Post by andrewschaefer on Jun 24, 2020 17:02:53 GMT -3
O DJ e produtor musical Klaus Henderson fez uma live na Twitch esta semana para divulgar o seu novo álbum, Hello World!, o single サイバー死 com Electra Seyfried, e a faixa Digital Love em parceria com a cantora Pandora Boxley. Na sua live, Klaus explicou as faixas do disco detalhadamente, revelando todo o conceito, além de ter comentado sobre o debut na Hot 20 e sobre a sua nota no Metacritic. Ele também respondeu algumas perguntas dos fãs que estavam acompanhando a transmissão vivo e falou sobre outros assuntos aleatórios como o Brits.
Klaus: Olá, pessoal. Estão me ouvindo bem? Haha, muitos de vocês me pediram para comentar sobre o meu álbum, então cá estou eu. Podem enviar perguntas, dar as suas opiniões... Vamos interagir o máximo que der! Caso vocês estejam se perguntando sobre as músicas de fundo, enquanto a live está sendo transmitida, eu coloquei uma versão instrumental do Hello World! para ir tocando, ajuda a manter o ambiente agradável e a live mais envolvente, eu acredito... Vi sobre isso em algum lugar.
Klaus: Ok, as pessoas estão me pedindo aqui para explicar o conceito do Hello World! É, aparentemente muita gente não entendeu muito sobre o álbum, então acho que é a minha obrigação vir aqui explicar um pouco para vocês. Mas sem problemas, eu vou adorar falar sobre esse álbum. Eu venho trabalhando nele há muito tempo, foram árduos meses de preparação e desenvolvimento para chegar no que é hoje e eu honestamente estou muito contente com o resultado obtido, então... Aqui vamos nós!
Klaus: Basicamente, esse álbum é sobre uma inteligência artificial que acredita ser um ser humano, ou ao menos deseja ser um, e isso nós vamos vendo no decorrendo do álbum como essa inteligência artificial desenvolve sentimentos como o amor e até mesmo tenta incorporar a si mesma alguns conceitos tão humanos como a morte e a fé que se pararmos para pensar é inimaginável e até impossível aplicarmos a uma máquina.
Klaus: Já começamos com a faixa Startup, que é basicamente o nome que se dá a quando ligamos um computador. A música é literalmente o toque de startup do sistema operacional Windows XP. Eu optei por isso pois é um som bastante conhecido e com certeza faria as pessoas entenderem do que se tratava rapidamente. Obviamente não produzi essa faixa mas paguei pelos direitos para poder usar em meu álbum, apesar de nem contar como stream pelo Spotify porque qualquer coisa com menos de trinta segundos não conta stream. Foi apenas para deixar o conceito formado e bem organizado, uma questão de estética sonora, assim por se dizer.
Klaus: Já a segunda faixa é 0x00000007E. É um remix do toque de quando acontece algum erro no Windows. Eu gosto dessa faixa pois ela pega um barulho tão comum e que todos já conhecemos e até nos acostumamos a ouvir e transforma em uma música que se encaixa perfeitamente com todo o conceito trabalhado durante o disco. Não é nem de longe a melhor do álbum e muito menos uma das melhores, mas sem sombra de dúvidas, é muito interessante! Sobre a letra, ela foi feita para ser bastante simples mesmo. Até porque eu não tenho muito o que cantar em menos de um minuto e meio, mas eu realmente não acredito que o foco dessa faixa seja lírico. E também não tenho muito o que explicar sobre a letra pois ela foi quase como aleatória, somente para compor a música mesmo. Ah, e claro, caso alguém esteja se perguntando o que é 0x00000007E, que é um erro de computador que ocasiona a tão temida tela azul. Esse erro é geralmente causado por um driver danificado ou desatualizado ou problemas no próprio hardware. É um dos erros mais chatinhos de se resolver e eu acredito que o conceito “erro de computador” se encaixe muito bem no álbum pois vamos vendo mais para frente que esses defeitos só vão piorando cada vez mais, seria por causa desse erro? É o que vamos descobrir.
Klaus: Então vamos para a terceira faixa, Programmed! Essa é sem dúvidas a mais difícil de se entender porque eu uso alguns conceitos de programação que nem todos estão habituados, mais especificamente falo de algumas funções da linguagem de programação C e incorporo isso ao eu-lírico, o que acaba dificultando a compreensão. Imagina uma máquina cantando sobre o seu próprio código! Mas algumas coisas que talvez sejam importantes vocês saberem: printf é o comando para imprimir alguma coisa na tela, ou seja, mostrar alguma coisa. Sendo assim, no verso “Eu digo o que eu quero dizer em um print” estou me referindo a justamente essa função da linguagem C. Em seguida trago o conceito de arrays, que são vetores. Eu vou ter que explicar isso como o meu professor explicou, haha. Vetores são como se fossem gavetas onde você pode guardar várias coisas, mas só um tipo de coisa. Como se houvesse uma gaveta exclusivamente para meias onde eu poderia guardar várias meias mas somente meias. Obviamente tem um número limitado de quantas meias posso guardar, mas isso não vem ao caso. Com isso em mente, entende-se que linhas na programação, ou seja, as strings, são um vetor de caracteres, ou seja de novo, um vetor com vários caracteres, uma gaveta onde você guarda várias letras e símbolos organizados para formar palavras, frases e textos. Já a função scan é uma função de entrada de dados para interação com o usuário, é como se fosse uma calculadora pedindo para você digitar os números que serão calculados em uma determinada conta. Trazendo para o conceito da música e do álbum, pode-se interpretar como um jeito de se comunicar com a máquina. No refrão temos sobre retornar zero, que é basicamente o que se coloca no final de todo o código em C e indica que o código foi finalizado com sucesso e sem erros. E então o verse 02 que também é muito complicado. Eu falo sobre acessar as bibliotecas. Bem, basicamente, toda linguagem de programação tem as suas bibliotecas que é um conjunto de comandos e funções específicas que podemos escolher usar ou não em nosso código caso sintamos necessidade. Por exemplo, há uma biblioteca chamada math.h que tem diversas funções matemáticas que facilitam a vida de qualquer programador, além da biblioteca string.h que é muito importante se você vai criar um programa que usa as strings das quais já falei. Então falo de opções e trajetórias, e aqui é quando começamos a ramificar o nosso código e as coisas ficam interessantes, para isso uso o if, else if e else, que são comandos que dizem basicamente “se isso acontecer, faça isso; se não, faça isso”. Nesses mesmos versos eu introduzo o conceito do true e do false, que são basicamente os valores que uma variável booleana pode assumir. Eu poderia explicar mais a fundo sobre isso, mas eu ficaria o dia todo falando, são conceitos muito complicados para serem explicados com pressa e de qualquer jeito, então caso algum de vocês tenha curiosidade ou tenha se interessado, podem simplesmente dar uma pesquisada que não é muito difícil encontrar sobre isso. Um último conceito importante dessa música é o while, que é basicamente um laço de repetição que eu falo logo no final do verse 02, ele faz literalmente o que o seu nome sugere, enquanto uma condição for verdadeira, ele irá executar tudo o que lhe é dito para executar, no caso da música, enquanto a pessoa estiver com a cabeça baixa, ele vai adicionar a sua variável, e isso já é um outro conceito de incremento, que também não sei se vale a pena explicar por aqui assim e agora. Talvez um outro dia eu fique feliz em falar mais sobre a linguagem C, mas agora dina temos outras nove músicas para explicar e não posso ficar o dia todo nessa, né? Haha, vamos lá! Estou vendo pelos comentários que vocês estão gostando da live, fico muito feliz com isso, sério mesmo. Então, próxima música!
Klaus: filler_track.mp3. Eu não tenho muito o que dizer sobre essa música pois ela é literalmente o que o nome sugere. Quando eu acabei o álbum, eu me deparei com o problema de que haviam onze músicas. Não que isso seja exatamente um problema, mas talvez eu seja um pouquinho perfeccionista demais e não queria que o álbum tivesse um número ímpar de faixas, então fui obrigado a produzir mais algo só para incrementar na tracklist, então acabou que, sim, filler_track.mp3 é literalmente uma filler track em formato de áudio mp3. Eu acabei gostando muito dessa produção, na verdade, e fico feliz de ter a incluído. Para uma faixa que tinha como única função completar as doze músicas do álbum, acredito que eu tenha me saído muito bem. Qual a opinião de vocês? Haha, estão dizendo aqui nos comentários que a filler track é tão boa que é uma pena ter esse nome. Pois é, mas não tem muito o que fazer, é justamente isso, não tinha como eu dar outro nome pois não tem conceito nenhum pra ela, a não ser completar as tais doze faixas. Mas muito obrigado pelo elogio, eu também adoro a produção.
Klaus: Chegamos à quinta faixa e eu acho que é aqui que as coisas começam a ficar realmente defeituosas, se posso dizer assim, haha. Digital Love é uma música bastante antiga, para ser sincero, eu a escrevi há cerca de quatro anos e nunca imaginei que faria parte de um álbum, muito menos de um álbum meu. O que aconteceu desde então foram diversas mudanças na letra e adaptações, é claro. A falta de uma estrutura na música é porque foi originalmente projetada para ser um poema, eu não imaginei que seria uma música quatro anos depois de escrever, né? Hum... Estão me pedindo para comentar sobre a pessoa que cantou a música. Ah, como vocês devem saber, foi a Pandora Boxley. Ela foi a única pessoa possível para cantar essa faixa, não consegui pensar em outra. Assim que estava tudo pronto, o que eu fiz foi enviar a proposta a ela, que aceitou rapidamente, não teve muita complicação. Ela conseguiu fazer os melhores vocais e isso é algo que devo aplaudir. Acredito que eu tenha acertado em cheio ao escolher as parcerias que iria fazer para o álbum pois cada uma foi tão única, marcante e inesquecível que eu simplesmente não consigo imaginar outras pessoas cantando. A Pandora é uma artista incrível e não só a sua voz combina com a música, como também todo o seu estilo e personalidade, o que acredito que tenha contado como um ponto muito positivo para a qualidade da faixa. E eu também amo a composição dessa música, eu adoro como tudo é milimetricamente pensado e posicionado. É uma letra com muitos termos complicados, mas ainda assim com uma fácil compreensão, não é tão difícil assim de entender. Basicamente é sobre uma inteligência artificial programada para literalmente criar um humano. Isso já sugere algo sobre como está o mundo para a humanidade no universo do Hello World!, talvez uma extinção em massa esteja obrigando os humanos restantes a produzirem artificialmente novos da espécie. Mas nada disso importa para o disco porque estamos aqui para ver inteiramente o lado da máquina, ela está fazendo isso e isso é tudo o que importa no contexto. O que acontece é que essa inteligência artificial passa a desenvolver um sentimento de afeto, carinho, e até mesmo amor pela pessoa que está criando. Isso provavelmente ocasionado pelos erros que aconteceram anteriormente que fizeram o computador ter um bug e desenvolver esses sentimentos ou pseudo sentimentos. A máquina chega a entrar em um conflito consigo mesmo como se soubesse que há alguma coisa de errado, mas ainda quisesse que fosse real e ela até tenta forçar a si mesma a parar, mas como vamos ver nas faixas seguintes, isso não acontece da melhor forma. Por que eu acho essa uma faixa interessantíssima? Bem, porque o amor é um conceito muito humano, apesar de que já devem ter sido feitas inúmeras obras mesclando inteligência artificial e o amor, nunca vai deixar de ser fascinante, principalmente porque cada obra entrega uma coisa diferente, acrescente algo a mais a este conceito que continua sendo intrigante. Parece absurdo uma máquina ter sentimentos e amar, mas a gente sempre fica com aquele “e se?”. E se as máquinas realmente puderem desenvolver sentimentos graças a um erro no código? Mesmo que não sejam de fato sentimentos, mas linhas de código que simulam sentimentos e as faz agir levando em conta estes sentimentos. É um cenário sem sombra de dúvidas assustador e que nos faz pensar e refletir muito, mesmo já tendo sido tema de diversos filmes de ficção científica e parecer batido ou até mesmo saturado, como eu disse, sempre vai ser fascinante pois sempre estamos melhorando nossas tecnologias, nossas máquinas, e a cada filme ou a cada música com esse tema, sempre tem algo novo, então o conceito sempre está se renovando, o que faz com que ele fique cada vez mais interessante, com certeza!
Klaus: A próxima faixa é updating... A faixa de número seis! Update significa literalmente atualizar, então é como se o programa estivesse se atualizando para uma nova versão de si mesmo. Não tem nada de muito especial sobre esta faixa, tirando o fato de que ela serve como uma espécie de interlude para mostrar que após essa tal atualização as coisas ficaram ainda mais sombrias. O amor não foi o único sentimento que a nossa inteligência artificial desenvolveu, e agora na segunda metade do álbum eu exploro bastante isso, indo ainda mais fundo em conceitos humanos inaplicáveis a máquinas. Resumidamente, updating... é uma interlude que diz “daqui pra frente fica mais assustador, mais insano, mas ainda assim, fica estranhamente mais interessante e de certo modo, melhor”. Sobre a produção dessa faixa, eu posso dizer que adorei trabalhar com ela pois ela é muito experimental e eu tenho um certo fascínio pelo experimentalismo, inclusive como vocês já devem saber, eu trabalhei com o Jack McDeer no EP Furfur e foi a coisa mais louca e experimental que eu já fiz, até mesmo mais que Where’s My Juul?? com a Reiko, então foi realmente um desafio que eu gostei. É claro que não podemos comparar updating... com uma Anthropophagy da vida, mas acredito que o experimentalismo também está muito presente nesta sexta faixa do meu álbum. Se você ouvir com fones de ouvido, vai perceber que alguns sons pegam lá no fundo do ouvido e outros parecem estar mais a frente, é uma mistura de barulhos que acaba ficando agradável, com uma pegada futurista, interplanetária e robótica. Se me permitem dizer, uma das melhores produções sem letra do álbum. Ah, haha, pelos comentários, parece que vocês gostaram muito também. Que bom! Fico mesmo feliz com isso. Ah, e para os que estão se perguntando, sim, eu trabalhei com o Jack novamente no EP Furever, mas acho que isso dá pra contar depois que sair, né? Haha... Vamos para a próxima faixa, que é uma das minhas favoritas!
Klaus: Faith! Que é o lead single do álbum e também a parceria com a incrível Harley Nox. Não estou querendo me gabar, mas com certeza foi uma das melhores músicas que eu já ouvi. É claro, é uma música minha e isso talvez influencie o meu pensamento de que é uma música tão boa assim, mas eu realmente acredito que seja uma canção ótima. O mais interessante sobre a fé é de que isso é uma coisa exclusiva dos seres humanos. E sempre que estamos falando sobre tecnologia, sobre inteligência artificial, imaginamos algo tão avançado que se desprende dessas concepções humanas de Deus, mas e se não for exatamente assim? Digo, se uma inteligência artificial tiver sido programar para copiar e simular os sentimentos humanos, então nada a impede de desenvolver a fé também, de acreditar em um ser superior. E essa fé se intensifica, durante a letra da música, ao ponto de se tornar um fanatismo e a inteligência artificial acredita que quem não estiver do lado de sua divindade, vai morrer. E as pessoas que não estão deste lado são os próprios humanos que cultuam deuses diferentes ou nenhum deus. E as coisas vão se tornando cada vez mais interessante porque já somos apresentados a um universo onde as máquinas estão revoltadas contra os humanos e o principal motivo é a fé, é como se fosse o cenário de um futuro apocalíptico, mas o melhor ainda é que nada disso importa. São apenas teorias que conseguimos tirar das letras. O que realmente importa aqui é o que está acontecendo dentro da máquina, e não fora dela. Então, tendo o conceito devidamente explicado, podemos falar um pouco sobre a produção desta faixa. É uma produção um pouco mais agressiva e menos calma do que as coisas que já vinham sido apresentadas até agora e configura uma mudança radical no álbum, que mostra que a inteligência artificial não é só fofinha que ama, mas também tem uma enorme capacidade destrutiva que nós vamos só explorar mais pra frente nas demais faixas. A atualização da faixa passada, a interlude, foi justamente essa, para deixar a nossa inteligência artificial mais agressiva a esse ponto, de declarar guerra aos humanos, de desenvolver fé, e enfim, outras coisas a mais que ainda vamos explicar aqui. Sobre trabalhar com a Harley Nox, eu posso garantir que foi uma das melhores experiências que tive. É uma artista talentosíssima e eu adorei como ela contribuiu para as ideias do projeto. Fico feliz que nós tenhamos feito essa parceria, que ela tenha aceitado, porque a música não seria a mesma sem ela, sem a sua voz tão marcante, jamais! Se estiver vendo, Harley, muito obrigado!
Klaus: A oitava faixa do álbum é サイバー死, que é uma parceria com Electra Seyfried e também o meu mais recente single. Eu gosto muito dessa música porque ela já tem um nome em japonês e também alguns versos em japonês. Pode parecer um pouco estereotipado e talvez eu seja até criticado por inchar ainda mais estereótipo, mas é fato de que o Japão é um dos países, se não o mais avançado do mundo em tecnologia da engenharia robótica e também no campo da inteligência artificial. Então, trazer o japonês para um álbum sobre máquinas e tecnologia é muito interessante pois ajuda a deixar tudo ainda mais ambientado nesse mundo futurista. O que eu gosto dessa música é que outra concepção humana é aplicada aos robôs, e neste caso é a morte. Para quem não entendeu, サイバー死 significa exatamente Cyber Death, ou morte cibernética. Não é preciso ser muito inteligente para entender que se trata da morte da tal inteligência artificial, mas tá aí uma coisa muito interessante. Máquinas não morrem, afinal de contas, são máquinas, linhas de código em uma espécie de casulo de metal. É por isso que o álbum não acaba aí. Eu poderia ter dito que a inteligência artificial morreu e simplesmente terminar o álbum por ali, mas inteligências artificiais não morrem porque são artificiais, o que ocorre é uma tentativa de implementação da própria inteligência artificial de um conceito humano a si mesma porque ela foi programada para simular o que os humanos sentem, a simular os sentimentos humanos. Eu gosto também como a letra dessa música é um pouco agressiva e combina com o instrumental também agressivo, dando continuidade ao que já estava sendo visto desde Faith. Além disso, é claro, teve os vocais incríveis da Electra Seyfried que deram o brilho para a música. Eu gosto bastante da Electra, a gente se conheceu durante o VMAs e marcamos de fazer alguma música juntos. Ela colaborou comigo nessa faixa e eu fiz um remix de uma das faixas do álbum dela, self destruction, que entrou na edição deluxe. O que mais me fez me aproximar de Electra é o fato de que ambos temos raízes alemãs e somos produtores. Eu acabei gostando muito de trabalhar com ela nesses projetos e espero muito que possamos continuar com mais parcerias no futuro. Abraços pra você se estiver assistindo, Electra!
Klaus: A nona faixa do Hello World! é System Crash, que eu gravei com a cantora Candice. Muito obrigado por aceitar a parceria, inclusive, Candice, foi ótimo fazer essa música com você. Basicamente, System Crash, na nossa história, é o momento em que a inteligência artificial percebe que há alguma coisa errada. Ou seja, é o momento de falha do sistema, como o próprio nome da música diz. Na verdade, essa é uma das músicas que mais abre espaço para interpretações diversificadas e eu gosto como essas diferentes interpretações surgem. Até agora estamos falando do álbum muito em um sentido literal. Sim, é uma máquina que é programada para simular sensações humanas ou então uma inteligência artificial que decide simular sensações humanas, sim. Mas agora vamos ampliar isso: System Crash pode nos fazer entender que tudo isso é parte de uma grande sociedade, que você tem que fazer tudo certinho se não quiser causar uma falha no sistema. Como a própria letra diz, nesse mundo sombrio, temos que perseguir a luz. O mundo sombrio já pode ser entendido como uma sociedade, como um lugar que claramente não é bom. Uma as teorias, se é que posso chamar assim, que me interessou bastante foi a de que o álbum é sobre os próprios humanos, comparando-os com máquinas, como se já tivéssemos escolhidas por nós quem devemos amar, quem devemos adorar e como devemos morrer. Eu vou tentar não estender isso para um debate filosófico sobre livre arbítrio e determinismo, mas eu confirmo que essa teoria é completamente válida. Um termo que achei interessante foi o chamado fordismo humano, como se estivéssemos em uma esteira sendo fabricados como robôs. Eu confesso que quando escrevi essa música, não estava pensando em nada específico, muito pelo contrário, todo o álbum foi feito justamente pensando na possibilidade de múltiplas interpretações. Uma coisa que reforça essa teoria é o verso “Metallic silver is the new fashion”. Por que o prata metálico seria a nova moda? Porque é a cor de robôs, e como essa interpretação sugere, estamos rolando nas esteiras fordistas como robôs, nós somos os robôs e no decorrer da música é falado sobre essa sociedade sombria de robôs que um desvio pode causar em uma falha de todo o sistema. Eu confesso que adoro essa interpretação, mas admito que não é a única, então quem tiver mais teorias, fiquem a vontade para compartilhar. Sobre a produção dessa faixa, não tenho muito o que dizer, foi uma das últimas que fiz, para ser sincero e apesar de não ver nada de muito especial nela, garanto que é ótima para dançar, haha. A Candice também adorou a música, então acho que isso fez ela cantar ainda com mais vontade, o que ajudou a fazer essa música tão boa.
Klaus: Ah, haha! Estou Vendo pelo chat que vocês estão ansiosos para que eu fale sobre a décima faixa: Klaus Up In The Clouds. O que eu gostaria de adiantar é que eu fiquei muito orgulhoso de rimar Klaus com Clouds. Eu descobri isso por acaso ainda quando estava produzindo Where’s My Juul?? com a Reiko. Nós estávamos lá e de repente quando ela canta “You’ll be fucking coughing up clouds” eu fiquei tipo “espera... o que? Meu nome?”. E foi assim que eu descobri que Klaus rimava muito bem com Clouds, na verdade, é quase a mesma pronúncia, haha. Foi então que decidi que seria uma ótima ideia fazer uma música usando isso, até porque, caso vocês não saibam, cloud significa nuvem, que é um termo na área de tecnologia e computação para o acesso de programas via a internet sem a necessidade de instalação de algo no computador. Também se é possível armazenar dados na nuvem e enfim, acho que não dá para ficar explicando sobre isso aqui, então vou direto ao ponto. Na letra da música, fico repetindo diversas vezes que o meu nome é Klaus, e caso vocês não tenham entendido muito bem a razão disso, na capa do álbum, há um scanf no código, e caso vocês não lembrem do que expliquei em Programmed, o scanf é um comando que permite que o usuário faça a entrada de um dado. Bem, o dado que é pedido na capa é uma string, que é um nome. Se o nome for Klaus, então ocorre a destruição do mundo. Nessa mesma música, eu também cito os quatro cavaleiros do apocalipse, o que já faz uma referência à tudo isso. Enfim, a produção dessa faixa é uma das que eu mais gosto de todo o álbum, pois eu adoro como ela é dançante e cativante e ainda consegue ter o seu lado experimental no refrão. Aliás, outra coisa que eu também gosto na letra e esqueci de comentar é justamente sobre colocar a máscara pois a morte está no frasco. Sim, basicamente foi sobre a pandemia pela qual estamos passando, e a tal morte é o vírus. Talvez já um gancho para a próxima faixa, haha. Então vamos falar dela logo!
Klaus: A décima primeira e penúltima faixa do Hello World! é vírus.exe. A extensão .exe é para arquivos executáveis, aqueles arquivos de computador que você abre e te pergunta se quer executar, basicamente estamos executando um vírus aqui, como já está claro. Como eu disse anteriormente, a faixa anterior já puxa um gancho para essa. A música não tem letra, então não tem muito o que eu comentar sobre ela a não ser a sua produção e como ela funciona dentro do álbum. Se ainda estamos falando da máquina simular sensações humanas, é compreensível que ela fique doente e pegue um vírus, mas se quisermos ampliar a nossa compreensão, precisaríamos entender o que é um vírus de computador. E eu não sei explicar sem usar a palavra malware, que significa exatamente vírus de computador, mas basicamente, é uma espécie de programa ou arquivo malicioso que tem como objetivo prejudicar o funcionamento e desempenho do seu computador ou fazer coisas piores como invadir sua privacidade e copiar informações pessoais, ou mesmo deletá-las. De qualquer modo, um vírus vai te atrapalhar, vai te dar uma dorzinha de cabeça, vai te fazer qualquer coisa menos bem, e é por isso que tem o nome de vírus, o agente patológico que conhecemos aqui na vida real. Sobre a produção, eu gosto muito como ela tem um ar pós-apocalíptico, como se passasse em um mundo distante em que tudo já está destruído, e talvez seja mesmo que isso tenha acontecido após o código detectar que o meu nome é Klaus que mudar a variável booleana world_destruction para verdadeira, haha. Então eu acredito que tudo esteja em seu lugar, funcionando também. Então, próxima e última faixa?
Klaus: Shutdown! Que é quando desligamos um computador, o som é exatamente o mesmo. Mas o que isso significa? Eu não acredito que seja um simples desligou e acabou, eu gosto de pensar sobre a circunstancialidade da vida. Como podemos estar vivos e no auge e no instante seguinte, quando menos esperamos tudo acaba. Como vocês podem perceber, as músicas que o álbum vinha trazendo eram relativamente animadas, com exceção de virus.exe que já é um pouco mais calma, mas ainda assim mostra como tudo acaba de uma hora para a outra, e o pior: tudo isso é muito rápido. Shutdown só tem três segundos e já acaba, é algo completamente desnorteante na minha opinião e que ainda te deixa segurando o fôlego por alguns segundos tipo “acabou mesmo?”. Também gosto de pensar, no sentido literal, que se algum dia tivermos uma revolução das máquinas, basta desligar o computador, a energia, ou puxar da tomada, haha. Claro, não deve ser tão fácil assim, mas já pararam para pensar em como algo tão grandioso pode ter um fim tão simples? É essa a circunstancialidade da vida, tanto para humanos quanto para máquinas, e apesar de ser uma faixa tão simples e até preguiçosa, alguns podem dizer, Shutdown carrega muito.
Klaus: Estão perguntando aqui sobre o debut do Hello World! na Hot 20 da Billboard. Eu posso dizer que fiquei bastante feliz com a sétima posição sendo ocupada. Eu sei que não sou o artista mais huge da indústria, mas com certeza foi animador ver as cento e trinta e uma mil cópias vendidas. Quero muito agradecer a todos pelo apoio, principalmente àqueles que estão acompanhando o meu trabalho e já são meus fãs, é muito importante para mim que vocês continuem me dando todo esse suporte para que eu possa continuar fazendo cada vez mais música.
Klaus: E sobre a nota do Hello World! no Metacritic. Ah, haha, isso com certeza me deixou ainda mais animado. E saber que foi o segundo mais bem avaliado da história, ficando atrás apenas do The Muse, da Kierah, que é uma verdadeira Bíblia sonora, me deixou muito contente. É gratificante ver que o seu trabalho está sendo reconhecido dessa maneira, então eu fiquei extremamente feliz com a nota. Oitenta e nove é um número muito alto, eu não esperava, honestamente, muito obrigado a todas as revistas que me avaliaram. Eu nem sei o que posso dizer, haha.
Klaus: Hum, vocês também querem saber sobre o Brits Awards, né? Sim, eu vou me apresentar lá e estou ansioso para que vocês possam ver a minha performance. Eu fui indicado em algumas categorias, dentre elas, a de melhor álbum europeu, o que já me deixa muito animado. Não sei se vou ganhar pois estou concorrendo com álbuns muito melhores, mas espero que o destino sorria a meu favor, haha. Vejo vocês lá!
Klaus: E também temos algumas perguntas mais pessoais aqui no chat... Muita gente perguntando sobre a Reiko. Ok, eu não costumo falar muito sobre a minha vida pessoal, eu sou e sempre fui uma pessoa fechada sobre isso, então eu vou limitar as minhas palavras. O que está acontecendo com a Reiko é exatamente o que vocês estão vendo nas redes sociais e continuem nos acompanhando para mais atualizações caso queiram. Bem, galera, eu acho que vou encerrando a live por aqui. Muito obrigado para quem me acompanhou até aqui, novamente obrigado pelo apoio dos fãs e claro, ouçam Hello World! nas plataformas de streaming pois vocês vão me ajudar muito. Vou tocar umas músicas aqui para animar esse fim de live.
Então Klaus Henderson toca as músicas サイバー死 com Electra Seyfried e Digital Love com Pandora Boxley, ambas presentes no seu álbum Hello World! Com isso, ele se despede e encerra a live.