Post by ninachain on Jul 12, 2020 19:41:13 GMT -3
Yuri(apresentador): Começo esta entrevista na primeira pessoa do singular porque eu sou fã de muita gente, mas no âmbito Estados Unidos, não sei porque, me sentia sempre muito distante de algum artista, mesmo com meu trabalho, até entrar Nina Chain na minha vida. Quem acompanha o trabalho dela e ouviu a entrevista que fiz com ele na época do single “Dream” sabe muito bem o porquê e um dia antes do lançamento do novo álbum “Dream” pude conversar com ela novamente pelo telefone sobre o projeto que ela mesma considera um “divisor de águas” na carreira. Nina Chain explodiu com a música “Dream”, presente em um disco que foi compilado com faixas mais antigas lançadas em um CD e explorava bastante o apoio do artista no violão. Em “Shameless”, Nina reúne composições de quatro anos, se arrisca na produção e traz de pop-rock a synth pop sem esquecer sua raiz. Com uma simpatia ímpar, como sempre me tratou, ela já atende ao telefone brincando quando chamamos para vir aqui no programa. Venha comigo na jornada de “Dream”.
Nina Chain entra no programa, ela está linda usando um conjunto cor de rosa que conta com um top cropped cor de rosa e conta também com uma saia da mesma cor. Ela vai até o apresentador Yuri e o cumprimenta com um abraço para em seguida se sentar na poltrona que tinha sido separada para a sua entrevista no programa japonês.
Nina Chain: Japaoooo (fala o nome do país), um beijo pra vocês! Já vou começar assim!
Yuri (apresentador): Ninan Chainnn, não sou tão afinado como você, mas um beijo para você também *yuri da uma risadinha* Chegou o dia, Nina!
Nina Chain: Chegou o dia! O dia começou com solzão, céu azul, eu estou feliz da vida e muito ansiosa.
Yuri (apresentador): Eu estou ouvindo “Dream” tem uma semana! Em comemoração aos seis meses do álbum.
Nina Chain: Noossa, e aí, você tá gostando? Você que acompanha, tá gostando?
Yuri (apresentador): Justamente por ouvir tanto eu pude perceber muitas nuances, detalhes de produção e novidades que eu queria falar com você música a música. Topa?
Nina Chain: Claro! Vamos nessa! Estou aqui para isso...não é mesmo?
Yuri (apresentador): Não sei se você vai concordar com a minha percepção porque os filhos são seus, os seus singles soltos te representam muito bem, mas são singles que você juntou pedaços, né? “Dream” não. As músicas do “Dream” se conversam, nas letras você explora assuntos que foram abordados em alguns singles soltos, mas você vai mais a fundo e principalmente a produção!
Nina Chain: MEU DEUS! Essa produção aí você pode colocar assinar Max Martin porque ele mandou muito na produção, fiquei muito feliz e os arranjos também tem um quê de Nina porque ele deixou eu ser eu, conseguiu extrair o melhor das minhas ideias. É um dos discos mais ricos que eu conheço. Eu consegui botar os eletrônicos que eu amo, as cordas que eu amo, as guitarras da minha veia do rock, o meu urbano do pop. É realmente uma história linda sendo contada pelo “Dream”.
Yuri (apresentador): Eu achei legal porque quem via Nina Chain até então como a “menina de um hit so”, agora tem muito mais a somar à interpretação da sua pessoa e da sua música.
Nina Chain: É.. eu acho que foi um grande álbum, musicalmente falando, um grande divisor de águas porque algumas pessoas, acredito que quando a gente acerta um hit, tem uma visão certa de que é só aquilo ali que o artista é. “Dream” na minha opinião, não sei se você concorda, foi o álbum que as pessoas olham e dizem ‘quer sabe? a garota foi além musicalmente, tem umas harmonias bem loucas, letras mais profundas, arranjos bem ricos’. Acho que surpreendeu bastante.
Yuri (apresentador): Vamos fazer um faixa a faixa?
Nina Chain: Claro! Vamos lá… Eu gosto pra caramba de falar sobre isso, por mim, sabe, vamos falar! Falar de cada filho.
Yuri (apresentador): “Dream” abre já com um violão e você identifica você, mas em seguida vem a surpresa do pop. Um hit!
Nina Chain: Exatamente, estava chegando! E o pop já vem somando e botando a galera pra dançar. Eu acho lindo esse arranjo de pop porque tem uma coisa Katy Perry, Lady Gaga. Ficou bem lindo!
Yuri (apresentador): E aqui já mostra a pluralidade da Nina Chain!
Nina Chain: É.. exatamente! Eu acho que a gente tem uma missão. Eu, pelo menos, não gosto de repetir já o que foi feito, né? Às vezes as pessoas tem aquele lance de outra “Dream”, outra “Cinderella”, “Shameless”, “Telephone” e eu acho que não. O meu campo de musicalidade é muito maior. Toco piano com minha mãe, toco guitarra, faço meus beats no meu home estúdio, arranho na bateria e no bass então eu acho que a gente tem que ousar, mostrar o que a gente sabe fazer. Fica muito nítido isso na primeira faixa. Tem pop, conversões durante a música, tem um pouco de cordas no fundo. É uma boa música pra começar, como você falou: ela te dá a Nina Chain, mas te dá algo a mais.
Yuri (apresentador): E ela dá o tom do que vem em seguida porque “You’re In The Mood” já tem uma bateria eletrônica e eu escuto e me remete a um pouco de R&B também.
Nina Chain: Iiiiiiisso! Exatamente, perfeito! E eu dou um pouco dessa cara porque eu tenho um pouco desse R&B na veia. Tem um pouco do drive, tem umas melodias incríveis. Percebi nessa música que eu tenho muito talento para a produção. Acho que eu me comuniquei e me conectei muito com mim mesma nessa música. É um popzão, como você falou, que tem a bateria eletrônica, um groove, um swing pra você dançar na pista, né? Gosto muito desta música até por causa do significado ali fiz essa musica em um momento confuso da minha vida e foi um divisor de águas, gosto muito da melodia que fica marcando. Dá um ar musical quase pisando no funk soul americano e eu acho especial para a segunda faixa.
Yuri (apresentador): E aí vem “Im Not The OneTo Blame” e eu vou tirar uma onda com você. Você fez “Dream” em resposta para “Cinderella” e essa é uma resposta pra “Shameless”?
Nina Chain: Até que enfim alguém notoooou! *Nina Chain da uma risadinha* Taí a música para as bandidas! Eu pensei ‘vou botar uma frase aqui, uma brincadeira, não tem como chamar uma música de nightmare e botei uma homenagem para as pessoas que estavam pedindo uma continuação de Shameless’.
Yuri (apresentador): A letra ainda tem um quê de história romântica por essa dualidade das personalidades.
Nina Chain: É… é uma história contada de uma menina apaixonada que não sabe mais o que fazer, o homem dos seus sonhos parece inalcançável e que não liga muito pra ela, que já tentou fazer de tudo, que hoje é um homem que já teve suas desavenças com ela.. A música faz essas brincadeiras com rimas. E acho que nesta música, o que mais me chama atenção, às vezes eu fico observando as músicas como se não fossem minhas (risos)… eu fiz uma rima de blame com saint. Essa é uma rima que nunca imaginava que eu ia fazer, mas eu confesso que amo essa parte. Essa música tem uma levada que eu gosto muito, começa com violão bem Nina Chain e depois ela vem com pop, bass na cara, uma vibe pra dançar e um refrão que gruda na cabeça.
Yuri (apresentador): Em “Bloom” você botou tudo o que quis aqui, né? Tem pop, piano, synth, violão…
Nina Chain: *Nina Chain da uma risadinha* Tem até umas cordas no fundo, eu e o Max Martin gostamos muito de cordas então quase todas a gente colocou um pouquinho. Quando a fizemos a gente até ficou ‘imagina Britney Spears cantando isso, Mariah Carey’… porque ela tem um pop-synth de Madonna e foi uma das últimas músicas que eu escrevi pro álbum. Eu estava de Nova York na casa da minha mãe, que também é minha melhor amiga, e a gente precisava de mais uma música levada e comecei a cantar o la-lá-rá-lá. E eu pensei ‘nossa, isso aqui com um toque de pop será lindo’, mostrei pro Max e ele teve a mesma sintonia com os synths. Quando a gente colocou a gente pensou ‘é isso, é um synth-pop, botamos cordas, bass’, ficou um negócio muito louco. Acho que ela mistura uma riqueza de produção, uma história engraçada, legal e um refrão chiclete, brinquei ali “Take a trip into my garden I've got so much to show ya‘’, que no caso é a parte da sexualidade. É uma brincadeira que eu acho que a galera curtiu muito.
Yuri (apresentador): “Dancing With Your Ghost” vem em sequência, todo mundo conhece a história e acho por mais que tenha sido por acaso dela sair primeiro, porque acredito que “Bloom” era o single que vocês estavam preparando inicialmente, né? A situação atual levou ao lançamento.
Nina Chain: Exatamente. Eu não via sentido em lançar uma música alegre no meio a tanto caos que a gente tava vivendo, o lance das polêmicas que envolveram essa musica. A gente até pensou em segurar o álbum… todo o planejamento feito, a capa pronta, o lance de turnê, a primeira loja de produtos oficiais. Tava tudo certo e veio esse boom, na época, que foi eu querendo mudar tudo de última hora, cortou um pouco as nossas asas. A gente ficou chateado e falamos ‘vamos esperar’. Só que mais pra frente a gente viu que a situação ia mais longe, enfim, ”Dancing With Your Ghost” conseguiu retratar esse momento, dar um pouco de esperança pras pessoas e não é por acaso que ela está neste álbum. Talvez a música já soubesse que o mundo viveria essa situação e ela disse ‘ei, tô aqui posso ser a primeira a mandar mensagem boa para as pessoas’”. O clipe retrata bem também o que queremos fazer depois da quarentena, que é diversão!
Yuri (apresentador): Legal também “Easier” estar em seguida porque a música também passa essa mensagem de tranquilidade, da gente poder ter empatia, né?
Nina Chain: Exatamente. É uma música que já pisa um pouco do pop, synth, um pouco de Taylor Swift, Carly Rae Jepsen, que é uma coisa que eu escuto bastante, e ela tem um beat slow, pra trás, mas tem uma letra que eu acho linda. Tem várias frases que eu tatuaria, que a gente fala pra nossa equipe, pra nossa família. Tem a frase chave que é “if i could only make you see yourself
the same way i see you” que é algo que sempre me falavam no início, meus professores de canto, quando a gente tava tentando a carreira. Acho até tipo, quando eu gravei a música eu criei uma personagem fictícia. Eu falo ali “The earth can pull you down with all its gravity and you can feel all the weight of the world on your knees”, mas depois de um tempo eu descobri que na verdade eu devia ter cantado “The earth cant pull you down” porque esta música retrata muito eu e meu irmão então a partir de agora eu vou cantar “the earth cant pull you don’t” mesmo que tenha sido gravada “the earth can pull you down” porque vai ser uma homenagem pro meu irmão.
Yuri (apresentador): Ah, achei bonito. Porque você já tem uma música pro seu pai, pra mãe e agora pro seu irmão.
Nina Chain: Isso, eu sou família, a base da minha família *Nina Chain da uma risadinha*. Eu acho legal dizer que o início da música eu fiz por causa da minha melhor amiga,que conheço desde criança, porque sobre ela, a filha dela que nasceu em meio ao álbum, tava vindo ao mundo e havia uma mudança de humor muito grande dela. E ela começou a me contar as coisas enquanto estávamos lá gravando e eu comecei a perceber que realmente era a família era o ponto de paz, de calmaria. E surgiu a ideia inicial da música.
Yuri (apresentador): “Party Is Over”: é coincidência ou você colocou a faixa mais energética do álbum depois da faixa mais calma de propósito?
Nina Chain: É uma coincidência, é verdade! Porque a gente não pensou nisso. Tu vê que a ”Party Is Over” é a “Im Not The One To blame” versão com mais atitude.
Yuri (apresentador): Sim, exatamente por isso te perguntei *Yuri da uma risadinha*
Nina Chain: É louco porque sempre toquei ela sempre nesse andamento de pulo mesmo, tu vê que ela pulsa, como se fosse o público pulando “PARTY IS OVER” *Nina Chain canta*). Eu imagino o público cantando isso no show! Ela é a faixa mais animada mesmo porque ela fala da minha bolha que vivi anos atrás, quando as coisas não estavam dando muito certo na carreira nem na vida amorosa. Ficava no cantinho, produzindo no aplicativo e minha mãe e meu irmão falavam muito “A Nina vive numa bolha, não sai do quarto” e ficou marcado. Escrevi essa música porque (dá uma pausa), eu queria ficar ali, não queria ser tipo como os outros e eu falava “não, eu gosto disso aqui, me deixa na minha bolha”. Ela é a mais agitada pro disco, ela é o que eu sou!
Yuri (apresentador): “Final Course” vem seguida. Acho que todo mundo precisa entender a letra dessa música.
Nina Chain: Eu gosto desse trocadilho “ remember how the summer cut us like a knife Sneaking out and looking for a taste of real life drinking even thought at our age it wasn’t right”. Às vezes a gente quer correr na frente do tempo e na verdade não, as coisas acontecem no tempo que universo decidi. Então a gente tem que entender isso pra gente caminhar com mais leveza. Ela tem um quê de questionamento. É o questionamento mais pra frente e o arranjo de cordas ficou lindo. Tem algo épico, meio “This is What Makes Us Girls” da Lana Del Rey.
Yuri (apresentador): E quem faz os backings de “Dream”?
Nina Chain: Sou eu mesma! Só que as ideias de backing, de coro, foram todas do Max Martin.
Yuri (apresentador): E é mais um adendo na sua discografia porque eu não lembro de ter uma harmonia tão clara sua.
Nina Chain: É muito louco. Essa fica bem claro. Você já ouviu aquela “Wild” Do Troye Sivan? *Nina Chain canta o início da musica* Toda em voz. E no meio tem vozes que entram e saem então a gente pegou um pouco de referência disso também.
Yuri (apresentador): E Final Course é a última faixa do album, mas eu quero voltar lá em “You’re In The Mood” e você está muito pop. Tem um scratch na música, Nina Chain!
Nina Chain: *Nina Chain da uma risadinha* Ela é meio que declamada, né? É uma atitude! E eu gosto muito desta música. Esses tempos era a favorita do disco, hoje é “Im Not The One To Blame” também, e ela é muito massa porque me lembra aquela Kacey Musgraves californiana (canta “High Horse”), sabe? Eu gosto muito de escutar isso! “You’re In The Mood” é a música mais antiga, a fiz no final de 2019 ali, que eu estava em casa, de férias, tem bem as gírias da galera da área, de Los Angeles. E quem me ajudou a escrever foi...eu mesma, é uma composição solo, eu tenho muito orgulho dessa música e tenho muito orgulho de tudo que ela representa na minha carreira.
Yuri (apresentador): Esta música é a que você falou que produziu na mesma época de “Dream” e que ficou guardada?
Nina Chain: Isso, tenho até hoje a demo dela ali no aplicativo (risos). Mas eu fiz todo o resto do trabalho em outro tempo.
Yuri (apresentador): “Dancing With Your Ghost”, com Rose Carter. Estava ansiosa pra ouvir esta música antes do disco lançar. A letra é das duas?
Nina Chain: A letra é minha, mas um amigo me salvou porque eu tava travado uma hora numa palavra ali. O Max Martin, que trabalha comigo, que faz nosso som. Tava em casa travada e só faltava essa palavra e ele me deu uma ajuda e eu chamei a Rose Carter pra participar depois de um tempo. Não foi que nem “Telephone” que eu já escrevi e logo pensei na Wylla. A da Rose Carter foi um pouco diferente. Eu a escrevi e a cantava sozinho, mas pensava ‘putz se eu chamar a Rose que tem esse quê de sofrimento, tem uma coisa linda quando ela canta, que emociona, acho que isso vai ficar muito bonito’. E eu chamei e ela topou. A música desafia um pouco a mim e a Rose porque é uma música que muda de harmonia, tem um orquestramento rico de cordas, de harmonia que modulam e acho que é uma música classuda.
Yuri (apresentador): E acho que surpreendeu também porque quem começa a música é você.
Nina Chain: Isso! Eu quis deixar bem claro que tivesse uma voz diferente começando as músicas. Como eu começo todas, e pra muita gente é normal que o dono do disco comece, e a gente colocou essa dúvida a mais *Nina Chain da uma risadinha*.
Yuri (apresentador): A minha favorita, fecha bem o disco, com cordas, a harmonia do coral “Vai Na Fé”. Estava muito ansioso pra ver você performando ela ao vivo! E foi lindo!
Nina Chain: É a mais especial essa. Assim, o início do coral me arrepia toda vez que eu escuto, acho que ela ficou exatamente como eu imaginava. Eu tinha essa ideia antiga de coral reforçando o refrão e começando mesmo a música.
Yuri (apresentador): Pra encerrar: você acha que, hoje em dia, é realmente estranha a pessoa que traz amor no coração?
Nina Chain: Sinceramente, eu vou te falar que é uma raridade. Eu sinto isso! Não sei se é o mundo que eu vivo ou só eu que penso isso. Na maioria das vezes o mundo parece um pouco sombrio e quando eu vejo uma luz, uma pessoa especial, uma pessoa que é sentimento, que é muito verdadeira eu fico com esperança, claro, e aliviada, mas são poucas pessoas. Acho que dá pra contar no dedo. E é por isso que eu fiquei na bolha, né? Acho que as pessoas dão muito mais valor a outras coisas antes de pensar no coração. Eu fico pensando, ‘cara, será que eu que tô erradaque fico dando valor para certas coisas que são lindas, né? A verdade, o coração, o sentimento, se importar com o próximo, entender que todo mundo é igual, não precisa passar por cima de ninguém. Será que tô errada ou o que é? Alguém consegue explicar?’. Por isso eu deixo bem enfatizado na música “Dream”.
- EYES ON ME e IM NOT THE ONE TO BLAME