Post by aquaphorrecords on Jun 17, 2020 14:26:48 GMT -3
A cantora árabe mundialmente famosa Norma Claire foi convidada na tarde dessa quarta-feira (17/06) para palestrar para os alunos formandos de Harvard, que por conta do coronavírus, não puderam ter um cerimônia. Com uma mensagem inspiradora, Norma falou na frente de milhares de alunos e os encorajou a ter a melhor vida profissional possível. Premiada pela própria instituição como “Ativista do Ano” após tomar a frente nos protestos do Black Lives Matter. Ela também contou como chegou até ali e toda a sua jornada até ser a famosa Norma Claire. Confira:
“Quem diria, hein? Estou em Harvard. Sabe, aposto que esse sempre foi o sonho de cada um aqui. Chegar em Harvard. E vocês alunos não só chegaram, mas vão sair com a cabeça erguida e com um diploma brilhante. Sabe, no lugar onde cresci, faculdade nunca foi uma coisa muito valorizada. Os valores políticos e econômicos gritavam mais alto do que a educação, e bem, o brinquedo predileto de uma criança era uma calculadora. Quando eu assistia televisão com meus cinco anos, via aqueles comerciais que mostravam crianças super famintas e aqueles pedidos de “um centavo pode salvar uma vida”. E eu pensava: “eu quero crescer e ter todos os centavos do mundo pra poder acabar com isso”. E então, outras questões politicas e injustiças pulavam na tela e eu só sabia que queria ser a próxima justiceira e heroína do Oeste. Isso sempre foi um princípio pra mim, mas eu nunca tive a voz. Era sempre a filha de alguém, a irmã do fulano, a esposa do ciclano. E eu pensei “quando vão me ouvir? Ouvir o que eu tenho a dizer, ver tudo que eu tenho pra mostrar? Quando vão enxergar a minha luz?”. Então fiz com que isso fosse possível.
Acho que todas as mulheres aqui presentes vão concordar comigo. Pra você ser aceita e ser considerada boa em algo, tem que ter o dobro do esforço, não é? É ter todas as respostas na ponta da língua, a postura perfeita, tudo o mais profissional possível. E é sério, eu tive que ser assim, na verdade, ainda tenho. Mas eu não queria ser só mais uma. Eu comecei a produzir minhas músicas, agenciar outros artistas junto com meu marido, mas teve uma hora em que eu me superei. Eu era a melhor, e nem ele podia se fazer de cego naquela situação. E então eram olhos em mim, olhos em mim o tempo inteiro, enfim alguém enxergou a minha luz. E então eu cresci, comecei a cantar e veja só? Estou em Harvard.
Com tudo isso, eu quero dizer duas coisas: O primeiro é que SIM, a educação importa e muito. Minha vida teria sido muito mais fácil se eu tivesse me dedicado, ou melhor, se eu tivesse a oportunidade que vocês estão tendo agora. Eu teria mais técnicas, eu teria maior domínio do meu dinheiro. Podia ser alguém tão grande quanto sou agora, não concordam?
Eu olho para essa linda sala e vejo otimismo, vejo esperança, vejo o futuro. Eu sei que cada um de vocês tem a oportunidade de ajudar alguém. Tudo o que vocês precisam fazer é ajudar uma pessoa, sem esperar nada de volta. Para mim, isso é um ativista.
As pessoas fazem parecer muito difícil, cara. A verdade é, e o que eu quero que aquela menininha assistindo comerciais saiba, é que você não precisa ser rica para ser uma ativista. Você não precisa ser rica para ajudar alguém. Você não precisa ser famosa. Você nem precisa ter o diploma da faculdade! Quer dizer, eu gostaria de ter, não tô dizendo… vocês sabem (a platéia ri). Especialmente hoje. (Gargalhadas). É verdade, eu poderia voltar, mas tudo bem. Mas essa corrente realmente começa com seu vizinho, aquela pessoa do seu lado, ou até um desconhecido. Sabe, eu gosto de chamar de corrente da bondade. O importante é não se calar mais e ajudar, nós vivemos numa sociedade que precisa urgentemente de ajuda. Eu desafio todos vocês que estão aqui agora a quebrar o silêncio e se comprometer a ajudar uma causa importante. Nem precisa sair por aí dizendo. Essa evolução é particular, faz parte de você. Minha mãe sempre dizia “se você tem um sorriso, tem muito a compartilhar”. Então ei, só dê play no Someone I Want to Love, curta a Someone Tour e sorria muito (risos).
Obrigada, Dr. Counter, obrigada Harvard Foundation e obrigada, Universidade de Harvard por essa grande honra. Obrigada. Me sinto muito honrada por isso, por ser reconhecida nessa magnitude por algo que, na verdade, nunca quis receber crédito. Obrigada, senhoras e senhores! É uma verdadeira honra."