais provas disso são as manifestações que estão acontecendo desde a última chance. Você anda acompanhando os noticiários, não é? A coisa aqui está realmente caótica e violenta, acredita?
Agatha: Gostei do trocadilho. Bem, sim, eu acompanho as notícias e estou vendo como está a situação aí, Jimmy, eu sinto muito, mas é algo necessário que temos que fazer, entende? Ninguém derruba um governo fascista, um sistema racista com buquês de flores. Eu era uma adepta até um tempo atrás da frase “Não se combate violência com violência”, mas desde que escrevi o Violence a minha visão sobre isso mudou completamente. É claro que se combate violência com violência. Se estão sendo violentos, precisamos mostrar que somos tão violentos quanto ou mais! Quem sabe assim nos ouçam, quem sabe assim possamos ter voz. Nenhuma grande revolução no mundo aconteceu com diálogo. Diversas cabeças foram cortadas na guilhotina para que a Revolução Francesa acontecesse, a população não dialogou com o rei e disse que estava com fome, eles tiveram que ser violentos para combater a violência. Inclusive é essa uma das principais temáticas do Violence, usar fogo contra fogo, eu acredito que é o único jeito de conseguirmos ter um mínimo reconhecimento nisso que falsamente chamam de democracia. Tudo isso é um grande absurdo para mim, entende?
Jimmy: Eu posso ver que você está cheia de raiva, eu gosto disso! Queria muito que você estivesse aqui para nos ajudar com os protestos, tenho certeza de que você faria algo nessa sua fase ativista.
Agatha: Ah, eu com certeza eu faria. Infelizmente, estou impossibilitada de ir para os Estados Unidos com tudo o que está acontecendo agora ainda por causa do vírus, então estou tentando ajudar do jeito que posso, através de petições que estou divulgando e assinando e enviando dinheiro para pagar a fiança de quem for preso nos protestos e também para que eles comprem recursos como bandeiras, posters e banners para ajudar nas manifestações. Estou tentando ser bastante ativa nisso mesmo estando longe porque acho que isso ajuda bastante também.
Jimmy: Com certeza ajuda! Eu também não posso fazer muito porque convivo com pessoas que fazem parte do grupo de risco da covid-19 e não posso arriscar contrair a doença e passar para um deles, então estou dando o apoio financeiro que posso e que acho necessário para que eles continuem os protestos, sou totalmente a favor do que está acontecendo no nosso país e espero que consigamos alguma mudança!
Agatha: Entendo, fico feliz que você esteja fazendo a sua parte mesmo assim. É muito bom ver que você está se posicionando e tentando ajudar da maneira que pode e acha melhor. Aprecio isso.
Jimmy: Muito obrigado. Mas bem, falando de revoluções, eu vi que a sua música Revolution começou a crescer nos últimos dia. Esta foi a última faixa da qual falamos na semana passada e agora estamos vendo-a ter esse crescimento repentino, o que você acha de tudo isso? O que está ocasionando essa subida na sua opinião?
Agatha: Na verdade, eu sei exatamente o motivo de estar subindo. Eu recebi diversos vídeos recentemente em que as pessoas iam às manifestações e começavam a cantar Revolution, tocar em meio à multidão e eu fico muito feliz de estar tendo este reconhecimento. No final das contas, acredito que não houve momento melhor para lançar o Violence pois com certeza deve ter encorajado algumas pessoas à saírem nas ruas e lutarem pelos direitos e por igualdade. Revolution não foi uma música escrita originalmente para combater o racismo e o fascismo, primeiro porque eu não tenho local de fala para fazer uma música exclusivamente sobre racismo e segundo porque esse tema político eu deixo para abordar mais tarde no álbum. A revolução da qual eu estava falando era contra o machismo e o sexismo na sociedade, a favor do feminismo. Mas as pessoas estão tocando e cantando nas ruas mesmo assim porque representa uma revolução também, que eu sinceramente acho que é o que estamos passando, essas manifestações e protestos estão muito intensos. Bem, um dos versos específicos da música vem ganhando uma certa notoriedade “Are we f*cking back to the dark age? Black death has a different meaning now”. Para quem não sabe, a black death ou peste negra foi uma doença que se alastrou por toda a Europa durante a Idade Média, uma pandemia para os padrões da época. Entretanto, também podemos traduzir esse “black death” como morte negra que nem preciso explicar muito para vocês entenderem que eu estava falando da marginalização dessa parcela da população. Quando eu escrevi, eu tive justamente essa intenção, mas não quis prolongar o assunto porque como eu disse, não é o meu local de fala, então eu só deixei a sementinha plantada ali para que cada um amadurecesse a ideia e interpretasse como quisesse a partir daquilo. Outro verso que vejo ter viralizado é “Are you ready to the revolution tonight?” e sim, estou completamente pronta, por favor, façam essa revolução, haha!
Jimmy: Muito bem, Agatha, ótima introdução de sua parte também! Agora eu acho interessante darmos alguma justificativa para o pessoal de casa também, não é? Sobre o que aconteceu...
Agatha: Ah, sobre o programa que não foi ao ar, não é?
Jimmy: Exatamente. Para vocês que estão confusos, eu e a Agatha já havíamos gravado uma entrevista na semana passada que deveria ter sido exibida na semana passada mesmo, mas graças aos protestos e as manifestações, sofremos complicações e diversos problemas técnicos que nos fizeram atrasar. Quando deveria ser exibido, o episódio já estava pronto, mas nós decidimos passa-lo para vocês mais tarde como uma espécie de protesto nosso mesmo contra tudo o que está acontecendo. A nossa emissora passou o dia sem exibir nenhum programa para protestar contra o racismo, apenas exibindo uma imagem preta, o dia todo. E por isso não deu tempo de exibir este episódio pois já tínhamos outros para exibir, então decidimos adiar e bem, agora vocês estão vendo a parte dois do que já havia sido gravado, quando assistirem à parte um tenham em mente de que foi antes dos recentes acontecimentos, por isso não comentamos nada sobre o assassinato daquele homem inocente, não foi, Agatha?
Agatha: Absolutamente certo. Mas falamos sobre a pandemia e a quarentena, então ainda assim falamos de temas importantes, mas também não tem problema pois falamos sobre o racismo no episódio de hoje, não podia estar mais coerente, Jimmy. Relaxa.
Jimmy: Se você diz, eu não vou me preocupar, então!
Agatha: Sabe, em por falar em foto preta, eu me lembrei daquela briga que aconteceu no Twitter há pouco tempo.
Jimmy: Ah, você está falando da briga que envolveu a Rose, não é?
Agatha: Exatamente, foi uma questão bastante problemática e eu acabei sendo envolvida naquela discussão mesmo sem querer.
Jimmy: Você vai nos falar um pouco sobre esses acontecimentos?
Agatha: Claro, como quiser... Basicamente todos os artistas se mobilizaram para atender à hashtag #BlackoutTuesday, em que deveríamos dar um verdadeiro blackout nas nossas redes sociais.
Jimmy: Ah, eu vi, você fez a sua parte para contribuir com esse movimento, né? Você alterou as fotos do seu perfil.
Agatha: Exato. Não só eu, mas diversos outros artistas como Brie, Plastique Condessa, Reiko, Shadows of the Night, Williams... Todos aderiram ao movimento de dar blackout nas redes sociais.
Jimmy: E quando foi que começou a complicação das coisas?
Agatha: Basicamente viram que o perfil da Rose estava com fotos brancas e a acusaram de racismo como se ela estivesse indo contra o movimento, entende? É realmente algo bem problemático pois enquanto todos os artistas estavam com fotos escuras para representar o movimento contra o racismo, ela estava usando fotos brancas, não se podia pensar outra coisa mesmo. Mas logo ela apareceu para se explicar e disse que estava com as fotos brancas desde antes de tudo isso acontecer, há meses, e os fãs confirmaram também. Eu acredito nela, não tenho porquê não acreditar, mas confesso que não me senti muito bem quando ela me atacou dizendo que tudo o que eu fiz foi me pronunciar no Twitter. Jimmy, eu não sou o tipo de pessoa que anuncia boas ações por aí como um troféu, você sabe disso, eu detesto falar o que estou fazendo ou deixando de fazer, principalmente em situações desse tipo, já que eu, como uma mulher branca, não tenho nenhum local de fala. Tudo o que eu posso fazer é apoiar, levantar as hashtags e divulgar os links de petições para as pessoas assinarem, entende? Eu não vou tomar a linha de frente de nada porque como eu já mencionei, eu não sou negra, não posso tomar local de fala de uma mulher negra que sabe muito bem o motivo de toda a luta e como é sofrer racismo todos os dias. Eu estou ajudando sim, Rose, repito, mas não divulgo porque não vejo necessidade. Estou enviando dinheiro para pagar a fiança dos que forem presos durante os protestos, mas não preciso ficar falando por aí até porque considero inútil falar o que você tá fazendo pra isso nas redes sociais, não vai mudar nada. Na minha opinião, se você não tem nada para acrescentar em um debate, uma discussão ou um tema em específico, é melhor ficar calada.
Jimmy: Show de sensatez ao vivo para nós, esta é Agatha Melina! Eu concordo com você. Como um homem branco, não tenho tanto local de fala, então prefiro me restringir a dizer apenas o necessário, evitar falar muito e acabar roubando o local de fala de uma pessoa que realmente entende do assunto. É algo bastante complicado, inclusive, que nós dois, como pessoas brancas, discutindo isso aqui vamos parecer uns otários lá fora porque você sabe que não temos literalmente nenhum local de fala.
Agatha: É, eu concordo. Melhor mudar de assunto, o que acha?
Jimmy: Perfeito! Bem, falando sobre brigas, você sabe que essa não foi a única discussão da semana, não é?
Agatha: Hum... Você está falando daquilo que envolveu a Reiko e a Plastique Condessa? Eu acompanhei pelo Twitter.
Jimmy: Exatamente essa briga. Pode nos falar sobre ela?
Agatha: Basicamente, a Plastique vazou o print de uma conversa com a Reiko em que ela dizia que dormiu com o Elliot, é, o Elliot, cantor, presidiário, do álbum Error. Bem, como vingança, a Reiko vazou o print de uma conversa com a Plastique em que ela dizia que não sentia prazer com a Lilith quando elas estavam em um trisal com o Elliot. E se mostrando ainda mais baixa, a Reiko vazou informações pessoais sobre a Plastique como endereço de IP, e-mail e senha. Foi um horror! Depois a Sophie entrou na briga vazando prints em que a Plastique se mostrava extremamente homofóbica e até algumas coisas que ela disse sobre ter colocado o meu nome em uma amarração ou coisa do tipo, mas não ter dado certo e ela ia colocar o nome da Banshee. Mais e mais prints foram vazados, mais e mais absurdos, até que a Reiko admitiu que era tudo mentira. Bem, o que me deixa preocupada é que a Plastique e a Sophie não fizeram o mesmo, então não sei se os prints que elas vazaram são verdadeiros ou não, mas espero que não sejam, né?
Jimmy: E qual a sua opinião sobre todos esses vazamentos e revelações sobre Reiko, Plastique, Lilith, Elliot e Sophie?
Agatha: Como eu disse, espero que seja tudo mentira, mas eu não descarto a possibilidade de ser verdade. Estarei esperando atualizações saírem ou então pessoalmente contratarei profissionais para investigarem mais a fundo, afinal, meu nome estava envolvido e tenho total direito de saber o que estavam falando sobre mim, se havia algo a mais, se realmente aconteceu essa amarração ou o que quer que a Plastique tenha feito, eu preciso tomar meu banho de sal grosso e folhas secas.
Jimmy: Compreendo a situação e espero que tudo se resolva da melhor forma possível. Enfim, chega de enrolação, né?
Agatha: Chega de enrolação? O que você quer dizer com isso, Jimmy?
Jimmy: Vamos voltar para o que eu estava mais ansioso: ver você explicando as músicas verso por verso do Violence.
Agatha: Ah, sim, claro, paramos na sétima faixa, não é isso?
Jimmy: Exato, mas antes de prosseguirmos, eu gostaria de contextualizar o pessoal que pode ter pegado o programa pela metade ou não assistido à primeira parte desta entrevista: então gente, a Agatha lançou recentemente o seu segundo álbum de estúdio, o Violence, sucessor do Chaos. Esse disco é o que tem a música Regret que hitou muito no mundo todo, então só por isso já dá pra tirar a qualidade do material, né? Bem, vou deixar a Agatha explicar um pouco também, afinal de contas o álbum é dela e ela vai saber falar melhor do que eu, né? Por favor, Agatha, nos conte.
Agatha: Basicamente, o Violence é um álbum de rock, heavy metal e eu flerto com um metal experimental, um metal gótico e sinfônico de vez em quando. É um álbum que basicamente diz para se combater violência com violência. É isso mesmo. No começo do álbum, são apresentados problemas da sociedade com ela mesma e desta com o nosso meio ambiente, é mostrado a violência que as pessoas cometem. A partir de Revolution, que é a faixa de divide o álbum, os violentos passam a ser outros, passam a ser aqueles que pedem uma revolução, que querem uma mudança. Essa nuance é bem clara no álbum pois até então tudo parecia mais um lamento, tanto nas letras quanto nos instrumentais, a partir daqui tudo fica mais agressivo e só vai piorando até o final, foi a minha intenção fazer isso.
Jimmy: Então como você descreveria o álbum em linhas gerais?
Agatha: Eu acho que o Violence é um álbum para encorajar as pessoas, para fazer com que elas busquem as coisas, me entende? Busquem seus direitos, busquem lutar contra sistemas corruptos e falhos, busquem lutar contra aquilo que elas não concordam. Se não mostrarmos que temos voz, nunca vão acreditar que temos. Não dá para simplesmente esperar que façam jus à democracia e nos deem voz, temos que subir no palco e tomar o microfone e dizer o que pensamos se quisermos ter algum direito. Acho que o álbum é sobre isso e caiu como uma luva por causa dos tempos atuais que estamos passando por essas coisas no mundo.
Jimmy: Tendo isto dito, vamos continuar a nossa turnê pelas faixas do Violence. Após a revolução violenta em Revolution, nós estamos indo para a oitava faixa desse material maravilhoso. A música se chama Terrorism, já tem esse nome forte! Pode começar, Agatha.
Agatha: Ok, então vocês querem que eu fale sobre Terrorism. Eu vou ter que admitir que não é nem de perto a minha faixa favorita do álbum, eu realmente não acho que Terrorism tenha tido tanto destaque quanto eu queria que tivesse, mas uma coisa eu não posso negar: é uma das mais violentas. Eu amo o instrumental agressivo e toda a gritaria, os vocais alterados, essa estética típica de heavy metal eu adoro.
Jimmy: Então o que você acha que faltou na faixa para ela ser uma de suas preferidas? Tem os elementos que você gosta, não é? Então porque você não gosta dela afinal de contas?
Agatha: Simples, Jimmy: eu acho que a música passa muito despercebida entre as outras. Tem músicas maravilhosas no álbum e Terrorism parece estar faltando alguma coisa, não tem tanto impacto quanto eu planejei para ter. Talvez até se destacasse sendo uma faixa solta, mas com certeza não tem destaque nenhum no álbum em meio a tantas outras músicas ótimas. Mas eu posso afirmar que adoro a letra pois ela é clara e objetiva em um ponto: o terrorismo que tanto acusam é praticado por eles mesmos há anos e anos. Você não acha que é um pouco hipócrita apontar o dedo para os outros por algo que você também fez?
Jimmy: Não sei se entendi muito bem, se você puder explicar melhor, eu vou agradecer imensamente, por favor, Agatha. Como é isso?
Agatha: Você está aí, então provavelmente deve saber melhor que eu. O seu presidente acusando as pessoas que estão fazendo os protestos e manifestações, chamando-as de terroristas e dizendo que estão praticando terrorismo. É só um exemplo, bem próximo da nossa realidade, mas o que importa é que esses comentários se repetem toda vez que a população se rebela. Somos chamados de terroristas por ir contra um sistema quebrado. Mas você não vê que esse mesmo terrorismo já estava sendo praticado por eles há muito mais tempo? E por causa do terrorismo deles, nos tornamos terroristas também para tentar viver um mundo pacífico no futuro, é para isso que as revoltas, rebeliões e revoluções servem.
Jimmy: Creio ter compreendido, mas na música você faz uma crítica ao sexismo, racismo, homofobia, xenofobia, não é? Como relacionar tudo isso a esse terrorismo do qual você fala?
Agatha: Ué, Jimmy, tá leso hoje? O terrorismo é justamente todos estes problemas, estes preconceitos sociais, o sexismo, racismo, homofobia, xenofobia, todos. São formas de terrorismo, atentados à uma parcela da população, atentados à sociedade, atentados à todos nós se você for parar para pensar. É tudo realmente complicado e é o que eu venho dizer nessa faixa, não adianta que eles nos chamem de terroristas porque eles também são, entende o que eu quero dizer?
Jimmy: Sim, sim, acho que agora ficou melhor. Bem, eu também tenho alguns trechos dessa música que eu gostaria que você explicasse pra gente, pode ser? Não precisa de uma explicação muito grande, só para que fiquemos entendendo a música por completo mesmo.
Agatha: Claro, manda aí. Qual o primeiro trecho?
Jimmy: Quando você canta “You feel so sad about your twins but don’t forget you also have sins”. Eu acredito que você já tenha explicado um pouco sobre esse trecho enquanto falava que quem nos acusa de terrorismo também é terrorista, mas ainda assim gostaria que falasse mais sobre isso pois nestes versos tem coisas muito interessantes.
Agatha: Posso falar isso em TV aberta sem ser cancelada mesmo? Ou pior, processada, né? Haha, não posso correr o risco.
Jimmy: Acredito que possa, se não puder, nós te arrumamos o melhor advogado para se livrar dessa, relaxa!
Agatha: Sim, eu nem preciso falar das gêmeas das quais eu estava falando, aquelas lindas torres... Sim, foi um atentado terrorista hediondo e horrível e eu compreendo muito isso e lamento imensamente por todas as vidas perdidas e por todas as famílias machucadas até hoje, mas foi um recurso que eu usei para conectar a música ao título. Foi o que eu disse: nos acusam de terrorismo, mas também são. As pessoas que fizeram o ataque às torres realmente são terroristas, não estou passando pano para eles de forma alguma, mas o que eu quero dizer é que o governo também é, também tem os seus pecados e que por isso é simplesmente incapaz de apontar o dedo e julgar outras pessoas que eles consideram terroristas em atos de manifestação, me entende? É sobre isso que esses versos falam.
Jimmy: Boa explicação. Bem, logo no comecinho do refrão, você fala para engolir o capitalismo. Nesta música, você considera o capitalismo como uma forma de terrorismo também ou há outro motivo?
Agatha: Na verdade, eu acho que o capitalismo em si não é uma forma de terrorismo mas que pode gerar terrorismo, sim, então é algo que eu me posiciono contrariamente já nessa faixa para abordar mais profundamente nas músicas futuras em que eu critico os sistemas políticos falhos. Por enquanto, eu me concentro em falar sobre estes problemas mais superficiais antes de mergulhar de vez na raiz do problema. Quando eu cito o capitalismo aqui, estou somente preparando o terreno para o que vou abordar depois, somente isso, sem complicações, entendeu?
Jimmy: Claro. Bem, acho que isso era tudo. Podemos ir para a próxima música, o que acha? A nona faixa do material, e a segunda que vamos falar hoje, é U.S.A. Nem preciso dizer muito, pois vocês já devem imaginar do que se trata. Mas, por favor, Agatha, nos explique mais sobre essa música tão afrontosa que você escreveu, tudo bem?
Agatha: Ah, sim. Na verdade eu não acredito que seja tão óbvio. É só uma sigla para Unkind Sadist Association, que basicamente quer dizer associação sadista e cruel. Como isso pode ser óbvio? Haha, até parece que eu estava falando de outra coisa que tem a mesma sigla. Bem, essa tal associação é a mesma do País das Maravilhas que eu cantei lá em Wonderland, pensem assim. São os mesmos problemas, mas eu trago tudo com uma abordagem diferente, mais agressiva e violenta.
Jimmy: Você disse que não gostava de Terorrism, mas e dessa música, U.S.A., você não gosta também ou gosta?
Agatha: Eu até gosto, tem uns versos que eu acredito que sejam ótimos e o instrumental também é muito bom. O que eu posso não gostar tanto assim é o conceito que acho que já está batido, saturado, não sei... Já foram lançadas músicas com essa temática assim antes, então pode ter parecido algo um pouco preguiçoso, mas eu estou tentando somente ignorar estes fatos e é isso aí. No geral, é uma boa música, sim.
Jimmy: Então, e também separei alguns trechos para comentarmos sobre, quero muito saber do que você estava falando em algumas partes dessa música. Podemos começar então?
Agatha: Claro, fala aí qual é o primeiro trecho que eu explico.
Jimmy: Quando você canta “Encouraging conflicts all over the world just for some oil”. O que você quis dizer?
Agatha: Eu estava falando sobre o petróleo e em como essa tal associação coloca o petróleo acima de todas as coisas. Eu estava sendo bem direta na verdade, eles encorajam conflitos no mundo todo para conseguir extrair o petróleo, principalmente no Oriente Médio. Isso nem é uma opinião, é um fato concreto, por isso eu acredito que esteja seja uma das músicas mais diretas e livres de metáforas do álbum. Eu sou o tipo de compositora que adora usar metáforas, mas U.S.A. em específico quase não utiliza deste recurso, eu realmente saí da minha zona de conforto para escrevê-la e que bom que fiz isso pois achei a música incrível!
Jimmy: É, dá pra perceber que você foi bastante direta em outros versos. Quando você canta por exemplo “Use your hands to call for God, not to spank a gay”, já se posicionado contra a homofobia e contra esses comportamentos violentos de natureza homofóbica, certo?
Agatha: É, exatamente isso. Eu não entrei muito em detalhes porque novamente não é o meu local de fala. Como uma mulher, preferi falar mais sobre o sexismo e falar dos outros problemas superficialmente. Espero encorajar artistas que têm local de fala a fazerem o mesmo, a abrirem a boca e lutarem por seus direitos assim como eu fiz. Imagina se todos resolvessem fazer isso ao mesmo tempo, isso sim seria uma verdadeira revolução, e eu iria adorar ver tudo isso, seria incrível!
Jimmy: Não só homofobia, como também vemos posicionamentos contrários a xenofobia ainda nessa faixa, correto?
Agatha: Ah, sim. Quando eu falo sobre a construção de muros e barreiras para impedir que os imigrantes passem. Eu acho uma questão muito complicada, que eu também preferi não abordar muito nesta faixa porque além de não ser o meu local de fala, é algo que gera muitos debates sem sombra de dúvidas. Eu também falo para as pessoas pensarem como gastam o seu único voto poque é apenas um a cada quatro anos, é muito tempo, temos que refletir bastante sobre tomar uma decisão tão importante para nós mesmos e para o nosso país. E então quando as coisas começam a dar errado, nós simplesmente torcemos para que elas deem certo, mas um país não funciona com esperança. Se está dando errado, vai continuar dando errado até que uma coisa seja feita a respeito, me entende? Não tem essa de torcer para que dê certo, esperar o melhor, não é mesmo assim que funciona.
Jimmy: É, você está absolutamente certa. Então, acho que agora podemos falar da próxima música, que é a décima faixa do projeto! Na verdade é uma interlude, World Ends. Explique-nos sobre esta faixa, por favor, Agatha. Qual o conceito por trás dela?
Agatha: Basicamente, como você disse, World Ends, é uma interlude e serve para separar o álbum também. Agora finalmente estou saindo da fase chata do álbum e indo pra fase interessante. Digo, ao menos eu penso assim. Revolution, Terrorism e U.S.A. são as menos interessantes do álbum, mas agora felizmente eu posso retomar o caminho para fazer algo mais Agatha Melina, entende? Então, World Ends é como se eu me referisse ao futuro, como se após tudo o que tivesse acontecido, o mundo tivesse simplesmente acabado. Eu conecto muito bem todas as outras faixas nessa interlude, na minha opinião, pois falo que a água cobrirá todas as terras e isso é claramente uma referência ao aquecimento global e ao aumento do nível do mar com o degelo nos polos Norte e Sul. Também falo sobre guerras, sobre o mundo estar destruído. Tem uma pegada futurística pois falo “te vejo em breve, da Lua”. Eu gosto bastante de tudo isso e vejo como a letra se encaixa com o instrumental. Pra falar a verdade, na minha opinião, a interlude musicalmente parece bem mais algo que estaria no Chaos, meu primeiro álbum de estúdio, mas liricamente pertence inegavelmente ao Violence, né? Isso porque vejo que a música tem em si um certo peso, enquanto que ainda é meio etéreo, me lembra bastante as interludes do Chaos.
Jimmy: Então, no geral, é uma faixa que você gosta, não é?
Agatha: Eu acho um pouco difícil opinar sobre interludes porque elas não têm muito para você dizer se gosta ou não. São ótimas em álbuns para ligar pontos, fazer conexões e manter o fluxo, ou mesmo mudar de tema, como eu fiz no Violence, mas elas em si, sozinhas, não tem muito o que se opinar. Eu acredito que no contexto, ficou ótima, pois tem esse toque mais experimental que eu vou explorar daqui pra frente no Violence.
Jimmy: É, eu gosto como você não abandonou o experimentalismo do Chaos no Violence também, é bom ver que você está sempre tentando inovar e criar conteúdo novo, admiro muito isso em você como uma artista. Então, já que você não tem muito o que dizer sobre a interlude World Ends e eu não tenho muito o que perguntar, vamos passar para a décima primeira faixa, Confessions! Garota, o que é aquilo?
Agatha: Gostou, mor? Confessions é a música mais experimental do Violence, sem sombra de dúvidas. Enquanto estava sendo produzida, eu ouvi as pessoas dizendo que parecia com os barulhos de um aspirador de pó remixado e que bom que acham isso pois eu adoro música estranha e se está tão estranha assim significa que eu cheguei no meu objetivo, haha. A produção foi muito bem feita e eu até entendo que os críticos não tenham gostado e falado que foi barulhenta, é mesmo, não posso negar, mas quem me conhece sabe que eu sou uma artista que gosta de experimentar coisas novas, então porque não colocar um pouco de experimentalismo aqui também? E o melhor é que combina muito bem com as sonoridades que estavam sendo criadas até então, o rock e o metal, então eu não acho que tenha fica deslocado ou algo do tipo, pra mim se encaixou muito bem.
Jimmy: Eu confesso que tenho um pouco de dificuldade para ouvir aquela música sem me sentir desconfortável, não estou acostumado com esse tipo de som e pra mim é realmente um desafio, mas eu, como um apreciador de música, entendo música experimental e sei que a sua intenção era entregar algo que parecesse estranho e você está de parabéns nesse sentido. A música é mesmo estranha, tira o seu fôlego, é preciso insistir um pouco para chegar ao final, mas isso não tira o seu brilho e genialidade. O que eu mais acho interessante é a letra. Nos fale sobre ela.
Agatha: Ok. No começo da música é algo mais falado, eu estou dando o ponto de vista de uma pessoa pecadora que foi à igreja confessar os seus pecados e pedir perdão. Por isso o nome da música é Confessions. Então em um determinado momento dessa introdução da música, eu falo quais são os tais pecados cometidos: assassinatos de milhões de vidas, bombardeios em países só para roubar o petróleo, como eu já expliquei anteriormente. Depois disso tudo, essa pessoa vai à igreja e pede perdão como se tudo isso fosse mudar algo, como se Deus fosse simplesmente perdoá-la e abençoá-la. Mas não é bem assim e essa mudança é brusca para a próxima parte da música em que a minha voz está menos alterada e eu mudo o eu-lírico para mim mesma, dizendo que Deus não vai perdoá-lo porque sabe que ele não se arrependeu verdadeiramente de seus pecados.
Jimmy: Eu gosto muito como você aborda isso na música, é uma verdadeira confusão. A letra tão agressiva e violenta com aquele instrumental que nos deixa desnorteados, é a faixa que mais se destaca, mas vou ser honesto, me deixa muito cansado ao ouvi-la.
Agatha: E você não acha que estamos cansados de toda a opressão sofrida para que estas pessoas simplesmente se escondam atrás de uma divindade e finjam que está tudo bem? Quem cansou fomos nós, Jimmy, pense assim! Enfim, é por isso que gosto da música.
Jimmy: Gostaria de chamar a atenção para o refrão também pois eu gosto muito do refrão, de como você o escreveu.
Agatha: Ah, basicamente “confissões no campo de batalha, desviando de tiros e granadas, use Deus como seu escudo, mas isso não vai ajudar, eu prometo”. Foi exatamente o que eu disse. Quando os tiros e as granadas se viram para eles, ou seja, quando a população percebe o que está acontecendo e se revolta eles se escondem atrás de Deus, usando-o como um mero escudo, que fé que essas pessoas têm? Nenhuma!
Jimmy: Compreendo. Acho que agora ficou tudo mais claro a respeito dessa faixa, Agatha. Obrigado pelas explicações.
Agatha: Uma outra coisa: eu também adoro o bridge da música, principalmente por causa das rimas que eu usei. Battlefield, healed, concealed e depois eu rimei confessions com possessions e obsessions e então battle com heavy metal, eu acredito que quando eu cantei “While we play some heavy metal” com certeza sua consciência deve ter se recobrado um pouco, né? Como se por uns instantes eu tivesse te puxado de volta para a realidade, só para te jogar de volta na imersão da música.
Jimmy: Puxa, como adivinhou? Eu senti exatamente isso. Essa faixa é muito pesada por esse sentido, você fica sem fôlego e nesse momento você recupera a sua consciência pois se lembra que é só uma música que está sendo tocada ali, só um heavy metal, mas então já somos jogados de volta nesse limbo do metal com a volta do refrão ainda agressivo e violento e ficamos completamente perdidos, é essa a sensação.
Agatha: E o que você achou da última palavra da música?
Jimmy: Ah! Quando tudo acaba, você diz “Amen?”, como se estivesse finalizando uma oração, mas com uma espécie de ponto de interrogação no final que nos deixasse um pouco duvidosos a respeito daquilo tudo. Tipo, amém? Acabou mesmo? Foi mesmo uma oração? O que foi isso? Se você tivesse colocado Confessions no final do álbum, eu com certeza teria uma crise existencial gigantesca, ainda bem que foi um pouco antes do final, assim eu tive tempo de surtar mais um pouco antes de ficar horas pensando em Confessions. Digo, você acabou o álbum com uma pergunta na última faixa, mas eu não acho que tenha sido um questionamento tão profundo quanto o de Confessions, entende o que quero dizer?
Agatha: Perfeitamente. Na última faixa, o questionamento é mais reflexivo do que gerador de uma crise existencial.
Jimmy: Bem, agora sou eu quem estou sem fôlego. Vamos para a próxima faixa do seu álbum? A décima segunda, que inclusive, é o seu novo single, a sua nova aposta: Blasphemy! O que você pode nos dizer sobre essa música? Visto que é o segundo single do álbum, acredito que você tenha bastante para nos contar, não é mesmo?
Agatha: Com certeza, tenho sim e estou animada para falar sobre isso! Eu escolhi Blasphemy por uma razão especial, é claro, eu adoro essa música por diversos motivos. O primeiro é óbvio: ele mantém o experimentalismo que eu tanto gosto de explorar, então já me ganha e muito por esse detalhe. Apesar de a música não ser tão experimental, eu diria que tem elementos específicos experimentais, entende o que eu estou tentando dizer aqui? Não é como Confessions que é mais experimental do que metal, pelo contrário, Blasphemy é mais metal mas ainda assim consegue ser bastante experimental. Ai, difícil de explicar, haha, mas acho que deu pra entender.
Jimmy: Sim, entendi perfeitamente. Tem como nos falar sobre a letra que você escreveu para essa música, Agatha?
Agatha: Ah, claro, Blasphemy é basicamente uma continuação de Confessions, onde eu continuo a falar sobre os tais falsos profetas, as pessoas que vão à igreja e dizemos e arrepender de seus pecados, mas na verdade não tem arrependimento nenhum e continuam pecando ainda mais. Esse tipo de gente. Uma das coisas que eu adoro nessa canção é o fato de eu ter cantado alguns versos em romenos, que é o idioma oficial do meu país-natal, a Romênia. O romeno para quem não sabe é uma língua latina, então tem muitas similaridades com o latim. Enquanto eu estava cantando com aquele instrumental psicodélico de fundo, até eu mesma estava com medo de invocar algum demônio sem querer, mas tudo deu certo.
Jimmy: Foi a primeira coisa que eu pensei antes de procurar saber a respeito se quer que eu te diga a verdade, haha.
Agatha: É, imagino que a maioria das pessoas deve ter tido o mesmo pensamento. Enfim, eu acho a letra interessante porque radicaliza Confessions ao extremo. Fala que não só essa pessoa se arrepende falsamente dos seus pecados, finge arrependimento, como também tem um pacto com o demônio. Para quem está se perguntando o que eu digo em romeno repetidas vezes na música, a tradução é basicamente “Arda no inferno, arda no fogo eterno; arda no fogo do inferno”. É como se o demônio estivesse cobrando de volta após o pacto ter sido realizado, como se o pagamento fosse esse: a alma da pessoa condenada a queimar no inferno.
Jimmy: Tem um trecho muito interessante da música em que você canta “Você faz um pacto com diabo mas o diabo cruzou os dedos”. Eu queria saber se tem como você nos explicar um pouco mais sobre estes versos porque eu achei eles muitos bem pensados e interessantes.
Agatha: Eu também gosto desses versos, para falar a verdade. O ato de cruzar os dedos ao se fazer um pacto, jurar ou prometer alguma coisa, significa deslealdade. É um símbolo claro de traição e desconfiança. E o diabo com certeza não é um ser muito confiável, é um traidor. Então eu interpreto tudo isso como se o pacto basicamente tivesse sido em vão, como se a pessoa tivesse vendido a sua alma pra nada porque o diabo não daria o que ela pediu pois é um traidor, pois ele cruzou os seus dedos enquanto eles selavam o pacto, entende o que quero dizer?
Jimmy: Nossa, então foi exatamente o que eu pensei. Continuo achando essa letra muito inteligente. Parabéns, Agatha. Agora eu queria comentar com você sobre o refrão dessa música que eu acho incrível também. Você literalmente canta “Agora você está marcado pela besta”. Qual é essa marca da besta a qual você se refere na música?
Agatha: Eu não acho que seja uma marca específica, digo, é só um recurso de coesão e coerência para deixar a entender que o pacto com a besta foi realmente selado. A marca é como a assinatura do contrato, sabe? Não escrevi pensando em nada em específico, mas é óbvio que interpretações são sempre livres e estou ansiosa para saber se você criou alguma teoria sobre o que era a tal marca, haha. Vai ser interessante.
Jimmy: É, na verdade, eu criei assim. Realmente acreditei que você estava falando de uma marca em específico, que seria algo como a fisionomia das pessoas. Geralmente essas pessoas com poder e que estão no topo são homens héteros cis e brancos, então eu pensei que pudesse ser algo relacionado a estar aprisionado nessa forma. Não sei, parando pra pensar agora, não faz tanto sentido quanto fazia na minha cabeça e eu já estou envergonhado por ter dito isso, ah.
Agatha: Eu queria dizer que é uma teoria interessante, mas realmente não faz sentido. Como ser um homem hétero branco e cis seria ruim na sociedade em que vivemos? Não é nenhum castigo da besta se formos parar pra pensar, muito menos uma marca, entende?
Jimmy: Sim, acho que acabei de pensar nisso. Bem, então você continua “Como você torturou aqueles que você chama de escravos, como você disse aquelas palavras cheias de ódio, como você queimou bruxas em estacas de madeira, queime no inferno, queime, queime nas chamas”. É um refrão com bastante peso, mas não que isso seja algo ruim, jamais. Só queria que você falasse um pouco mais sobre ele pra gente.
Agatha: Ah, eu basicamente trago a tona os pecados que a pessoa cometeu durante a vida, que é a razão pela qual ela vai queimar no inferno. As tais pessoas com poder e que sempre estão no topo conforme você disse, são as que fizeram essas coisas durante toda a história da humanidade e durante as próprias vidas, entende? Então, da mesma forma que eles fizeram tudo isso, eles também vão pagar no inferno.
Jimmy: Uau! Gostei bastante da sua explicação! Deixa eu ver se tem mais algum trecho do qual eu queria uma explicaçãozinha... Hum... “Seis seis seis, corra a p*rra do risco, tente ver através desse nevoeiro denso, mistério, seu nome é o próximo na lista”. Eu acho que essa parte é uma das mais enigmáticas e simbolistas da música e eu realmente não sei se entendi muito bem, por isso gostaria de ouvir de você, que escreveu, o real significado destes versos que você canta em Blasphemy.
Agatha: Nem preciso dizer que seis seis seis é seiscentos e sessenta e seis, que é o número da besta, então isso você provavelmente já entendeu e o pessoal de casa também já, né?
Jimmy: Sim, foi a parte mais fácil destes versos. O número da besta.
Agatha: Pois é. Eu digo para correr o risco, que é o risco de fazer o tal pacto. Conhecemos o diabo como uma figura traiçoeira através da mitologia cristã, não é? Então é realmente um ato de coragem fazer um pacto com alguém traiçoeiro, você está correndo um verdadeiro risco por sua vida e por sua alma. Então eu canto para tentar ver através do nevoeiro denso. O nevoeiro denso é basicamente uma referência bíblica a uma das dez pragas do Egito Antigo, quando todo o Egito foi coberto com trevas tão densas que era possível tocá-las, eu quero dizer a mesma coisa aqui, mas usei nevoeiro por questões de rima. Eu acho esta uma das mais interessantes das dez pragas porque deve ter sido realmente desesperador para uma civilização que adorava o Sol ter que viver nas trevas, sair de sua zona de conforto, exatamente como as pessoas com poder saem da sua zona de conforto quando vão ao inferno pagar pelos seus pecados. Por fim, mistério, seu nome é o próximo da lista. Acho que não tem muita simbologia aqui, para ser sincera, é quase como se o próprio demônio estivesse falando “você será o próximo a morrer, o próximo a vir para o inferno”. Eu só usei a palavra mistério no começo do verso, aliás, por questões estéticas porque mist e mistery começam da mesma forma e seria interessante trazer isso para a música na minha opinião. Ah, falei de tudo ou falta mais alguma coisa, Jimmy?
Jimmy: Impecável! Que explicação magnífica! Não poderia ser melhor, Agatha Melina! Você sabe mesmo do que está escrevendo quando compõe as suas músicas e eu acho isso tudo muito lindo.
Agatha: Muito obrigada, fico feliz com o seu feedback tão positivo.
Jimmy: Uma última coisinha antes de irmos para a próxima faixa, algo que eu estou bem curioso. Quando você canta “Não abra a sua boca para dizer blasfêmias, não use a sua voz para espalhar mentiras sobre mim”, você estava fazendo um personagem para a música, certo?
Agatha: Ah, é exatamente isso mesmo, Jimmy. Nessa parte em específico da música eu interpreto o próprio diabo fazendo o tal pacto com a pessoa. E aqui ele está claramente ditando as regras desse pacto, que a pessoa não pode dizer blasfêmias. As blasfêmias geralmente são vistas como um atentado ao que é sagrado, mas tendo em vista que nessa música, para a pessoa que fez o pacto, o diabo que é sagrado, uma blasfêmia seria uma mentira sobre o diabo, ou seja, o demônio está se colocando na posição de Deus porque alguém lhe deu uma brecha para isso quando solicitou a realização do pacto. Ficou mais fácil de entender ou ainda não tá claro?
Jimmy: Não, não. Acredito que esteja bem claro, com certeza. Enfim, como essa música é o seu mais novo single, posso presumir que você está preparando um clipe para ela?
Agatha: Ah, com certeza. Eu adoro fazer clipes, então não há dúvidas de que essa música terá um clipe, sim, que já está sendo produzido pra falar a verdade, e deve ser lançado na semana que vem, se tudo der certo, conforme eu e a minha equipe cautelosamente planejamos.
Jimmy: Pois bem, estou bastante ansioso para ver esse clipe que deve ter muita blasfêmia envolvida, haha! Pode nos dar uma prévia do que esperar? Um pequeno spoiler de como vai ser?
Agatha: Hum... Você viu a capa do single, não é?
Jimmy: Se eu vi? Ah, a capa era uma cruz no meio das chamas e estava escrito Blasphemy no meio e o seu nome, Agatha Melina, na parte central inferior, não é? Não me lembro muito bem.
Agatha: Se lembra muito bem sim pois é exatamente isso. Bem, digamos que o clipe vai seguir a mesma estética de cruz no meio do fogo.
Jimmy: Permita-me questionar-te se você gravou antes ou depois da quarentena. Acho que com tudo isso que está acontecendo, deve ser difícil produzir um clipe em isolamento social.
Agatha: Sim, é bastante difícil, mas felizmente já estava gravado o clipe e agora estamos somente em fase de edição de imagem. Assim que estiver pronto, eu vou liberar, mas fiquem calmos, pois o clipe já foi gravado, a maior dificuldade já passou, haha. Ainda bem!
Jimmy: Puxa, ainda bem mesmo! Enfim, podemos continuar para a sua próxima música, Agatha? A décima terceira e penúltima faixa do segundo álbum de estúdio de Agatha Melina, o aclamado Violence. Rufem os tambores para Mars Empress! Uma das minhas músicas favoritas do álbum! Então, o que você tem a nos dizer sobre Mars Empress?
Agatha: Haha, você gosta mesmo? Bem, Mars Empress foi a segunda música que escrevi para o Violence, logo após a faixa-título, e inclusive pensei em descarta-la diversas vezes do projeto final, mas acabei decidindo que seria bom incluí-la porque eu queria deixar Anarchy, a faixa subsequente, mas não queria introduzir tão depressa esse assunto de sistemas políticos, então Mars Empress serve para preparar o terreno, entende? É uma crítica a sistemas políticos falhos em que as principais características são o autoritarismo e a tirania. Basicamente, a música é sobre uma personagem, a Imperatriz de Marte, que comanda o planeta, mas ela é uma Imperatriz tirana, então qualquer um que diga algo contra o que ela pensa ou acredita que é certo, ela manda matar. Eu tento deixar isso bastante claro durante a música, acho que dá pra perceber o quanto ela se coloca como uma autoridade suprema, como um deus mesmo, ou melhor, uma deusa.
Jimmy: Sim. Eu percebo isso, por isso eu escolhi diversos trechos para comentarmos sobre essa música. Sabe, como eu disse, é uma das minhas favoritas, eu simplesmente não podia deixar passar a oportunidade de te encher de perguntas sobre essa música.
Agatha: Sem problemas! Você sabe que eu adoro responder perguntas sobre as minhas músicas, pode falar! Hahaha!
Jimmy: O primeiro trecho que eu escolhi foi este “Vestida em um vestido vermelho”, que você canta logo no refrão. Eu fiquei um pouco dúvida se tinha entendido o que você quis dizer aqui.
Agatha: Ah, você está se perguntando se eu fiz uma crítica ao comunismo porque a principal cor da bandeira comunista é o vermelho, não é? Bem, não foi exatamente o que eu pensei quando escrevi, só tive ideia disso depois, mas também não me importo que as pessoas pensem assim, vocês vão entender melhor o porquê na próxima faixa. Bem, o vermelho do vestido da Imperatriz de Marte representa o sangue, que por sua vez, representa a morte. A morte de milhares, se não milhões de pessoas que morreram durante o seu governo. Por isso também que Marte é o planeta escolhido para esse cenário, porque é um planeta vermelho, como se estivesse coberto de sangue, entende? É isso que governos autoritários fazem, matam a sua população.
Jimmy: Eu não havia tido essa interpretação para ser sincero, só consegui pensar que era mesmo uma crítica ao comunismo, mas não entendia como porque o Estado de Marte na música parecia ser bastante capitalista em outros versos, principalmente no bridge da música que nós vamos discutir mais tarde. Enfim, outro verso é esse: “I’m God, bow to have bless”. Fala pra gente um pouco mais sobre isso que você escreveu.
Agatha: Com todo o prazer. Como eu disse, a Imperatriz de Marte se coloca como deus, como uma deusa, como uma figura máxima de poder, uma autoridade inquestionável, é assim que ela se vê, ao ponto de pedir as pessoas para se curvarem para receber uma bênção. Quem não dizer isso, provavelmente será executado sem piedade.
Jimmy: E quando você canta “It’s all a mess, time to start the test, who will last?” De que teste você está falando, Agatha?
Agatha: Primeiramente, quando eu digo que tudo tá uma bagunça, é porque é assim que a maioria dos tiranos sobe ao poder, em momentos em que tudo num Estado está bagunçado e as pessoas querem mudanças urgentemente, mas estão desesperadas demais para pensar racionalmente em uma opção que realmente vá consertar as coisas. O teste é literalmente este: as pessoas votam em algum sem certeza para testar, mas no final desse teste, quem vai sobrar? Quem vai sobreviver a esse teste? Por isso chamo a atenção para pensarmos bastante sobre o nosso voto.
Jimmy: Uma coisa que vou te perguntar por pura curiosidade minha mesmo: por que a imperatriz não gosta de ser chamada de rainha? Rainha me aparenta ser um título superior a imperatriz, não?
Agatha: Ela não gosta de ser contrariada. Se ela acha que é imperatriz e acha que é melhor ser chamada assim, então quem contrariar a vontade dela deve morrer, é basicamente isso. Para você ver que a tirania está desde coisas pequenas como um título até coisas gigantescas como levar toda uma nação ao colapso, que é o que vemos que acontece no final da música e que acontece na vida real também.
Jimmy: Já que você falou do final da música, vamos pular para lá, mais especificamente no bridge, quando você fala dos problemas que o Estado de Marte está enfrentando que são crise economia, inflação alta, esgotamento dos recursos naturais e a revolta da população contra a Imperatriz, querendo ateá-la fogo. O que você acha que contribuiu para esse cenário no mundo fictício que você criou para a música?
Agatha: Para mim é óbvio, Jimmy. É claro que foi o governo totalitário que a imperatriz decidiu seguir. Se ela tivesse revisto os seus planos e percebido que o caminho que estava trilhando era um caminho burro, um caminho autoritário e tirano, mas que ia direto para o fracasso, essas coisas provavelmente não iriam acontecer. Eu ainda falo nessa ponte da música sobre como o planeta era azul, e isso é uma teoria científica sobre o planeta Marte ter sido habitável há muito tempo, mas ter se transformado em um deserto vermelho agora. Novamente, o vermelho na música representando o sangue, as mortes, as vidas que foram perdidas durante o sistema de governo totalitário que falhou miseravelmente e destruiu o Império de Marte.
Jimmy: Nossa, isso é tudo tão profundo. Agora eu queria saber o que você acha da sonoridade da música, fala pra gente.
Agatha: A música foi produzida pelo produtor musical Kai Hahto que trabalhou em diversas outra faixas do Violence, como Wonderland, Terrorism, U.S.A. e Confessions. Foram estas cinco músicas que ele produziu para o álbum. Bem, eu acho que ele conseguiu trazer a natureza agressiva da Imperatriz de Marte para a música e isso ficou incrível. Eu gostei como ele deixou os meus vocais alterados na maior parte da música e no refrão deixou eles sem tanta edição, o que criou um contraste muito interessante. Eu gosto como essa produção tem muitas guitarras, baterias, muita coisa do rock e do heavy metal, é uma canção típica desses gêneros musicais e que ainda consegue se inovar, não é previsível, ao menos não na minha opinião, e muito menos chata, pelo contrário, é muito interessante de se ouvir.
Jimmy: Vou ter que concordar. Também é uma das minhas produções favoritas. Como eu disse, a faixa em si é uma das minhas preferidas, então eu amo tudo nela, haha. Enfim, não tenho mais muito o que te perguntar, então acho que podemos passar finalmente para a última faixa do álbum, não é? A poderosa Anarchy que fecha o Violence com chave de ouro! Nos conte mais sobre essa música do álbum, Agatha, por favor.
Agatha: Então você quer saber sobre Anarchy? Eu comecei a escrever essa junto de Mars Empress, mas eu nunca saía do refrão, eu sempre pensava “Anarchy, came from a tragedy” e não conseguia ir para frente. Demorou bastante até que eu a aperfeiçoasse do jeito que queria, precisei reescrevê-la umas duas vezes para que eu atingisse o nível de perfeição que desejava, e acredito que eu tenha sim feito isso. Eu amo o prelúdio e o poslúdio, que têm a mesma letra, pois é como se eu conectasse o início e o final da música, e de certa maneira, o início e o final do álbum. Quando eu começo perguntando se a humanidade foi longe demais após tudo o que aconteceu, estou falando justamente de tudo o que aconteceu durante as faixas, estou questionando os atos que cometemos. E então eu sugiro toda a ideia de anarquia, falando tudo sobre. No final da faixa, eu faço a mesma pergunta. A humanidade foi longe demais? E isso faz pensar sobre a própria música e sobre o resto do álbum em si. Eu gosto do fato de ter acabado o Violence com uma pergunta reflexiva. O final do Chaos também foi um pouco reflexivo comigo dizendo que uma rainha iria voltar, mas este eu acredito que tenha sido ainda mais porque nos faz questionar não só a nós mesmos como toda uma sociedade, todo um contexto, por isso gosto tanto e acredito que tenha sido um encerramento simplesmente magnífico! Anarchy é uma ótima faixa!
Jimmy: Eu concordo que é uma ótima faixa mesmo. E sobre o que você disse sobre o prelúdio e o poslúdio, eu também adorei, mas tenho algumas dúvidas sobre algumas coisas, posso te perguntar?
Agatha: Ah, imaginei que as dúvidas apareceriam cedo ou tarde. Mas sim, pode perguntar qualquer coisa que eu esclareço.
Jimmy: Você canta que a república está quebrada, os monarquistas estão congelados, os comunistas engasgaram e os capitalistas morreram em covens. Eu tenho certeza de que não entendi o que você quis dizer, haha. Por favor, explique detalhadamente para que possamos assimilar melhor do que realmente essa parte da música fala, Agatha.
Agatha: Ah, é confuso mesmo. Presta atenção: primeiro digo que a república está quebrada, não é difícil de entender isso, não é? Só estou dizendo que o sistema político está quebrado, é falho, e isso é um fato. Os monarquistas, por outro lado, sempre dizem que a monarquia é a solução para os problemas, o melhor sistema político. Não sei se você já teve a oportunidade de conversar com um monarquista, mas ao menos todos com quem já falei defendem com unhas e dentes a monarquia. Eu não acredito que seja tudo isso, não. A monarquia tem seus pontos altos mas como todo sistema político tem suas falhas, que são graves. Os monarquistas estão congelados para preservar suas ideias políticas, porque sempre dizem ser a solução, mas essa solução nunca vem ou nunca é usada. Tipo, o que vocês estão esperando? Estão congelados? Já os comunistas, foi uma crítica a ser um sistema falho também. É lindo na teoria, mas na prática não daria certo e muita gente passaria fome também. Imagine que para você comer, todos tem que comer também. Não é nem um pouco fácil fazer com que todos tenham o mesmo alimento na mesa todo dia e apesar de as ideias comunistas darem ideias e teorias de como isso poderia ser feito, nós sabemos que falha pois já tivemos casos assim no mundo, tentativas de implementação desse sistema que simplesmente não funciona. Quando eu digo que os comunistas morrem engasgados é que já passou tanto tempo desde que eles fizeram a sua última refeição que esqueceram como se comia e morreram engasgados assim que tentaram fazer isso. Por fim, os capitalistas que foram mortos em covens. O capitalismo como eu já falei outra vez, é a causa de diversos problemas na sociedade, entre eles, a desigualdade social, no qual se enquadra também a intolerância religiosa se nós formos estudar direitinho. Graças à época da escravidão, não só as pessoas negras foram marginalizadas na sociedade atual, como também suas religiões de matriz africana, por isso é raro ver um umbandista com um alto poder inquisitivo porque a história nos mostra isso. E isso se estende a mais: algumas pessoas deixam de conseguir empregos no mundo capitalista por causa da religião, isso acontece bastante, quando o chefe descobre que um funcionário não acredita naquilo que ele visa como único e superior, ele o demite, há casos assim, então a intolerância religiosa está atrelada a tudo isso. Já covens, para quem não sabe, são grupos de bruxas, ou seja, pessoas que praticam bruxaria, seja sua religião wicca ou druidista, ou qualquer outra. Essas pessoas também sofrem intolerância religiosa e, bem, ligando o capitalismo à intolerância religiosa e a intolerância religiosa à bruxaria, podemos lincar isso aí e entender porque os capitalistas morreram em covens. Na verdade, essas palavras foram usadas mais com o intuito de rimar. Eu pesquisei bastante, estudei muito e refleti bastante para conseguir manter essa linha de interpretação e não fazer algo aleatório, eu queria que fizesse sentido, então bolei tudo isso por trás da letra só depois de escrevê-la, haha. Eu faço isso muito, penso no que escrevi depois de escrever.
Jimmy: Ok, perdi o fôlego com essa explicação esplendorosa. Você é muito boa nisso, haha! Nem preciso perguntar o significado de “ditadores foram assassinados”. Logo então você dispara a pergunta da qual você estava falando mais cedo “Costumávamos ter limites, a humanidade foi longe demais?”, para só então partir para a defesa da anaquia, como o próprio nome da faixa já sugere, Anarchy. Continue nos falando mais sobre essa canção porque agora eu fiquei infinitamente mais interessado no seu real significado, em toda a mensagem que ela quer passar.
Agatha: Ok. Eu digo que a anarquia veio de uma tragédia e realmente veio, porque todos os sistemas políticos estavam falhando, veio da necessidade da população de implementar algo novo porque o que aconteceu antes acabou em tragédia, entende agora o que quis dizer? E eu vou falando sobre tudo o que gerou a anarquia, todas as coisas que as pessoas estavam cansadas, o que não aguentávamos mais, só isso.
Jimmy: Agatha, mais uma vez o nosso tempo para a entrevista se encerrou e teremos que acabar por aqui, o que é uma pena porque eu estava me divertindo muito. Espero que você venha no nosso programa mais vezes para termos mais conversas como esta pois eu adorei passar mais esse tempo com você. Obrigado por aceitar o convite, você é dez!
Agatha: Eu que agradeço, Jimmy, até uma outra vez! Muito obrigada!
Agatha termina a entrevista cantando Blasphemy e Revolution e divulgando que as músicas já estão disponíveis em todas as plataformas de streaming, bem como o seu segundo álbum de estúdio, o Violence.